domingo, 1 de maio de 2016

DOMINGO - O POVO DESCANSA


VAMOS ESPERAR...




Admitindo como verdade a famosa história de Pandora, que ao abrir a caixa proibida se soltaram de imediato todos os males sobre a terra, apenas conseguindo reter um dentro da caixa por reagir rápido e conseguir fechar a tampa; a esperança.

Talvez seja por isso ou reflexo do impacto dessa história da mitologia Grega nas nossas vidas que é usual ouvir-se que a esperança é a última a morrer, ou, enquanto à vida há esperança.

Pois bem, ando stressado, nervoso, mal posso estar quieto como se estivesse possuído de um motor dentro de mim sempre aos solavancos. E no meios de uma confusão de sentimentos, conflitos entre certezas e incertezas, entre o racional e o impróprio para pessoas, entre o certo e o torto. Até nos ditados populares e nas definições técnicas encontro conflitos que me tornam inseguro, e fazem com que a minha espera, que deveria ser tranquila, se tornasse um autêntico formigueiro que percorre sem cessar todo o meu corpo, e um turbilhão de nuvens ora brancas, ora negras que atropelam sempre velozmente a minha alma.

Espero a resposta da carta que enviei à Excelentíssima Senhora Doutora Presidente das Juntas Médicas de Incapacidade para efeitos fiscais. E quem espera desespera, diz o povo. E bate certo ando numa convulsão, numa luta interior, num desespero, que me obstaculiza a acção, nada fazendo, me tira o sono e a serenidade não podendo descansar nem dormir, me trás excitado, sôfrego, inquieto, mesmo que reconheça em tudo isto um exagero precipitado que me vai dilacerando o espírito e castigando o corpo.

A carta, que em minha opinião vai solucionar o problema existente, ou a injustiça feita, vai no seu curso normal, e não posso estar à espera de milagres quando a razão me dita que todo este procedimento, tem regras, tem tempo de espera, terá ponderação, eventualmente ainda vai ser analisado pelos três médicos que compõem a Junta Médica, e só depois receberei a resposta. Para mais, eu até sei que Sua Excelência a Senhora Doutora Presidente das Juntas Médicas a maior parte dos dias nem está em Portalegre. Tudo fundamentos claros e óbvios que justificam que esta minha carta cheia de fé e de boas intenções, não se trata de uma carta vulgar que seja ao destino e cuja resposta regressa na volta do correio.

E ainda há um factor a considerar, ou dois, a morosidade com que a Administração Pública decide qualquer coisa que seja para dar, seja direito, seja um serviço, seja pagamento, - tenho o exemplo campeão, deve ter mesmo um dos recordes nacionais, que esperei 3 anos para receber meia dúzia de patacos em despesas resultantes de um acidente em Serviço, quando algumas vezes esse pagamento é feito na própria semana, ou leva um punhado de dias - e também não podemos ignorar que estamos no Alentejo, entre alentejanos puros ou adaptados, que sempre aderem a um movimento seguro, meditado, reflectido, ponderado, para levantar, e depois fazem mais uma série de rituais para começar a fazer alguma coisa, que dá um trabalhão imenso e que para ser feita na perfeição, exige mais pensamentos, buscar ideias, ver em manuais, decisões, doutrinas, e depois, passam tudo a rascunho, e a limpo, e lêem várias vezes buscando erro ortográfico, erro da construção da frase, a pontuação, a adjectivação, e finalmente, tudo feito, vai ainda dar uma ou duas voltas antes de cair de volta do correio.

Mas estou como diz o outro, enquanto há vida há esperança. E mesmo que não seja muita, sempre fica alguma enquanto bate o coração. Vamos esperar. Tudo se vai resolver. Se Deus quiser.

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