terça-feira, 30 de junho de 2020

COVID-19: MAIS 8 MORTES E e 229 INFECTADOS EM PORTUGAL





A Direcção Geral de Saúde informou no seu boletim epidemiológico desta quarta-feira que o novo coronavírus já matou 1.576 pessoas em Portugal e infectou 42.141. São mais oito mortos nas últimas 24 horas -  uma variação de 0,5% - e mais  229 infectados, ou seja, uma variação de  0,6%. Aguardam resultados, neste momento, 1.454 pessoas.

O número de internamentos mantêm a tendência ascendente, com 491 doentes internados (mais dois do que ontem), dos quais 73 em unidades de Cuidados Intensivos (mais dois). 

Os recuperados são 27.505 no total, mais 300 em relação a ontem. Mantêm-se o crescimento verificado nas últimas semanas.

Por região, Lisboa continua a 'liderar' com 19.165 casos confirmados e 473 óbitos. Logo atrás, surge a região Norte, com 17.521 casos e 818 vítimas, o Centro com 4.110 casos e 248 mortos, o Algarve com 618 infectados e 15 óbitos, e o Alentejo com 484 casos e 7 vítimas.

Em relação às ilhas, os Açores mantêm-se com 150 casos confirmados de infecção e 15 óbitos, enquanto a Madeira regista 'apenas' 93 infectados.

BRASIL: CURRÍCULO FRAUDULENTO IMPEDE TOMADA DE POSSE DE MINISTRO DA EDUCAÇÃO










Marcada para hoje, a posse do novo ministro da Educação do governo do Brasil, Carlos Alberto Decotelli da Silva, foi adiada. Sem nova data conhecida.

Carlos Decotelli terá cometido várias fraudes no seu currículo, com um doutoramento (na Argentina) e pós-doutorados (na Alemanha) inexistentes. Esse comportamento contra a lei, a moral e a ética terá forçado o adiamento.

Ontem - 29 de Junho - foi revelado que Carlos Decotelli, não estudou por dois anos na  Universidade de Wüppertal, na Alemanha, como divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e segundo consta no Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo a instituição alemã o ministro teria conduzido pesquisas na universidade por um período de três meses em 2016, mas sem concluir qualquer programa de pós-doutoramento.

Também da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, o seu reitor Franco Bartolacci, negou na sexta-feira, 26 de Junho que o indicado ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli da Silva, tenha qualquer doutoramento naquela instituição.

Continua a triste odisseia no governo brasileiro, com a queda e substituição de ministros. As pessoas escolhidas e os motivos que levaram à exoneração de ministros revelam-se mais que duvidosas levando a uma imagem do governo cada vez mais nebulosa, incapaz e desastrosa. 

O país continua mergulhado numa espiral de crise gravíssima e tem em mãos o problema da pandemia, que alastra descontrolada e sem os cuidados governamentais essenciais.

COVID-19: UNIÃO EUROPEIA ENTRE BLOQUEIOS E ABERTURA DE FRONTEIRAS













Os 27 países que integram a União Europeia abrirão suas fronteiras externas nesta quarta-feira, 1 de Julho, para determinados países onde a pandemia está relativamente controlada.

A lista provisória foi confirmada e viajantes de 14 países, considerados com a pandemia mais controlada, foram liberados: Argélia, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Geórgia, Japão, Marrocos, Montenegro, Nova Zelândia, Ruanda, Sérvia, Tailândia, Tunísia e Uruguai.

Os Estados Unidos, Brasil, Rússia, Arábia Saudita e Turquia foram considerados críticos em relação ao risco de contágio e integram o grupo de países para os quais as fronteiras europeias, encerradas no início de março pela primeira vez na história do bloco, continuam fechadas.

A relação de países será revisada a cada duas semanas. Os parâmetros considerados incluem a curva do contágio, o número de novos casos, a confiabilidade dos números, a capacidade de testes e as regras de prevenção estabelecidas em cada país.

A proibição de entrada é para viagens “não essenciais”, como turismo. As restrições não se aplicam a estudantes, trabalhadores sazonais, passageiros em trânsito, refugiados e familiares de residentes, entre outras excepções, desde que acompanhadas da documentação necessária.

A gestão de fronteiras é uma competência de cada nação, e não da União Europeia, mas as normas foram acordadas entre os representantes de todos os estados-membros. Os países ainda podem recusar a entrada de residentes de algum país que integre a lista de locais considerados de menor risco, caso queira adoptar um critério mais rigoroso. No entanto, há o compromisso de respeitar integralmente a lista de barrados.

A entrada de viajantes da China, que controlou a pandemia, dependerá do princípio da reciprocidade. A permissão será dada por países europeus cujos residentes também tenham entrada autorizada no território chinês.

O Reino Unido não é mais membro da União Europeia, mas seguirá as regras por ainda estar no período de transição do Brexit, o processo da sua saída do bloco. Os micro estados Andorra, Mónaco, San Marino e Vaticano também devem acompanhar as listas definidas pelo bloco.

Islândia, Noruega, Suíça e Liechtenstein, que não fazem parte da União Europeia, mas integram o acordo de livre circulação no continente (Espaço Schengen) tendem a adoptar os mesmos critérios, com alguma autonomia.






segunda-feira, 29 de junho de 2020

BOLSONARO HOMENAGEIA VÍTIMAS DA CORONAVÍRUS "QUE SE FORAM"








Bolsonaro homenageia 55 mil vítimas de covid-19 com "Avé Maria" ao acordeão.

O Presidente do Brasil convidou o amigo Gilson Neto, presidente da Agência Internacional do Turismo e acordeonista nas horas vagas, para tocar e cantar "Avé Maria", de Franz Schubert, em homenagem às vítimas de covid-19 no país. O momento aconteceu num direto que Bolsonaro fez para as redes sociais, acompanhado do ministro da Economia Paulo Guedes.

O vídeo tornou-se viral nas redes sociais tanto pelo despropósito e insensibilidade do acto como pela desafinação e voz de cana rachada do amigo cantor. Tudo tão horrível que parece coisa de gente insana, torturada por grave ausência de racionalidade.




domingo, 28 de junho de 2020

"O MARTELO DE THOR" - de JOSÉ PACHECO PEREIRA







Artigo de opinião de José Pacheco Pereira, hoje no Publico (20/06/2020) :

"O martelo de Thor

A dificuldade de separar a verdade da mentira, o crescimento das teorias conspirativas, as ideias contra a ciência, tudo isto está a ganhar terreno.
Eu gosto muito do meu país, mas não tenho muitas ilusões sobre ele. É um país atrasado, pouco desenvolvido, sem massa crítica, pouco culto, sem grande qualificação da mão-de-obra, muito dependente de vagas de superficialidade, onde a maioria das pessoas trabalha duramente para não receber sequer o mínimo vital, sem vida cívica autónoma do Estado, com uma economia débil, desindustrializado, com uma agricultura desigual, pouco cosmopolita, com muitos aproveitadores e alguns bandidos, mas aí como os outros.
É um país que cada vez menos tem autonomia política, dependente da transferência dos centros de decisão para Bruxelas. Aquilo em que somos melhores não coloca o pão no prato ao fim do dia, como agora se diz. Temos uma língua e uma literatura de valor universal, a melhor obra dos portugueses, mas ninguém come literatura. E temos uma democracia que é um valor que só quem sabe o que é ditadura percebe qual é. É mau? Não é mau, há muito pior, mas é sofrível, e sofrível não permite andar por aí a bater em pandeiretas.
A pandemia de covid-19 funcionou como um martelo de Thor, mandou-nos uma pancada que ajudou a perceber melhor o que já cá estava antes. Anos de ostracismo dos velhos fez crescer lares por todo o lado, frágeis e sem defesas, em muitas zonas suburbanas, vive-se miseravelmente, trabalhadores estrangeiros como os nepaleses, africanos, ciganos, com formas diferentes de marginalidade e exclusão, vivem em guetos onde pouco mais do que a Igreja penetra, e a disciplina do confinamento foi facilmente substituída por actos como o daqueles imbecis que resolveram fazer uma festa em Lagos e infectar-se colectivamente.
Quando se vê a geografia dos últimos surtos na região de Lisboa, percebe-se esse mapa social.
O problema é que, mesmo quando podíamos pensar em aproveitar esta oportunidade para consertar ou melhorar alguma coisa do que está estragado, mais uma vez a ajuda europeia é ao lado, mais preocupada em manter a procura de sectores económicos da Europa do Norte do que em corresponder às nossas necessidades.
Diz-se que o dinheiro tem como objectivo a “transição digital” e a “economia verde”. A “economia verde” percebe-se, mas servirá apenas uma pequena parte das nossas actividades produtivas. A “transição digital”, para além de um slogan da moda, estou para saber o que é, e o que sei, principalmente na educação, deixa-me de pé atrás. Se se trata de transformar as nossas mercearias em mini-mini-Amazons, muito bem, como é muito bem que tudo o que possa ser tratado digitalmente na nossa pequena economia faça essa transição. Temos aí muito que andar, mas os negócios onde há baixa qualificação da mão-de-obra e péssima gestão não vão mudar pela “transição digital”.
Muitos dos nossos problemas são de natureza social, dependem de reacções entre pessoas, grupos e da distribuição de poder e, contrariamente ao deslumbramento tecnológico que por aí anda, isso não muda no mundo digital. Pelo contrário, o mundo digital revela uma grande capacidade de reproduzir as exclusões e de as transportar “de fora” para “dentro”.
As minhas dúvidas no mundo da educação são de outra natureza, e aí são mais graves. A pandemia e as aulas à distância revelaram uma enorme percentagem de estudantes sem acesso à Internet, e sem acesso a computadores, e aí a “transição digital” é um enorme benefício. Mas se se começar a entender que a comunicação digital e o acesso digital se farão pela retirada do ensino da relação com um mundo em que somos analógicos, e pensamos de forma analógica, e os nossos sentidos são analógicos, então, com muitas luzinhas e animações e virtualidades, entramos numa nova forma de escolástica muito pobre. Escrevo isto porque é um processo já em curso, com “gerações mais educadas” bastante incultas e ignorantes.
Ninguém liga nenhuma ao facto de uma certa forma de ignorância agressiva estar a crescer, e a como isso se está a tornar um grave problema social, e político.
Numa sociedade como a portuguesa, será um retrocesso civilizacional e um risco para a democracia. A dificuldade de separar a verdade da mentira, o crescimento das teorias conspirativas, as ideias contra a ciência, tudo isto está a ganhar terreno. O populismo moderno dá-lhes uma expressão política eficaz.
O meu retrato de Portugal é pessimista? Já era assim antes e não está pior. Nunca me iludi por nenhuma das coisas que andaram a deslumbrar-nos nos últimos anos, start-ups, turismo, todas as coisas em que éramos os “melhores do mundo”. Qual a utilidade de o dizer nestes tempos? Talvez se façam duas ou três coisas em que não se possa voltar para trás: um robusto sistema universal e gratuito de saúde, acesso universal à Internet, comboios que sirvam Portugal, o fim do “Jamaica” com casas decentes, etc.. Vão querer fazer cinco mil coisas, mas, se fizerem cinco, já valeu a pena a martelada do Thor."

BRASIL: A AMPUTAÇÃO DA ORDEM E DO PROGRESSO








Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli são os dois ministros que Bolsonaro escolheu para comandar a pasta da educação dos brasileiros.

Estas apostas são as de quem não quer saber de jeito nenhum de qualquer tipo de educação. Nem daquela que se aprende nos bancos da escola à que se recebe para a cidadania e ser pessoa em sociedade.

Weintraub teve um mandato absolutamente irracional, prestando-se a emitir opiniões antidemocráticas, mostrou um espírito sombrio, feio e fascista e participou em manifestações contra o poder judicial. Enquanto ministro. Fez tanta imbecilidade, tanta burrice e tanta canalhice que Bolsonaro o teve de despedir, não sem antes se assegurar que o amigo de seus filhos se salvaria da prisão, utilizando o passaporte diplomático para fugir para os Estados Unidos.

Depois "Bozo", chamou à pasta o doutorado Decotelli, que em seguida se provou não ser doutor em coisa nenhuma. Como educar uma geração de brasileiros tendo como ministro da educação um ser aldrabão, nebuloso, que faz plágios, que comete o crime de usurpar títulos e nada entende do assunto?











Com uma saúde inexplicavelmente em desnorte de onde foram exonerados de ministros, de seguida, dois médicos para serem substituidos por militares, enquanto a pandemia se espalha galopante por todo o território e leva a um número imenso e crescente de casos confirmados e mortos (apenas ultrapassado pelos Estados Unidos onde Trump igualmente menosprezou a pandemia e descurou a acção), o Brasil não precisava de mais dores de cabeça.










Infelizmente, o Brasil parece ter mergulhado a pique num desgoverno que parecem catapultar este executivo para um dos piores da história brasileira, onde a saúde está ao abandono, a educação foi entregue a quem dela não entende, a economia a um liberalismo que afunda de dia para dia levando a uma crise sem precedentes e, entre tantos horrores mais, a um ambientalismo onde se fomenta o desmatamento da Amazónia, a invasão dos territórios dos índios e a violência, com mortes sobre os indígenas.

Percebo que era urgente quebrar um ciclo de corrupção de proporções absolutamente inaceitáveis e horrendas que começaram com Lula e explodiram com o governo de Dilma. Acreditei que Bolsonaro pelo menos ia garantir uma mudança. Era importante a queda de paradigma.

Mas o que nunca pensei, e muitos do que o apoiaram também não, era que Bolsonaro conseguisse governar sem tomar medidas que se possam perceber, culpabilizando os outros poderes das suas incapacidades. Toda a sua política é um nada assustador: na saúde a pandemia anda à solta sem que o governo tome medidas firmes e com o presidente desrespeitando as regras que o mundo observa e menosprezando tanto a pandemia como as suas vítimas; na educação há uma aposta liberal na privatização da educação mas recorre-se a gente sem qualquer preparação e capacidade, sem metas, sem objectivos e sem políticas eficazes contra a grave crise que afecta o Brasil neste aspecto educativo; na economia foi-se buscar um ministro super liberal que prometia mudar o rumo do país e este rumo vai exactamente para uma crise sem precedentes que levará a pobreza a níveis nunca vistos.

Bolsonaro apostava em acabar com a corrupção, mas está envolvido nela até aos cabelos, tentando intrometer-se nas polícias de investigação para desse modo salvar os filhos e amigos metidos em vários tipos de crimes, o que já levou à demissão do ministro da justiça. Bolsonaro não respeita os princípios democráticos básicos nem sequer a constituição do país. Pede abertamente um golpe de estado pelos militares em seu favor, ataca os outros órgãos de soberania e incita os seus comparsas a actos de violência mobilizando-os constantemente através de discursos carregados de ódio e violência.

Poderá salvar-se um país dividido entre ódios e rancores e tanta irracionalidade? O governo naturalmente que não. Cairá e não fará história. Pelo menos que venha a orgulhar quem quer que seja. Aguardam-se as eleições americanas e depois se traçará o futuro deste executivo. Pelo menos para os gringos Bolsonaro é um pau mandado subserviente e dócil. Trump (um Bolsonaro em tamanho XXL) aprecia gente assim.










sexta-feira, 26 de junho de 2020

SOBRE A PANDEMIA EM PORTUGAL, LÁ FORA E OUTROS ESTUDOS










A pandemia de COVID-19 já provocou quase 493 mil mortos e infectou mais de 9,74 milhões de pessoas em 212 países e territórios, segundo um balanço feito pelo Worldometer, hoje, às 13:04 horas GMT.

Em Portugal, morreram 1.549 pessoas das 40.415 confirmadas como infectadas,  de acordo com o último boletim da DGS (Direcção Geral de Saúde).

Os Estados Unidos ultrapassaram os 2,5 milhões de casos confirmados e é o país com maior número de casos e de mortos (126,798)em todo o mundo. Em casos confirmados seguem-se o Brasil, a Rússia , a Índia e o Reino Unido. Já no que respeita ao número de mortes seguem-se, por ordem decrescente, o Brasil, o Reino Unido, a Itália e a França.

Em Espanha, morreram 28,330 pessoas das 294,566 confirmadas como infectadas, de acordo com mapa actualizado às 13:04 GMT de hoje, do Worldometer.

No Brasil, morreram 55,057 pessoas das 1,233,247 confirmadas como infectadas, de acordo com mapa actualizado às 13:04 GMT de hoje, do Worldometer.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.









Diz o governo português através dos seus mais importantes membros, corrobora o senhor presidente da república e certifica a excelentíssima directora geral de saúde e seus credenciados técnicos e especialistas que muito dos acréscimos acentuados do número de casos de COVID-19 em Portugal se devem ao elevado e crescente número de testes efectuados.

Depois do tão propagado milagre português, consta agora que o nosso destacado, e novo feito, é sermos campeões no número de testes realizados. 

E, se estamos em primeiro lugar, tenho para mim, - não fora o conhecido segredo estatístico que a senhora ministra da saúde referiu em matéria de dados da pandemia, numa das suas conferências de imprensa - que não necessariamente cresceriam o número de infectados, nem a coberto do referido segredo de estado podemos estar seguros que se fizeram tantos testes assim, e que continuadamente, em correria se fazem de dia para dia, cada vez mais.

Esse segredo estatístico, a que se juntam um rol de trapalhadas e erros e dados que nunca apareceram nas listas diariamente publicitadas, ensombram todas as ideias de verdade informativa sobre a coronavírus no nosso país.

Depois, mesmo que eu esteja dizendo uma colecção de asneiras, por muitos testes que se realizem, se não houver gente infectada não sobe qualquer número.

Por isso mesmo outros países efectuaram números de testes em quantidade proporcionalmente idênticos aos que por cá se dizem ter sido realizados e apresentam um número muito inferior, ainda respeitando a referida proporcionalidade, em número de casos e de mortos.

São o caso de países como o Luxemburgo, a Dinamarca e Israel. Qualquer deles fizeram um número de testes por milhão de habitantes próximo ou mesmo superior àquele que se diz - com sérias dúvidas minhas - terem sido efectuados cá. Em Israel, por exemplo o número de casos andará próximo de metade e o de mortes é cinco vezes menos.

Como explicar um crescimento desordenado e descontrolado de casos novos todos os dias à luz do número de testes. Naturalmente que se nunca se tivesse feito qualquer teste Portugal ainda sustentava o tal milagroso milagre e não conhecia casos nem mortes de coronavírus. Mas, repito, poderiam ter feito testes três e quatro vezes a todos os habitantes, se apenas meia dúzia de portugueses estivesse infectado, por mais que teimassem, não cresceria o número com novas sortidas de testes.

Também andam mal o governo, a Direcção Geral de Saúde, o senhor presidente da república e um punhado de técnicos que querem tapar o sol com a peneira, culpando os ajuntamentos, e as festas dos jovens com o crescimento da pandemia.

É mais fácil arranjar um bode expiatório, assustar as populações, e lançar mão da repressão e do poder musculado chamando as polícias e estabelecendo multas pesadas, do que atacar o cerne do problema, que é sobretudo social. O surto anda à solta exactamente onde as condições de vida são mais débeis, junto dos estratos de população com mais problemas económicos, de alimentação, de alojamento e de higiene e bem estar. Os concelhos hoje emparedados numa política de confinamento musculado são aqueles com rendimentos per capita mais baixos na Grande Lisboa. Ao lado, tome-se Oeiras por exemplo, onde o rendimento da população é muito superior, os casos não apresentam cuidado especial. O mesmo com Cascais.

Para finalizar, a pandemia tem sido esquecida nas manifestações de interesse de certos grupos, de partidos, e de show pessoal de pessoas de estrato extraordinário num mundo onde a democracia deveria assegurar um mínimo de igualdade entre todos os portugueses. As regras que se estabelecem para todos, - dizem que as leis são gerais e abstractas - logo geram uma panóplia de excepções. Há portugueses mais parecidos uns com os outros e outros que se não parecem com ninguém.

E venha o outro milagre, não há duas sem três, a Liga dos Campeões, que muitos empurraram para aqui, mobilizou os maiores nomes da lusa pátria para uma festa pimba, foleira e pequenina, exactamente do tamanho que o nosso país sempre tem tido. Mas, também aqui, parece o risco é igual ao do milagre do presidente, já por lá falam em mudar de local. Portugal tornou-se um local perigoso.

Ai Portugal, Portugal, do que estás à espera?







quinta-feira, 25 de junho de 2020

COVID-19: PORTUGAL TEM UM RT 1,19









Esta realidade foi colocada na reunião da elite política - Presidente da República, Primeiro Ministro e membros do Governo e autoridades de Saúde - na sede do Infarmed desta quarta-feira. 

O índice de Rt do país não foi dado a conhecer aos portugueses. Marcelo Rebelo de Sousa disse apenas que “tem estado acima de 1”. Não tem dúvida, como tenho sustentado à meses, a verdade está escondida habilmente num tal segredo estatístico e todos têm colaborado na manipulação e ocultação de dados.

"Foi mostrada uma tabela com 27 países em que, desde o desconfinamento, Portugal aparece com o valor médio mais elevado neste índice que mede a transmissão do vírus: um Rt de 1,19. Esta tabela não retrata os 27 países da UE, já que é uma lista que também inclui o Reino Unido, a Suíça e a Noruega."

Esqueceram-se, aqueles a quem cabe a responsabilidade de manter confiantes os portugueses e informados com credibilidade de mencionar que Portugal era o país com piores números dos analisados nesse comparativo. 

E, ocultou-se que nessa mesma listagem de 27 países, há 15 - mais de metade - com Rt abaixo de 1.

Na reunião foi colocada informação aos políticos sobre os focos de contágio. Por ordem descrescente de número de casos temos:

Na Azambuja, 194 casos da plataforma logística da Sonae e 130 da fábrica Avipronto. 

Em Lisboa, num lar de idosos em Caneças, Odivelas, que já vai em 119 casos. 

No Algarve a festa ilegal de Lagos, que já vai nos 115 casos (no boletim da DGS só aparecem 61 casos).

No Alentejo temos ainda a situação de Reguengos de Monsaraz, onde se registavam 86 casos, 68 dos quais num lar de idosos (números que subiram). 

Em jeito de síntese temos que, os dados disponibilizados pela DGS todos os dias aos portugueses são "a la carte". Esta instituição deveria executar um trabalho de rigor e isenção mas parece navegar de acordo com os ventos e desejos do governo.

O milagre português - se o houve - está virando uma tragédia. Desconfinou-se precipitadamente. O mesmo governo que estabelecia normas e regras imediatamente publicava uma lista de excepções. O que eram medidas para uns não se aplicavam a outros. Na pandemia os portugueses nunca foram iguais. Houve uns mais iguais que outros. 

Por fim, não são as festas ilegais, nem os jovens a causa maior do desnorte que se vive no presente momento em Portugal. Mas, como sempre, é maravilhoso encontrar um culpado como forma de sacudir as decisões precipitadas e as contradições. Todos estão a colaborar nesta desinformação esquecendo o ditado do "rei vai nu". A verdade sempre vem ao de cima como o azeite.