segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cá estamos de novo...

Razões de ordem técnica impediram-me de colocar os meus "posts" com a periodicidade com que pretendia e levaram a que durante tempo demais estivesse ausente, não comentando, como queria, o desenrolar mirabolante da nossa política caseira, que como costume, mais estraga que conserta, mais enterra que levanta, levando-nos, como dizia há muitos meses atrás, a um fim triste.
Portugal está moribundo. Gravemente enfermo. Mesmo que não se lhe venha a fazer o funeral, como ainda alguns preconizam, não voltará mais ao que foi, quedando-se apático, pouco lúcido, triste, inválido e sem cura.
Não existe futuro. Os que nos governam limitam-se à aventura de experimentações, à exposição de gastas medidas, a desconsertos, à porrada na rapaziada, tirando tudo, espoliando, inventando em cada dia novas investidas aos que ainda fazem pela vida, que isto sem sangue não vai a lado nenhum.
Não se vislumbra uma ideia, uma medida eficaz, algo que dê ânimo ou possa dar alento aos portugueses. Parece que a política à portuguesa se limita a um ataque sem precedentes, em nome de uma inevitabilidade maior, a tudo o que seja direito, a um retirar a cada um o mais possível, à destruição do que existe, em nome de um futuro em que só a carneirada do regime acredita, inevitavelmente escuro como breu.
Passaram meses desde que aqui coloquei o meu último comentário mas pouco ou nada mudou - excluíndo as moscas - e se alguma alteração é visível, será para pior. O país está pior, as pessoas estão mais descrentes, há mais desemprego, as pessoas não têm dinheiro, não compram, e os políticos seguem igualinhos a si mesmos, fingindo representar os que os elegeram, como se fosse possível dar crédito a uma república em que se diz existir uma democracia representativa, em que uma vez no poleiro, mentindo com todos os dentes, se faz exactamente o contrário do que se enunciou na campanha eleitoral.
Vamos tentar debruçar-nos, como antes, nas nossas desventuras, na nossa triste sina, ou nesse fado imenso que nos condena para um abismo cada vez mais próximo e cada vez maior. Espero, deste modo, regularmente, voltar a colocar aqui, o que penso, as minhas críticas, as minhas ideias, tendo em conta o dificil momento em que vivemos, o sentimento de desnorte que se instalou entre tantos de nós, e esse caminho, cada vez mais louco, mais irresponsável, mais desumano, para onde caminha Portugal.
Vamos tentar estar aqui de novo, para que exista uma vós, um grito, alguém que diga o que lhe parece, e desse modo transmita as suas preocupações, e denuncie, sem essas artimanhas dos intelectuais do regime, o que de facto se sente, entre os que trabalham, os que vivem do seu esforço em cada dia, os que são enganados há décadas, e agora, como se fossem culpados de tudo o que se passa por cá, são chamados a responder, a pagar, a ver degradar as suas vidas, e a olhar o seu futuro sem qualquer esperança.
Estamos em crer que não vamos mudar o rumo dos acontecimentos, não temos nem força, nem os que podem querem ouvir seja o que for, mas estamos aqui, e não calamos, vamos dizendo, enquanto isso ainda for possível, o que pensamos. Para isso voltámos.
Um bom dia.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O que nos calhará no futuro?...

Depois de muitos anos sem votar confesso que desta vez, mesmo praguejando e sentindo na garganta o incómodo de um sem número de sapos para engolir, lá anrranjei forças, para me arrastar até às urnas, fazendo deste modo, e excepcionalmente, parte da pandilha com responsabilidades no jogo desmiolado, da política à portuguesa.

Sempre tenho preferido ausentar-me da mesa de jogo, pois me parece que aceitá-lo, é o mesmo que fazer parte da batota, da sujeira, e alinhar com a mais triste palhaçada que tem arruinado, entre asneira e anedota, entre burrice e mete ao bolso, o nosso país.

Nisso, de uma política lusitana de compadres e desenrascanso, de toscos e chicos espertos, temos toda a vida sido pródigos. Por isso nos olha de lado, com desconfiança, meio mundo que faz pela vida. Somos paladinos da coisa fácil, do sabe tudo, do que não tem dúvidas nem erra, e hábeis em aproveitar a coisa pública para subir na vida e ajudar a vencer o primo lá da província, o filho da porteira, a amante, e mais uns poucos que correligionários, devem receber paga, pela ajuda preciosa que tiveram no alcance do nosso tachinho dourado.

Fui votar. Pareceu-me que ficar em casa seria, desta vez, cuspir na sopa, ou dito de outro modo, ver aproximar-se a fome e a vontade de comer - esvaziando e atropelando tudo por onde passa - e nada fazer para o evitar.

Desse apocalíptico desastre, a que infelizmente poucos poderão escapar, a minha boa vontade revelou-se insignificante para o seu afastamento e nem o desinteresse e a azia do povo veio ajudar. Mais de metade dos portugueses burrifou-se no futuro, descrédito, desanimado, incapaz de crer e reagir, farto de vilanagem, de ver vencer os gulosos e perpetuar-se no poleiro e na política em geral o espertalhão, o troca tintas, o lambe botas, o incapaz, o ganancioso, e os que sem escrúpulos chupam na vaca até a deixar sem tetas.

Agora tudo se parece bem negro. A um presidente da república, tecnocrata, sem alma, sem sentir, amante da frieza dos números, arrogante e prepotente, vaidoso, virá juntar-se um jovem com ideais liberais, cheio de gana de instalar em Portugal novas políticas económicas, parecendo desejar furiosamente destruir empresas públicas, formas de organização económica de há muitas gerações, diminuir o peso do estado, dar, e vender ao desbarato, a privados, enfim, apresentar obra, nem que para isso, se altere a vida nacional, mesmo que para pior, perdendo nessas loucuras de um liberalismo desumano, familias e pessoas.

Nunca o clima em Portugal foi tão favorável à destruição do pouco de bom que ainda vamos tendo. Que virá quando se deitar às malvas o Serviço Nacional de Saúde? Serão garantidos os cuidados a todos os portugueses? Será que todos vão estudar como até aqui quando, em defesa de novas estratégias se acabar com a escola pública? E como vão ficar todas as outras coisas e sectores?

E tudo vai de vento em popa. Ao aniquilar de qualquer sistema antigo em nome da modernidade, o governo terá a seu lado o sorriso artificial, aprendido com muitas aulas de parecer estar, parecer bem, do presidente da república. Em cada direito social que se arruine não se ouvirá qualquer defesa do senhor Aníbal Cavaco. Será pois desta vez, que Portugal se alinhará no pelotão da frente. Da tristeza.