segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A QUEDA INEXORÁVEL DA QUEBRADA EUROPA




Tenho para mim que a Europa caminha inexoravelmente para um abismo do qual, a não ser que ocorram inimagináveis ruturas ou e milagrosas transformações, não conseguirá qualquer tipo de salvamento.

A União Europeia precisava de ser efetivamente unificadora para que existisse um real espírito unificador nos cidadãos europeus. E não há. Não só existem diferenças demasiadamente fraturantes entre os cidadãos dos diversos países da Europa, como os cidadãos eleitores não se revêm nos Órgãos da União Europeia, do Conselho, à Comissão passando pelo Parlamento Europeu.

Os países do norte da Europa mostram sem qualquer tipo de tibiezas quão longe se colocam face aos do sul, que consideram países desgovernados, de gente pouco cuidada, que gosta pouco do trabalho e, deste modo, pouco produz para o interesse europeu.

Os países do sul ficam vermelhos de raiva quando os seus companheiros do norte lhes boicotam os desejos e os sacrificam, impondo-lhes sérias e profundas pressões e sofrimentos, sussurrando, que não poucas vezes os ricos do norte, em matéria de erros, que os cometem igual, conseguem habilmente fugir dos castigos que orgulhosamente impõem aos outros.

Quando os países do sul da Europa pareciam soçobrar perante a crise das dívidas soberanas, os frugais, melhor designados por "preciosos", foram algozes, foram destrutivos, e da santa aliança que souberam edificar com o BCE, o FMI e a Comissão Europeia, saiu a imposição sem qualquer piedade aos povos do sul de sacrifícios atrozes e desumanos. Que ainda hoje pagam, e que tantos custos e tão graves danos tiveram nos cidadãos, nas empresas e nos estados.

Rebenta a Guerra da Ucrânia, e a poderosíssima Alemanha, que em matéria energética cometeu das maiores asneiras que neste continente assistimos, não tendo sequer ouvido os sábios conselhos dos Estados Unidos, e hipotecando a sua liberdade às mãos de um único país, não democrático, muito duvidoso e cheio de ideias imperiais, esqueceu que a justiça que defendera para os países do sul,  de pagarem as suas asneiras, não poderia ser sequer justiça, como não foi, aplicando essas penalizações apenas aos do sul, defendendo-se ela mesma, de pagar as que cometeu.

Que esforço se fez a nível europeu para atenuar desigualdades, que são abismais entre os povos europeus. Como pode sentir-se um português, cidadão europeu, ou um grego, ou um espanhol, se não raras vezes são apequenados, não só no dinheiro que têm nos bolsos, quando se deslocam aos países do norte da Europa.

E que confiança podem ter os cidadãos europeus quando o senhor Macron que, com um toque de mágica, (que parece ter tocado o nosso primeiro ministro), veio defender uma Europa a várias velocidades. Uma para os preciosos, outra para os que já cá estão mas não são grande coisa, e por fim, uma outra que é o purgatório dos países que querem ser e faz de conta que serão. E, estes últimos, com esta cartada milagrosa ficarão a fazer de conta infinitamente à espera que preciosos e obscuros se entendam.

A Europa correu desesperada para as suas maiores fatalidades não sabendo como delas salvar-se e que são, numa parca síntese, a desindustrialização, a dependência energética, a crescente dependência económica com a China, o afastamento e desinvestimento em áreas do mundo onde historicamente teve ligações íntimas, com África, Índia e grande parte dos países da América do Sul e, finalizando a ausência assustadora de capacidades de defesa face a uma invasão de larga escala.





 

DEVERIA SER NATAL TODOS OS DIAS




A ideia é antiga mas não pega, nem de estaca nem de jeito nenhum, o Natal deveria ser todos e cada um dos nossos dias. Natal é paz, amor, família, esperança, fé, confiança, como deixar tanta preciosidade para um único dia do ano? O Natal são os idosos que vivem na solidão dias e dias sem a atenção dos outros, muitas vezes nem da própria família que cuidadosamente cuidaram. O Natal são as crianças aterrorizadas em ambientes de guerra e de violência e muitas vezes sem cuidados de saúde, amor e sem alimentação digna. O Natal são os doentes, os esquecidos, os que não têm liberdade, os que não podem se expressar, os que não têm casa nem pão. Sendo o Natal emparedado no calendário a um dia e o acompanhamento de uma noite, como fazer chegar tudo o que falta a tantos nos outros mais de trezentos e sessenta dias que tem o ano? Hoje é Dia de Natal, 25 de Dezembro de 2022. Crê-se (não é absolutamente certo) que nesse dia longínquo nasceu Jesus. Com Ele, o mundo mudou, e o ocidente é exatamente o resultado da tradição judaico cristã. Mesmo não sendo cristãos temos e abraçamos muito que vem de Cristo. E, em boa verdade, se não fossem os desvios absurdos a tanto ensinamento, preceito, lei que emanam do cristianismo, e de tudo o que ele influenciou, o mundo seria muitíssimo melhor. Nós, com o individualismo, com os interesses, com o poder, com a riqueza, com a posse e com tudo o que esses pilares do mundo revelam, fomos esquecendo o todo, o amor, a solidariedade, a liberdade, a justiça e vamos vivendo em sociedades onde se não fala noutras coisas, para espanto nosso. Em todo o lado os baluartes a seguir são a liberdade, a justiça, a igualdade e o que tudo isso pressupõe. Mas, democraticamente vamos despedaçando esses maravilhosos e importantes objetivos, culpando tudo e mais alguma coisa que vai acontecendo, como se o que decorre dos nossos governos e desgovernos não fosse coisa nossa. Estragamos a terra, o ambiente, os climas, continuamos a construir máquinas de guerra cada vez mais destruidoras e mortais, continuamos a fomentar divisões que se não justificam mais num mundo que deveria ser global na vida boa do homem e sã da terra. E, uma vez em cada ano festejamos o Natal. E em boa verdade assistimos a espetáculos maravilhosos que nos permitem pensar se somos capazes de fazer obras grandiosas e belas, maravilhosas que causam espanto e tocam a alma, e ao mesmo tempo espalhamos por toda a terra exemplos de violências, ódios, destruição, fome e horror. Decididamente deveríamos ter um Natal todos os dias, em todos os continentes, em todos os lugares da terra.









 

sábado, 24 de dezembro de 2022

FELIZ NATAL

 Merry Christmas

Joyeux noël

Frohe Weihnachten

Feliz navidad

Wesołych Świąt

Vrolijk kerstfeest

聖誕節快樂

Buon Natale





Mais um Natal nas nossas vidas. Parece mas ele nunca é igual. Os nossos desejos de paz, alegria, saúde, sucesso e amor continuam presentes, mesmo que por vezes pareçam mitigados, ocultos, cansados. Isto do Natal vai mudando do mesmo jeito que nós também mudamos. Cresce e encolhe, expande e contrai. Para mim, Natal tem mais de passado que de futuro. Relembro aquelas corridas, e saltos tresloucados aquando da saída aos campos em busca de musgo para o presépio, com figurinhas de barro pintadas onde o burrinho e a vaquinha se apresentavam pertinho, bem perto, para naquela noite de frio, aquecerem o nascido Jesus. a árvore de Natal? As bolas brilhantes, todo aquele arrazoada de fios coloridos e estrelinhas e prendinhas penduradas. Acredito que perdemos a inocência no desastroso momento em que percebemos que o Pai Natal é um logro, um engano, mas mantemos sempre por algum tempo mais essa fé, que enquanto ele existir vai haver na chaminé as tais prendas com que andamos nervosos e ansiosos imaginando que vamos ter.

Há muitos natais, do mesmo modo que há muita gente que o vê de modo distinto e muitos que são obrigados a o celebrar em situações bem diversas. Há o Natal das crianças e dos adultos, e dos idosos. Há o Natal em tempo de abundância e aquele que não deixa de aparecer no meio da miséria e da tristeza. Há o Natal do amor e o da paz enquanto em alguns lugares da terra nesses mesmos momentos vive gente acossada, angustiada, temerosa no meio da violência e da guerra. 

Só entendo Natal como um tempo de reflexão, de amor e de paz. Deixemos para as crianças essa contagiante alegria de tanta emoção no reencontro dos familiares, nos doces e bolos, nas prendas e nos folguedos. 

Tenho cada vez mais dificuldade em aceitar o Natal como uma festa mundana, chiquérrima, com glamour, onde gente à maneira do tempo, aparece como se caminhassem em passerelles, mostrando êxitos e pujanças, belezas sempre efémeras e sorrisos desenhados. As redes sociais, as revistas, as televisões não deixam de propagandear esse merecido exclusivo de apenas alguns muito poucos. Frívolo, apequena o mundo, as gentes a morrer de fome, as pessoas que vivem entre o rebentamento de bombas, as crianças sem pais, os idosos esquecidos, tudo aprimorado no meio de músicas que nos elevam aos céus, das mais cândidas canções de natal. 

SINGULARIDADES OU PERPLEXIDADES? (Reflexão depois de: Gente Vai Embora 🙏🏼)


"Aqueles que por obras valorosas, se vão da lei da morte libertando" (Lusíadas, Luís de Camões) são quase ínfimos em quantidade. Todos vamos embora, depois de mortos e durante a vida. Durante a vida são inúmeras as vezes que nos vamos, porque desejamos e sem o desejar. Estamos de passagem. Popularmente se diz que somos pó e a pó vamos voltar. E agora até atestam que somos feitos do pó das estrelas. Para quem tem fé e segue uma religião a vida tem um determinado sentido ou fim. Segue esse fim. Para quem não tem ideia nenhuma para o que se pode ser depois da morte, conta cada dia, e vive cada momento se pode desfrutar. Se não acredita e não desfruta deixa de viver e simplesmente existe. Quantos milhões de seres humanos existem apenas? E entre os que existem quantos desejariam não existir sequer? Ao contrário de outros que pagariam fortunas para continuar, sempre, sempre numa espécie de vida. Singularidades ou perplexidades?


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

COUSAS EXTRAVAGANTES EXPOSTAS À BRISA MARÍTIMA











 

Tróia, não a tal famosa cidade estado grega da maior guerra que se fez na terra, onde se catapultaram para a eternidade os heróis inesquecíveis como Ulisses, Ájax, Heitor ou Aquiles, não essa, que a memória sempre retém, mas a nossa, aquela sem guerra e  sem muralhas inexpugnáveis, ali plantada num imenso areal no estuário do Sado. Essa imensa praia rodeada de empreendimentos que salpicam em todas as direções testemunhos de luxos e tesouros, às mostras, meio ocultos e mesmo escondidos de todos, onde passeiam mirones, se escaldam corpos sedentos de mar e de pinceladas intensas de bronze, de turistas estrangeiros e nacionais, esse lugar que parece ter sido abençoado pelos deuses do Olimpo ou mesmo de uma outra super estrutura celestialmente inequívoca, está ali, bem perto da cidade de Setúbal, do outro lado do rio e estreitando carinhosas ou tempestivas carícias com o oceano.
Ali, passeando no areal, encontrei estes objetos. Perante a grandiosidade da natureza ia passar indiferente. Repentinamente a minha maquineta dos retratos saltou da mochila e começou a disparar alucinada em todas as direções dando, percebi de imediato, a primazia a um elegantíssimo chapéu de sol que dava guarida a uma jarra de flores e umas curiosas e peculiares candeias. Ou seriam candeeiros? Talvez a maquineta percebesse mais de tais distinções que eu, pouco erudito nestas coisas do design de interiores e em objetos de decor. 
Hoje, não tive saudades do passeio, do rio, do mar, das areias, do céu azul ou de toda aquela gente que desfrutava de um lugar abençoado por Deus. Tive saudades de mim. Saudades de mim? Como é isso?
Bem, olhando as fotos lembrei esses tempos e como andava alegre e bem vivo de maquineta às costas tirando fotos aqui e ali, muitas sem jeito, outras sem arte, mas sempre com muita dedicação subjugada, às vezes, por aqueles golpes meio terroristas que a minha maquineta dos retratos impunha, algumas vezes, tirando fotos que nunca percebi como apareciam misturadas entre aquelas que eu mesmo aprontava.
Eramos cúmplices. Caminhávamos em silêncio muitas vezes. E ficámos em guerreiro sobressalto com o coração aos pulos, quando repentinamente em lugar menos esperado nos saltava ao caminho um terrível monstro do reino animal, como uma aranha, ou um gafanhoto, ou noutra dimensão, um bufo, ou uma águia planando lá no alto bem pertinho do paraíso. Caminhámos por serras, montes e vales, à beira de riachos e mares, e aventurámo-nos em ambiente perigosíssimos onde o bicho mais perigoso de todos, o racional abunda, em cidades, bairros e ruelas. 

Lembrei em todos estes simpáticos e elegantes objetos esses tempos. Tenho de voltar a dar passeios com a minha companheira, e olhar, pensar, meditar e de vez em quando tirar uns retratos.


domingo, 18 de dezembro de 2022

DISFARCES LEGÍTIMOS UM POUCO PELAS RUAS JUNTO DOS CIDADÃOS



















 

Há imagino, mesmo que pareça delírio, disfarces ilegítimos, perniciosos e muito perigosos. Quantos se têm disfarçado de gente séria e deveriam estar a descansar nas cadeias? Quantos se dizem representantes do povo em instituições ligadas ou do poder e apenas lhes move o seu próprio interesse? Quantos parecem sábios e estão à frente de organismos públicos sem qualquer prova de competência ou experiência? Quantos nos parecem tranquilos e simpáticos e depois em casa violentam os familiares usando a força e o desprezo? Anda tanto disfarce nas ruas, nas redes sociais, na política e no poder. Os disfarces deploravelmente parecem ter chegado à justiça também. Em quem podemos confiar? Se olhamos à nossa volta e percebemos a vulgarização da incompetência, da corrupção, da utilização da coisa pública para interesses menores. Portugal está à venda, a preço de saldo. Os estrangeiros endinheirados podem vir tranquilos e usufruir do melhor que temos a preços impregnados de apetecíveis descontos. Outros estrangeiros vêm para serem escravos ignorados, espalhados pelo território, sem quaisquer direitos e vivendo na maior miséria. E os portugueses vão para outros países. Aqui, só podem progredir e ter uma vida digna se usarem o disfarce e acorrerem à mão misericordiosa do partido ou do cacique regional. A pouco e pouco caminhamos inexoravelmente ao antigamente, quando sermos pobrezinhos até nem era mau, pois Deus protegia, e a dignidade era imensa. Pouco mais nos vai restando do que acreditar de novo em Deus, rezar muito e darmos graças. Disfarces...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

QUINTA DA CARDIGA











 

Ela há assim, lugares cheios de magia, nostalgia, declínio, rodeados de silêncios, esquecidos. Quando posso vou lá. Desde os amantes ali deixados, ignorados que ousam manter-se às intempéries, à velha ponte exposta aos odores nauseabundos de águas poluídas que ali preguiçam. Ao Solar com torre de castelo ali imponentemente mergulhado na indiferença. Sempre que posso vou lá. Nós também temos declínios. Esquecimentos e somos esquecidos. Envelhecemos e somos ignorados. Enfraquecemos e um dia seremos pó. Tudo é natural. Os silêncios, os esquecimentos, a solidão, a queda. Gosto de ver e sentir. Quinta da Cardiga, histórica, do tempo dos primeiros reis, dizem. Ali está quase moribunda. Ali...

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

PORTUGAL TRANSFORMOU-SE NUMA DISNEYLÂNDIA PARA MILIONÁRIOS?

 



Recebemos maravilhosamente estrangeiros endinheirados enquanto vemos empobrecer os portugueses. Construímos casas magníficas nos melhores locais do país, nas praias e cidades apregoando as imobiliárias que são a excelente oportunidade para a obtenção dos famosos "Vistos Gold". Ao mesmo tempo muitos habitantes envelhecidos tiveram de abandonar Lisboa. As velhas casas foram transformadas em alojamento local. Uma casa no centro da cidade, ou mesmo nos arredores estão inacessíveis aos jovens. Nem um quarto a preços aceitáveis se encontra que possa garantir condições de permanência aos estudantes deslocados. Encontrar um quarto pelo país fora é encontrar agulha em palheiro. Portugal é exatamente dos pequeninos, dos que vivem do trabalho e da classe média à beira do extermínio.
Mais uma vez a qualidade daqueles que nos têm governado, a falta de estudos - mesmo que não passe um dia sem a criação de comissões e grupos de trabalho - levam a que nada se prevê, nada se planifica, nada se prepara, e que, quando acontecem as coisas é o caos. É um país dos pequeninos polvilhado de incompetência, de amadorismo, de desorganização e dirigido por gente medíocre.
Nada está bem, da educação à saúde, da economia à justiça, da proteção social ao à segurança, na incapacidade da administração pública e na orgânica administrativa do país completamente desatualizada.
Infelizmente aquele Portugal dos Pequeninos que tanto sucesso tem levado a gerações de crianças portuguesas parece estar hoje acompanhado de um outro Portugal muito mais pequenino e triste que estende os seus tentáculos a toda a gente, de todas as idades.




A minha genialidade é inexistente e os meus conhecimentos reduzidos. Reconheço com humildade os meus limites mas garanto que ando atento, procuro perceber o que se passa e a causa das coisas. Para me manter mais ou menos atualizado procuro, penso e tenho dúvidas, acho que cada dia mais. Procuro estar informado. Leio e penso, reflito. Deixo para que conste:


NÃO FOI POR FALTA DE AVISO
Tornámo-nos numa Disneylândia para ricos e milionários à custa da classe média. Pelo caminho há quem tenha ganho muito dinheiro, mas a maioria da população continua a fazer contas para chegar ao fim do mês.
(João Vieira Pereira, Expresso, 19 de Setembro de 2022)




domingo, 18 de setembro de 2022

UMA PRESIDÊNCIA SEM FUTURO, IMEDIATISTA E AO SABOR DAS SONDAGENS

 

Sei que pode parecer ousadia ou mesmo um rasgo nítido de loucura expressar o quanto o desempenho no cargo para o qual os portugueses o elegeram, de Sua Excelência o Senhor Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República de Portuguesa, me tem desiludido. E muito.

Parece um pequeno monarca, numa república que rejeitou através de uma revolução a monarquia há mais de cem anos. A sua felicidade é irradiar alegria, sorrisos entre o povo, entre as gentes, sejam nacionais ou estrangeiros, seja em Portugal ou onde o recebem e o tratam bem, ou mesmo mal (Brasil de Bolsonaro). Beijos e abraços, apertos de mãos, selfies, entrevistas, espectáculo, eis o nosso presidente na ribalta, rodeado de luzes e feliz.

Presidente de um país que há mais de 20 anos corre para a cauda dos países europeus em riqueza e qualidade de vida aos seus residentes e naturais, vemo-lo assiduamente do lado do primeiro-ministro, dos ministros, como garante de estabilidade, consentimento das políticas adoptadas e apoio inequívoco de um status quo que não leva Portugal para lado nenhum. 

Honestamente, confesso que esperava mais de alguém reconhecido por possuir uma cultura muito acima da média e uma inteligência que todos lhe reconhecem. Um homem com passado mas, em abono da verdade, sem feitos excepcionais. Foi um líder do PPD pouco relevante. Foi um candidato derrotado à presidência da Câmara de Lisboa. Não me recordo que tenha desempenhado qualquer alto cargo com brilhantismo.

Mas foi sempre popular. Muitíssimo popular entre os estudantes. Era pecado mortal faltar às aulas sempre animadas e repletas. Corrigia os pontos dos alunos das aulas práticas e permitia a nota de 15 aos alunos do primeiro ano sem necessidade de qualquer exame de melhoria. Convidava os seus jovens alunos para o jantar convívio pelo Natal.

Tornou-se conhecido e popular depois de anos na direção do semanário Expresso, como político e anos a fio como comentador na televisão. Era visita assídua nos lares dos portugueses.

Tão popular assim fácil foi a sua chegada à presidência, tendo mesmo, durante a campanha para a presidência, assumido um papel de alguma condescendência com os seus rivais, mostrando-se cordato, simpático e muito tolerante nos debates.

Não se lhe conhece uma ideia para Portugal. O que defende para a educação, para a justiça, para a economia, para a saúde, para o desenvolvimento económico e social. Gere o dia a dia. 

Garante a estabilidade que é exatamente assegurar o que temos. Mesmo se isso é muito pouco e os portugueses merecessem e precisassem de muito mais. 

Parece um anjo da guarda do primeiro-ministro de quem reza, foi professor. Parece ter trocado a família política onde sempre esteve colocado por popularidade e boas sondagens nos media. Os seus actos parecem guiados por populismos momentâneos, pelos momentos, pelas situações que vão ocorrendo, pelo imediatismo.

Mesmo o ser presidente de todos os portugueses, atento a todas as tragédias, fraterno, humano, leal, imagino que sejam tocadas, algumas vezes pela presença dos media, pelos canais de televisão, pelo que é ou não notícia. O mesmo sucede, naturalmente, com a serenidade que se mostra de um presidente que anda só por todo o lado, faz compras no supermercado, vai ao café, anda nas ruas e vai tomar uma banhoca nas praias. Os seguranças - criteriosamente escolhidos, pagos pelo erário público e obrigados a disciplina férrea - ficam de folga, enquanto, curiosamente, os profissionais de televisão estão lá.








Retiro do Observador, Macroscópio, partes do trecho de

José Manuel Fernandes


(...) porque depois de tantos anos e tantos solavancos este doce viver português assemelha-se cada vez mais à história da rã que, deliciada com a água que vai aquecendo ao lume, se deixa morrer cozida.


A equiparação que Marcelo Rebelo de Sousa fez em Angola entre as discussões em Portugal, em 2015, por causa da legitimidade política de uma maioria, e o debate em Angola sobre a legitimidade democrática de uma eleição, não é apenas um passo em falso, mais um: é uma comparação que coloca um regime democrático como o nosso no mesmo patamar do regime iliberal de Luanda. Na minha perspectiva não é uma frase que apenas nos envergonhe, porque Marcelo afinal é o nosso Presidente – é uma frase que nos amesquinha e apouca.

Começo a pensar que Marcelo na Presidência não é apenas uma inutilidade, aqui e além um embaraço – com o passar dos meses e o acumular do desnorte começa a ser um problema.

CITAÇÕES PARA REFLECTIR



  

"Em alturas como estas é errado beneficiar com a guerra e receber lucros extraordinariamente altos"

Ursula von der Leyen





"Não há truque nenhum (com a atualização das pensões), nem retórica coisa nenhuma (...). Vamos fazer a negociação colectiva mas (os funcionários públicos) não vão com certeza ter aumentos de 7,4 %. O referencial que devemos ter é a inflação de 2 %."

António Costa


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

COMPLICADAS POLÍTICAS LESAM OS PENSIONISTAS?


A CLAREZA EM POLÍTICA AJUDA MUITO


EM POLÍTICA O QUE PARECE É. MESMO A COISA MAIS RELES



Diz com palavras doces e convincentes o nosso precioso primeiro ministro, senhor António Costa, que os pensionistas portugueses não vão perder rendimento com a política adoptada pelo governo para este sector da população portuguesa.

A senhora ministra da Solidariedade e Segurança Social, corrobora, nenhum pensionista tem a perder com as medidas que o governo vai aplicar.



Os que se expressaram em nome dos partidos da oposição, sem exceções, da esquerda à direita, dos que defendem a democracia aos que juram cumprir a carta, todos reiteram que as medidas que o governo apresenta para começarem a vigorar já em outubro, não são mais que truques de mágica, sombras, enredos e muitos enganos. O rei vai nu e os pensionistas vão pagar caro, e da mais vil maneira, perdendo mais uma vez o direito ao que o senhor Costa tinha já garantido, o cumprimento da lei, e que se propõe, neste momento a não cumprir. Enganando os pensionistas, mostrando a todos que isto de mentir ao povo é coisa corriqueira entre a classe política, sendo a gente da governação mais que pouco fiáveis uns verdadeiros "aldrabões".



 

Assim vai a política neste país. Cheia de assombrações, tortuosa, truculenta, sem escrúpulos, enfim, coisa que nos recorda os irmãos metralha da nossa infância, que sempre entre as mais aloucadas tropelias vão dando cabo da vida dos outros e governando com inexcedível sucesso as suas.

Depois queixam-se, com olhar mártir e inocente, coitaditos, como são incompreendidos, desvalorizados achincalhados até por toda a gente. Não há respeito pela coisa pública quando as qualificadas pessoas a quem compete essa coisa empenhada e esforçadíssima da governação, tanto se esmifram, competentemente e com espírito abnegado, sacrifício atroz mesmo, para cuidar do povo, do país, desta ingovernável nação cheia de ingratos.

E era tudo tão fácil. Fazer tudo certinho. Bastava um q.b. de competência e meia dose de bom senso. Era simples o governo, provar que de facto não engana ninguém, é de contas certas e transparentes, e desse modo, calar a oposição que vê neste caminho complexo e tortuoso um ror de malvadez quase criminosa na arte de espoliar o desgraçado pensionista. 

Como fácil?

A lei que Costa há alguns meses atrás jurou a todos cumprir, determina de modo claro que seja aumentados os pensionistas num valor que rondará entre os 7,1 e os 8 %. E o governo já declarou que a ninguém faltará um cêntimo. Facílimo, em Janeiro o governo aumenta reformados e pensionistas nesse valor encontrado o certo, e em cada mês de 2023, vai deduzir 1|14 no valor das pensões. Só desse jeito, bem simples (hoje os computadores fazem essas contas todas sem erro), se garantem todas as premissas sem quaisquer equívocos. O aumento para reformados e pensionistas é o que resulta da lei, e esta como todos aprendemos na escola da vida é para cumprir, e a meia pensão adiantada em Outubro, é posteriormente devolvida sem atritos nem confusões. O governo sai como pessoa de bem, o primeiro ministro como ser confiável e honrado e a oposição pode reclamar que nada se dá a uma classe que tento precisa, mas não pode acusar o governo de baixaria e de coisa de salteadores. Isso nunca.



quarta-feira, 7 de setembro de 2022

SERÁ FALTA DE ÉTICA, AUSÊNCIA DE PRINCÍPIOS E BAIXA POLÍTICA ENGANAR OS PENSIONISTAS?

 



Tenho para mim que o governo não se mostra coisa boa, confiável, de bem, quando no meio de tardias e fraquinhas medidas de apoio aos portugueses perante a inflação que se instalou no país e tem levantado dificuldades à grande parte da população, deixa, entre truques e malabarismos, os pensionistas a chuchar no dedo. Não faz qualquer sentido que o governo sob a aparente concordância do senhor presidente da república venha a terreiro desrespeitar a lei, dizer que dá quando não dá coisa nenhuma, atropelando e enganando os pensionistas, exatamente um grupo de pessoas que pela natureza das coisas se mostra mais débil e desprotegido.

É incompreensível tamanha insensibilidade e ingratidão. Atacar exatamente os mais fracos e da maneira mais vil e cobarde, pela calada, dissimuladamente, entre sombras. Não é por acaso que o logro aos pensionistas invadiram as conversas de café, os jornais, os canais televisivos e as redes sociais. Ao desgaste e desnorte dos socialistas junta-se agora a sem vergonha, a frieza, o golpe atroz pelas costas.


“Iludem por convicção. Disfarçam por instinto. Dissimulam por natureza. Endrominam porque são assim. Falseiam porque compensa. Aldrabam porque essa é a sua política. Somos governados por gente sem escrúpulos que acredita piamente que vale a pena enganar tudo e todos até mais não poder”, escreveu o antigo deputado pelo Partido Social Democrata (PSD), Carlos Abreu Amorim, na sua página do Facebook.


Nas medidas que o governo apresentou tarde e a más horas para mitigar o efeito nefasto da inflação, das consequências que ficaram da pandemia e do aumento da energia  e combustíveis resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra que persiste, pode concluir-se, a bem da verdade, que a montanha pariu um rato, face às expectativas que se geraram e tendo presente o que se tem visto sobre essas ajudas um pouco pela Europa.

Não surpreende a pequenez das iniciativas pois decorre de modo claro que gente pequena dificilmente consegue realizar grandes coisas. Mas o que tem deixado grande perplexidade e muita inquietação é o logro, pois não se trata de outra coisa, que o bom governo faz aos reformados e pensionistas não os ajudando em absolutamente nada. O bom Costa, com aquele sorriso cínico ou travesso que todos já conhecemos, representa fielmente o rocambolesco papel da cenoura presa na ponta da vara que o burro persegue em aguerrida correria sem que possa apanhá-la.

A cenoura é a ajuda que se dá aos pensionista que nada é, dito de outro jeito, é igual a zero. O burro, pelos vistos é o que o governo pretende dissimuladamente criar, é representado por todos esses pensionistas que, legitimamente, sendo ainda portugueses e de igual valia aos demais cidadãos (por enquanto), mereciam pequeno que fosse, algum auxílio, nesta hora em que todos reclamam apoio.

Em bom rigor a cenoura é a ajuda que não se chega a realizar porquanto o governo não dá um único cêntimo aos pensionistas. Apesar do ar simpático do bom Costa, do seu sorriso cheio de bonomia, e de ter tido daqueles a quem agora trapaceia um esplêndido e confiante apoio para a sua governação, a ingratidão mostra-se numa fria antecipação, e nada mais que isso, do montante a que os pensionistas, por lei que o maravilhoso governante garantia cumprir, dos aumentos de pensões para 2023. 

Sendo isso e nada mais o governo socialista afasta dos apoios por sua estratégia e interesse os pensionistas, nada os presenteando para fazerem face a esta época de grande tensão. Até aqui tudo certo. A decisão é de quem tem legitimidade para a tomar, os benefícios são para quem o governo acha que deles necessita ou deles é merecedor. Mas o governo, sendo pessoa de bem, deveria garantir o cumprimento da tal lei que o primeiro ministro perante todos os portugueses dizia respeitar, aumentando os pensionistas no valor legal e mensalmente àquele valor subtraía o que tinha adiantado. Um governo que fala de contas certas agiria assim.

Os pensionistas não só não recebiam qualquer benefício, apenas um adiantamento para entreter, como assumindo os custos desse benefício duvidoso, pagariam, honradamente em sem falhas, cada mês, a reposição da piedosa disposição antecipada benesse.

Mas o governo não vai aumentar os pensionistas como a lei determina e o senhor Costa publicamente nos canais televisivos sustentava respeitar. O governo vai dar aumentos menores, metade para ser bem claro do que o legalmente esperado, determinando, deste modo, que o valor das pensões, que servirão obviamente de base para futuros aumentos, seja reduzida. 

Em síntese, o Governo não dá nada aos pensionistas, engana-os, e prepara-se para os prejudicar gravemente no futuro. deitando às malvas a lei que determinava que o valor da atualização das pensões deveria refletir a inflação e a produtividade, e fazendo-os perder na realidade ano sobre ano, até ao fim das suas vidas.







domingo, 4 de setembro de 2022

PODEMOS EXGIR UM NOVO RUMO PARA PORTUGAL




Há situações verdadeiramente incompreensíveis e com as quais os portugueses têm de lidar com aquela aceitação submissa que tanto caracteriza este manso povo. 
Ao contrário do que tem sucedido pelos mundos mais desenvoltos e perante uma crise sem precedentes que se vive no mundo depois de uma penosa e destrutiva pandemia e de uma guerra horrível que resultou da famigerada e criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia, em Portugal evita-se taxar os lucros extraordinários que algumas empresas têm acumulado.
Nessa decisão estão, como quase sempre ocorre, juntos o governo, o seu partido e o partido principal da oposição portuguesa. Em boa verdade, PS e PSD unem-se maravilhosamente a maior parte das vezes do que resulta, de facto, uma impossibilidade de avançar, de crescer, de ousar, de procurar soluções e novos caminhos.
Em épocas anormais medidas anormais, é uma frase que tenho como basilar e sempre sigo. E vivemos numa época anormal. Medidas anormais recomendam-se e são necessárias. Os portugueses estão a atravessar uma grave crise mas o esforço que se pede a alguns - os mesmos de sempre - não se estendem, sem que se possa entender, aos que mais podem. Não se trata de apelar aos ricos para que paguem a crise, mas tão só de pedir aos que melhor  superam estes maus tempos, e que têm lucrado com a situação, que se solidarizem com aqueles que têm mais dificuldades e olham com apreensão o futuro.
Os que têm arrastado Portugal para a cauda da Europa década após década, fruto de governações péssimas, incompetentes e sem um rasgo de visão, justificam a não taxação dos lucros extraordinários com o argumento por demais conhecido que as empresas em Portugal já pagam muitos impostos. E os trabalhadores, pergunta-se, pagarão poucos impostos? E justificam ainda, e parece piedosa argumentação a raiar a falta de vergonha que as empresas com estes lucros investem mais, criam emprego, valorizam o trabalho e deste modo, todos ficam a ganhar. Pergunta-se, porque a banca, onde os portugueses têm enterrado tantos milhões continua a fechar balcões e a despedir trabalhadores? Também não se conhecem medidas como a valorização das condições de trabalho ou dos salários nessas empresas que têm, objetivamente, engrossado os lucros, à custa da pandemia e dos efeitos da guerra.
Continuamos a ter na governação gente de ideias curtas e coragem limitadas. Não é por acaso que em Portugal tanto se valoriza a tradição folclórica. Temos tido governos de festa, de folguedo e de folclore. Muito. É impossível esperar para Portugal e para os portugueses um futuro promissor, diferente. As velhas práticas sem mudança só podem trazer os resultados de sempre. E esses, fraquinhos, desastrosos e absurdos, infelizmente os portugueses, já tão bem conhecem.
Parece que somos Europa, mas  isso decorre por arrasto de estarmos na União Europeia não por mérito das nossas realizações e visão estratégica. Mas o coração, a alma, essa é a que vem nos tempos e na história. História tão desconhecida, como desvalorizada, espezinhada ou mesmo que fazemos por ocultar. Portugal foi sempre grande quando governado por gente grande e de uma enorme pequenez quando teve à frente dos seus destinos gente sem qualquer qualidade.
Vamos continuar nesta mediocridade por muito tempo, de mão estendida à União Europeia e sem feitos e realizações que nos possam orgulhar. Por quanto tempo vamos alimentar esta gente que nos desgoverna de forma tão acintosa. A alternativa é ser exigente, não desistir e lutar por um Portugal melhor onde os portugueses possam ter uma vida sem receios e vergonhas. Afinal só temos essa gente à frente do país porque fomos nós que levianamente os temos escolhido.