sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

COUSAS EXTRAVAGANTES EXPOSTAS À BRISA MARÍTIMA











 

Tróia, não a tal famosa cidade estado grega da maior guerra que se fez na terra, onde se catapultaram para a eternidade os heróis inesquecíveis como Ulisses, Ájax, Heitor ou Aquiles, não essa, que a memória sempre retém, mas a nossa, aquela sem guerra e  sem muralhas inexpugnáveis, ali plantada num imenso areal no estuário do Sado. Essa imensa praia rodeada de empreendimentos que salpicam em todas as direções testemunhos de luxos e tesouros, às mostras, meio ocultos e mesmo escondidos de todos, onde passeiam mirones, se escaldam corpos sedentos de mar e de pinceladas intensas de bronze, de turistas estrangeiros e nacionais, esse lugar que parece ter sido abençoado pelos deuses do Olimpo ou mesmo de uma outra super estrutura celestialmente inequívoca, está ali, bem perto da cidade de Setúbal, do outro lado do rio e estreitando carinhosas ou tempestivas carícias com o oceano.
Ali, passeando no areal, encontrei estes objetos. Perante a grandiosidade da natureza ia passar indiferente. Repentinamente a minha maquineta dos retratos saltou da mochila e começou a disparar alucinada em todas as direções dando, percebi de imediato, a primazia a um elegantíssimo chapéu de sol que dava guarida a uma jarra de flores e umas curiosas e peculiares candeias. Ou seriam candeeiros? Talvez a maquineta percebesse mais de tais distinções que eu, pouco erudito nestas coisas do design de interiores e em objetos de decor. 
Hoje, não tive saudades do passeio, do rio, do mar, das areias, do céu azul ou de toda aquela gente que desfrutava de um lugar abençoado por Deus. Tive saudades de mim. Saudades de mim? Como é isso?
Bem, olhando as fotos lembrei esses tempos e como andava alegre e bem vivo de maquineta às costas tirando fotos aqui e ali, muitas sem jeito, outras sem arte, mas sempre com muita dedicação subjugada, às vezes, por aqueles golpes meio terroristas que a minha maquineta dos retratos impunha, algumas vezes, tirando fotos que nunca percebi como apareciam misturadas entre aquelas que eu mesmo aprontava.
Eramos cúmplices. Caminhávamos em silêncio muitas vezes. E ficámos em guerreiro sobressalto com o coração aos pulos, quando repentinamente em lugar menos esperado nos saltava ao caminho um terrível monstro do reino animal, como uma aranha, ou um gafanhoto, ou noutra dimensão, um bufo, ou uma águia planando lá no alto bem pertinho do paraíso. Caminhámos por serras, montes e vales, à beira de riachos e mares, e aventurámo-nos em ambiente perigosíssimos onde o bicho mais perigoso de todos, o racional abunda, em cidades, bairros e ruelas. 

Lembrei em todos estes simpáticos e elegantes objetos esses tempos. Tenho de voltar a dar passeios com a minha companheira, e olhar, pensar, meditar e de vez em quando tirar uns retratos.


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