segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A QUEDA INEXORÁVEL DA QUEBRADA EUROPA




Tenho para mim que a Europa caminha inexoravelmente para um abismo do qual, a não ser que ocorram inimagináveis ruturas ou e milagrosas transformações, não conseguirá qualquer tipo de salvamento.

A União Europeia precisava de ser efetivamente unificadora para que existisse um real espírito unificador nos cidadãos europeus. E não há. Não só existem diferenças demasiadamente fraturantes entre os cidadãos dos diversos países da Europa, como os cidadãos eleitores não se revêm nos Órgãos da União Europeia, do Conselho, à Comissão passando pelo Parlamento Europeu.

Os países do norte da Europa mostram sem qualquer tipo de tibiezas quão longe se colocam face aos do sul, que consideram países desgovernados, de gente pouco cuidada, que gosta pouco do trabalho e, deste modo, pouco produz para o interesse europeu.

Os países do sul ficam vermelhos de raiva quando os seus companheiros do norte lhes boicotam os desejos e os sacrificam, impondo-lhes sérias e profundas pressões e sofrimentos, sussurrando, que não poucas vezes os ricos do norte, em matéria de erros, que os cometem igual, conseguem habilmente fugir dos castigos que orgulhosamente impõem aos outros.

Quando os países do sul da Europa pareciam soçobrar perante a crise das dívidas soberanas, os frugais, melhor designados por "preciosos", foram algozes, foram destrutivos, e da santa aliança que souberam edificar com o BCE, o FMI e a Comissão Europeia, saiu a imposição sem qualquer piedade aos povos do sul de sacrifícios atrozes e desumanos. Que ainda hoje pagam, e que tantos custos e tão graves danos tiveram nos cidadãos, nas empresas e nos estados.

Rebenta a Guerra da Ucrânia, e a poderosíssima Alemanha, que em matéria energética cometeu das maiores asneiras que neste continente assistimos, não tendo sequer ouvido os sábios conselhos dos Estados Unidos, e hipotecando a sua liberdade às mãos de um único país, não democrático, muito duvidoso e cheio de ideias imperiais, esqueceu que a justiça que defendera para os países do sul,  de pagarem as suas asneiras, não poderia ser sequer justiça, como não foi, aplicando essas penalizações apenas aos do sul, defendendo-se ela mesma, de pagar as que cometeu.

Que esforço se fez a nível europeu para atenuar desigualdades, que são abismais entre os povos europeus. Como pode sentir-se um português, cidadão europeu, ou um grego, ou um espanhol, se não raras vezes são apequenados, não só no dinheiro que têm nos bolsos, quando se deslocam aos países do norte da Europa.

E que confiança podem ter os cidadãos europeus quando o senhor Macron que, com um toque de mágica, (que parece ter tocado o nosso primeiro ministro), veio defender uma Europa a várias velocidades. Uma para os preciosos, outra para os que já cá estão mas não são grande coisa, e por fim, uma outra que é o purgatório dos países que querem ser e faz de conta que serão. E, estes últimos, com esta cartada milagrosa ficarão a fazer de conta infinitamente à espera que preciosos e obscuros se entendam.

A Europa correu desesperada para as suas maiores fatalidades não sabendo como delas salvar-se e que são, numa parca síntese, a desindustrialização, a dependência energética, a crescente dependência económica com a China, o afastamento e desinvestimento em áreas do mundo onde historicamente teve ligações íntimas, com África, Índia e grande parte dos países da América do Sul e, finalizando a ausência assustadora de capacidades de defesa face a uma invasão de larga escala.





 

Sem comentários:

Enviar um comentário