sexta-feira, 26 de junho de 2020

SOBRE A PANDEMIA EM PORTUGAL, LÁ FORA E OUTROS ESTUDOS










A pandemia de COVID-19 já provocou quase 493 mil mortos e infectou mais de 9,74 milhões de pessoas em 212 países e territórios, segundo um balanço feito pelo Worldometer, hoje, às 13:04 horas GMT.

Em Portugal, morreram 1.549 pessoas das 40.415 confirmadas como infectadas,  de acordo com o último boletim da DGS (Direcção Geral de Saúde).

Os Estados Unidos ultrapassaram os 2,5 milhões de casos confirmados e é o país com maior número de casos e de mortos (126,798)em todo o mundo. Em casos confirmados seguem-se o Brasil, a Rússia , a Índia e o Reino Unido. Já no que respeita ao número de mortes seguem-se, por ordem decrescente, o Brasil, o Reino Unido, a Itália e a França.

Em Espanha, morreram 28,330 pessoas das 294,566 confirmadas como infectadas, de acordo com mapa actualizado às 13:04 GMT de hoje, do Worldometer.

No Brasil, morreram 55,057 pessoas das 1,233,247 confirmadas como infectadas, de acordo com mapa actualizado às 13:04 GMT de hoje, do Worldometer.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.









Diz o governo português através dos seus mais importantes membros, corrobora o senhor presidente da república e certifica a excelentíssima directora geral de saúde e seus credenciados técnicos e especialistas que muito dos acréscimos acentuados do número de casos de COVID-19 em Portugal se devem ao elevado e crescente número de testes efectuados.

Depois do tão propagado milagre português, consta agora que o nosso destacado, e novo feito, é sermos campeões no número de testes realizados. 

E, se estamos em primeiro lugar, tenho para mim, - não fora o conhecido segredo estatístico que a senhora ministra da saúde referiu em matéria de dados da pandemia, numa das suas conferências de imprensa - que não necessariamente cresceriam o número de infectados, nem a coberto do referido segredo de estado podemos estar seguros que se fizeram tantos testes assim, e que continuadamente, em correria se fazem de dia para dia, cada vez mais.

Esse segredo estatístico, a que se juntam um rol de trapalhadas e erros e dados que nunca apareceram nas listas diariamente publicitadas, ensombram todas as ideias de verdade informativa sobre a coronavírus no nosso país.

Depois, mesmo que eu esteja dizendo uma colecção de asneiras, por muitos testes que se realizem, se não houver gente infectada não sobe qualquer número.

Por isso mesmo outros países efectuaram números de testes em quantidade proporcionalmente idênticos aos que por cá se dizem ter sido realizados e apresentam um número muito inferior, ainda respeitando a referida proporcionalidade, em número de casos e de mortos.

São o caso de países como o Luxemburgo, a Dinamarca e Israel. Qualquer deles fizeram um número de testes por milhão de habitantes próximo ou mesmo superior àquele que se diz - com sérias dúvidas minhas - terem sido efectuados cá. Em Israel, por exemplo o número de casos andará próximo de metade e o de mortes é cinco vezes menos.

Como explicar um crescimento desordenado e descontrolado de casos novos todos os dias à luz do número de testes. Naturalmente que se nunca se tivesse feito qualquer teste Portugal ainda sustentava o tal milagroso milagre e não conhecia casos nem mortes de coronavírus. Mas, repito, poderiam ter feito testes três e quatro vezes a todos os habitantes, se apenas meia dúzia de portugueses estivesse infectado, por mais que teimassem, não cresceria o número com novas sortidas de testes.

Também andam mal o governo, a Direcção Geral de Saúde, o senhor presidente da república e um punhado de técnicos que querem tapar o sol com a peneira, culpando os ajuntamentos, e as festas dos jovens com o crescimento da pandemia.

É mais fácil arranjar um bode expiatório, assustar as populações, e lançar mão da repressão e do poder musculado chamando as polícias e estabelecendo multas pesadas, do que atacar o cerne do problema, que é sobretudo social. O surto anda à solta exactamente onde as condições de vida são mais débeis, junto dos estratos de população com mais problemas económicos, de alimentação, de alojamento e de higiene e bem estar. Os concelhos hoje emparedados numa política de confinamento musculado são aqueles com rendimentos per capita mais baixos na Grande Lisboa. Ao lado, tome-se Oeiras por exemplo, onde o rendimento da população é muito superior, os casos não apresentam cuidado especial. O mesmo com Cascais.

Para finalizar, a pandemia tem sido esquecida nas manifestações de interesse de certos grupos, de partidos, e de show pessoal de pessoas de estrato extraordinário num mundo onde a democracia deveria assegurar um mínimo de igualdade entre todos os portugueses. As regras que se estabelecem para todos, - dizem que as leis são gerais e abstractas - logo geram uma panóplia de excepções. Há portugueses mais parecidos uns com os outros e outros que se não parecem com ninguém.

E venha o outro milagre, não há duas sem três, a Liga dos Campeões, que muitos empurraram para aqui, mobilizou os maiores nomes da lusa pátria para uma festa pimba, foleira e pequenina, exactamente do tamanho que o nosso país sempre tem tido. Mas, também aqui, parece o risco é igual ao do milagre do presidente, já por lá falam em mudar de local. Portugal tornou-se um local perigoso.

Ai Portugal, Portugal, do que estás à espera?







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