Esta realidade foi colocada na reunião da elite política - Presidente da República, Primeiro Ministro e membros do Governo e autoridades de Saúde - na sede do Infarmed desta quarta-feira.
O índice de Rt do país não foi dado a conhecer aos portugueses. Marcelo Rebelo de Sousa disse apenas que “tem estado acima de 1”. Não tem dúvida, como tenho sustentado à meses, a verdade está escondida habilmente num tal segredo estatístico e todos têm colaborado na manipulação e ocultação de dados.
"Foi mostrada uma tabela com 27 países em que, desde o desconfinamento, Portugal aparece com o valor médio mais elevado neste índice que mede a transmissão do vírus: um Rt de 1,19. Esta tabela não retrata os 27 países da UE, já que é uma lista que também inclui o Reino Unido, a Suíça e a Noruega."
Esqueceram-se, aqueles a quem cabe a responsabilidade de manter confiantes os portugueses e informados com credibilidade de mencionar que Portugal era o país com piores números dos analisados nesse comparativo.
E, ocultou-se que nessa mesma listagem de 27 países, há 15 - mais de metade - com Rt abaixo de 1.
Na reunião foi colocada informação aos políticos sobre os focos de contágio. Por ordem descrescente de número de casos temos:
Na Azambuja, 194 casos da plataforma logística da Sonae e 130 da fábrica Avipronto.
Em Lisboa, num lar de idosos em Caneças, Odivelas, que já vai em 119 casos.
No Algarve a festa ilegal de Lagos, que já vai nos 115 casos (no boletim da DGS só aparecem 61 casos).
No Alentejo temos ainda a situação de Reguengos de Monsaraz, onde se registavam 86 casos, 68 dos quais num lar de idosos (números que subiram).
Em jeito de síntese temos que, os dados disponibilizados pela DGS todos os dias aos portugueses são "a la carte". Esta instituição deveria executar um trabalho de rigor e isenção mas parece navegar de acordo com os ventos e desejos do governo.
O milagre português - se o houve - está virando uma tragédia. Desconfinou-se precipitadamente. O mesmo governo que estabelecia normas e regras imediatamente publicava uma lista de excepções. O que eram medidas para uns não se aplicavam a outros. Na pandemia os portugueses nunca foram iguais. Houve uns mais iguais que outros.
Por fim, não são as festas ilegais, nem os jovens a causa maior do desnorte que se vive no presente momento em Portugal. Mas, como sempre, é maravilhoso encontrar um culpado como forma de sacudir as decisões precipitadas e as contradições. Todos estão a colaborar nesta desinformação esquecendo o ditado do "rei vai nu". A verdade sempre vem ao de cima como o azeite.
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