segunda-feira, 23 de maio de 2016

COMO A MEDIOCRIDADE GOVERNA O MUNDO


“O primeiro método
 para estimar a inteligência de um governante
 é olhar para os homens
 que tem à sua volta.” *
















Sem qualquer metodologia perguntei ao espelho mágico que serve as sociedades modernas, o computador e a internet, que me apontasse uma dúzia de mestres do pensamento que marcaram o seu tempo e foram motores indiscutíveis de movimento evolucionista na terra.











Imediatamente saltaram uns poucos de génios, cada um de arte sua, com pensamentos seus, e sua forma de trabalhar e pensar. Diversificadas áreas do saber, do conhecimento, das artes foram ao longo do tempo contempladas por grandes individualidades que a história não deixou morrer. E não morrerão jamais.










Meditei um pouco enquanto ia olhando cada foto. Indiscutivelmente tratavam-se de ser brilhantes, cuja luz interior nunca será apagada. São seres que criaram luz própria tal o brilho dos seus feitos a riqueza do seu intelecto e a magia do seu conhecimento. Reparei que nenhum deles foi ministro, rei, ou governante prestigiado de alguma nação. Não me apercebi que levassem o tempo com burocracias de pequenos serviços, vivessem da intriga, fossem campeões em vinganças e gostassem desprezar o seu semelhante. Para serem "gente superior" bastou-lhes ser eles próprios, não necessitaram ocupar lugares simplórios na máquina pesada dos estados, não se serviram de malabarismos para mostrar sua superioridade face aos seus conterrâneos, não são apreciados por levarem uma vida de enganos e mentiras. Não atropelavam pessoas, não ultrapassavam as leis, nenhum chegou à genialidade utilizando o mal em seu proveito e utilizando sua força para a prática do mal.




Se olharmos os governos dispersos pelos mundos e no nosso tempo observamos que são constituídos de gente pequena, vulgar, onde a genialidade, ou a meritocracia nada conta. A palavra nada vale, a mentira usa-se normalmente, tudo vale para conquistar o poder, enganos, falsas promessas, e os dias passam numa monotonia insípida, pouco se cria, pouco se faz, a evolução não é visível, o cinzento tomou os espaços públicos, qualquer um é chefe disto e daquilo, inventam-se lugares por medida, e pessoas para lugares. Raramente vale cinco réis furados perder tempo ouvindo a classe dirigente. Os governos são coisa de valia fraca e passam sem deixar história, ou, se a deixa é vergonha, inquéritos judiciais, advogados e leis, e mais leis. À frente de sectores colocam-se gente boa, mas para estar a tratar de vida noutros lugares. O adjunto é que sabe, o executivo faz de conta. O povo ri-se. Já ninguém acredita nesta bagunça. Os homens livre pensadores, os homens de ciência e os seres intelectuais de reconhecido mérito andam longe, não vá pegar-se alguma praga suja que teime em não passar. A política deixou de ser uma missão para ser uma negociata parecida com os vendedores de banha da cobra que parece terem falido. Rapazitos novos ficam ricos, bancários viram banqueiros, compram-se cursos como se pedem uns trocos à porta da Igreja, acaba-se o lugarzito parlamentar ou no governo e dá-se uma mágica promoção a gestor, ou consultor, ou presidente de alguma coisa. só é pena essa gente não ser muito valorizada - há mesmo quem diga que bem observados muitos cairiam nas garras da justiça - e deste modo, nunca chegam a ter luz própria. E os poucos em que se acende um pequeno rastilho, ainda não há luz já vão a fugir de tal modo que deixam nuvenzinhas de pó atrás dos sapatos. Como pode um país singrar com tanta gente simples? Qual será a justificação para a genialidade fugir dessas más companhias como rato foge de gato?



* Nicolau Maquiavel

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