segunda-feira, 9 de maio de 2016

Lutar contra a maldade, a mentira, e os enganos...



... É um imperativo histórico


A violência gera violência. De per si a leitura de uma frase destas seria uma recomendação ponderada a abandonar práticas onde a violência fosse geradora de uma sequência de conflitos, de atitudes e comportamentos onde a tragédia, o caos, o vandalismo se iam apoderar dos contendores, até que um, abatido e sem forças cairia frente ao adversário que em pouco melhor situação se encontraria.

A guerra, o recurso à violência, a tragédia, deveriam ser as últimas coisas a considerar quando existe um litígio, ou como acontece nas relações entre pessoas, uma atropela a outra, que responde de igual modo e tudo acaba em extremos que não raras vezes levam a episódios de extrema crueldade.


Algumas vezes as situações de conflito latente, resultantes de comportamentos menos correctos, poder-se-iam evitar se existisse bom senso, humildade, e entre os seres existissem normas orientadoras de educação, de moral e de ética.

É verdade que uma desculpa não indemniza prejuízos, mas pode ser um excelente começo para evitar situações bem mais drásticas que não interessam verdadeiramente a ninguém.


Como dizia um amigo meu faz alguns anos, deveria dar-se uma disciplina de ética nos currículos do ensino obrigatório. Entre os presentes, ninguém achou que a ideia fosse desprovida de razão. E muito menos houve crítica a tal ideia. Eu na altura achei bem, como acho bem que se assista a uma aula de moral, ou uma disciplina sobre a cidadania, e que implica ser-se cidadão. Degradam-se na actualidade a relação entre as pessoas por coisa pouca, e a grada incorrecção desfaz em minutos amizades que levaram anos a construir, afasta o homem do seu semelhante e percebemos que o ser humano perdeu racionalidade, sociabilidade, não chega sequer a conhecer as regras dos bons costumes, em casa os pais não têm tempo  para coisas sem importância e a escola, por muito que se queira empurar as crianças para as manter lá o máximo tempo possível, não é, nem deve ser, a base da educação, a inculcadora de princípios e regras que regem a vida em sociedade.

Passados estes anos, e depois de muito reflectir nas tais aulas de ética, aconselharia logo em primeiro lugar os políticos, governantes e corpos dirigentes a tirarem cursos intensivos sobra a matéria. A nossa vida pública está, perdoem-me a palavra uma imundice, esqueceu-se a dignidade e a honra, valendo tudo, o recurso a baixesa, mentira, à dissimulação, aos enganos, não são a excepção. Trocam-se mentiras entre grandes e pequenos, e entre grandes, e o que no passado imediatamente catalogava o indivíduo como uma pessoa ignóbil, sem escrúpulos, aldrabona e mentirosa, não causam qualquer perturbação. Como pedir aos jovens um comportamento responsavelmente enquadrado nos valores humanos e na moral cristã, se o mesmo vê vingar a vulgaridade mais baixa, o jogo mais sujo, a tirania mais opressora? 


Quando chegamos a estes limites, e os poderes públicos são ineficazes, a Constituição é violada constantemente, as leis não são respeitadas, os baluartes em que assentava a nossa vida vão desabando escândalo atrás de escândalo, com acusações de corrupção, branqueamento de capitais, associações criminosas, burlas, falsificação, abuso de poder e mais um rol de crimes. Quando duvidamos das instituições e das pessoas que as dirigem, E, quando não se vislumbram entidades com competência para intervir de modo célere e incisivo, corre-se o risco das vítimas, dos irreverentes, dos mais radicais procurarem outros modos de intervir. 

Normalmente é a violência com tudo de mau que arrasta que tende depois a excessos, na guerra sem quartel à generalizada impunidade e o modo como uns poucos brincam com a dignidade de muitos. A disciplina de ética nunca veio a ser dada nos estabelecimentos de ensino, mas estou convencido, que antes que isso venha a ocorrer, muitas tragédias vão dar-se. Por uma honra perdida, por uma injustiça ignorada, por uma prepotência consentida. Aí, é como imaginar uma guerra entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo, isto é, a guerra que transporta em si violências e desgraças, sangue e lágrimas, pode tornar-se santa. Pode tornar-se fanatismo. Pode ser cruel e originar tragédia. 



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