domingo, 22 de maio de 2016

O MUNDO FEDE. NO SÉCULO XXI?????


A SUJEIRA CIVILIZADA





Deus construiu um mundo maravilhoso para aí colocar a sua maior obra; um animal com características diferentes dos demais, que são irracionais, atribuindo a este novo ser a capacidade de usar da razão, tendo inteligência e condições de aprendizagem e conhecimento, e daí determinar a sua vida, como quer e deseja viver, em sociedade, é o ser racional, o homem.

Do homem dizem os livros antigos, Deus fez a mulher e perante esses animais superiores lhes terá dito crescei e multiplicai-vos, e lhes apresentou, conhecido por mandamentos, regras de conduta, de levar a vida entre os seus iguais não alinhando com o mal, mas devendo, a todo o tempo seguir o bem.

A inteligência do homem, as condições da vida na terra, fizeram com que este ser fosse evoluindo. Essa evolução revela-nos na passagens de muitos milénios, um homem que foi alterando a sua postura cada vez mais erecta, e os membros sofreram alterações, o tamanho e formato do crânio. Muito do seu percurso é desconhecido e apenas o podemos imaginar com base a estudos científicos elaborados sobre vestígios, testemunhos, objectos que chegaram aos nossos tempos. Depois veio a história, o homem aprendeu a registar em suportes os acontecimentos, o modo de vida, os problemas, o modo como se relacionavam, as suas lutas pela sobrevivência, e como se relacionavam os diversos grupos. Um pouco por cada lado do mundo surgem vestígios da passagem do homem há muitos milhares de anos.Infelizmente algumas raças de homens desapareceram devido a manobras de poder, outros povos para se apoderar de territórios de outros homens levaram a barbárie ao ponto de terem feito desaparecer, de terem exterminado todo um povo. Depois, pode parecer pesadelo, falta de sensibilidade, mas dá-se uma evolução no trato dos vencidos quando se deixa de exterminar em massa para se escravizar os homens, mulheres e crianças, que passaram a ser seres ao serviço dos seus donos, sem quaisquer direitos. E um dia a escravatura foi abolida. Os homens que se entendeu terem nascido livres deveriam levar uma vida em liberdade até ao fim dos seus dias. E num pulo, como se toda essa evolução tivesse se diluído num infinito misterioso, parece o homem do nosso tempo. E o mundo e a terra mudaram com ele, como mudaram as relações entre as sociedades e os povos.

Depois de termos lidos nos manuais da história do homem, da história universal, os grandes acontecimentos, os grandes feitos, a obras executadas, as evoluções no conhecimento e nas ciências e nas técnicas, podíamos projectar o homem de hoje como um ser de criação, de grandes obras, de contínuas evoluções no bem estar da vida do homem e das nações. O o mundo tornou-se pequeno, em poucas horas se vai de um ponto da terra ao outro lado do mundo. A globalização permitiu que todos os produtos existem em todo o tempo e em todos os lugares. O século XXI, visto assim, parece-se com o paraíso perdido e que o homem, por fim conseguiu recuperar.

Tirando os casos evidentes, que até enxerga um cego, onde podemos colocar a situação do continente africano que sofre uma pobreza assustadora e desumana, onde quem dita a leis são algumas etnias ou grupos políticos, de uma democracia muito africana, em que ministros e presidentes acumulam legalmente fortunas imensas enquanto o povo passa fome e não tem onde morar nem possui as mais elementares condições de uma vida digna. Ou o continente sul americano assolado por gigantescas desigualdades sociais, onde os ricos mantêm uma opulência provocante e são em pequeno número percentualmente, e a generalidade do povo vive em guetos sub-humanos, onde prolifera a violência urbana e rural, as guerrilhas, o narcotráfico, a corrupção, e governos totalitários que não respeitam os direitos humanos e levam os países à miséria. E, restam-nos os continentes ditos civilizados ou ricos, onde previsivelmente a vida afigura-se aprazível, e as pessoas vivem com condições de trabalho e de vida exemplares.

Aqui, faz falta o recurso a um par de óculos, mas nem precisa grande graduação. No mundo superior, existem pessoas sem casa, sem saúde, sem emprego, sem educação, sem ter que comer. E os assaltos às pessoas também são feitos todos os dias. de modo mais subtil, em percentagem mas dificilmente identificáveis, uns poucos possuem quase a totalidade das riquezas e ainda um número expressivo de pessoas em rumo diverso do enriquecimento de poucos, perdem direitos sociais e do trabalho, existe uma epidemia, a competitividade, a necessidade de se trabalhar e se ser produtivo, mas os lugares de comendo são normalmente colocados nas mãos de gente sem preparação, que apenas busca os lucros, e, em troca da baixa tecnicidade, explora os trabalhadores e defende a redução dos seus direitos ou levanta a barraca e vai para um país onde os trabalhadores são quase escravos e singram com essa pseudo escravatura. Depois existem as desigualdades, os crimes de colarinho branco, os crimes contra a natureza e o ambiente, a incompetência, a ignorância, uma classe de políticos de grau cultural muito fraquinho, os que se vendem barato ou caro e os que lucram comprando vantagens. No fundo, a diferença entre a Europa e a África, ou dos Estados Unidos ou a China e a América do Sul, reside apenas na fotografia. É a foto a preto e branco ao lado das fotos coloridas. As estruturas sociais. os detentores do poder, os políticos, os países deviam ser obrigados a cumprir regras universais. Mas isso ia obrigar os poderosos a submeterem-se à lei, à ordem, ao direito e à justiça, logo, a percentagem menor que aproveita de toda a bandalheira em que o mundo se transformou, fora a cosmética, perderia em vaidade, em riqueza, deixaria de viver de artifícios, de enganos, de troca de favores, de incompetências e prepotências. 

Alguns sorriem quando lêem alguém que em Portugal, União Europeia, escreve coisas destas no ano de 2016, no século XXI, mas o motivo da risada difere; uns sorriem porque sabem que é verdade e lhes agrada que assim continue, outros porque andam distraídos e olham só para seu umbigo e acham que escrever coisas destas é ser louco, o mundo está bem, os centros comerciais estão sempre cheios, nas férias vão para a praia, e nas ruas não há problemas de violência.

Uns precisavam ser presos por usarem esquemas ilegais para manter sua prosperidade e poder, outros também não lhes fazia mal passar na cadeia uma ou duas semanas de reflexão, afinal não passaram poucos dias que foi notícia, e já ocorreu várias vezes, que foram encontrados trabalhadores em escravatura. Na União Europeia, no nosso século. A sujeira é imensa, está espalhada por todo o lado, por cada país e cidade, não há nem leis, nem direitos, nem justiça, nem democracias, há miragens, e o que se vê na aparência acalma as consciências dos cidadãos. O mundo fede. E o tempo passa. A isto, senhores, se chama civilização.



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