sábado, 7 de maio de 2016

MOVIMENTOS DE CONTRACÇÃO E DE EXPANSÃO



7 DE MAIO DE 2016



A vida exige imenso do ser humano. O homem é ele e a sua circunstância. O futuro é tudo aquilo que resulta de um hipotética fórmula da matemática e resultará de complexas fórmulas e não ,menos exigentes cálculos, onde os valores base têm necessariamente em conta o passado, construtor de um presente, que vai também ser item de ponderação obrigatório.

Todo o passado contribui em todos os parâmetros para encontrarmos a pessoa humana tal qual ela se apresenta hoje. Nascimento, crescimento, educação, família, conhecimentos, relacionamento pessoal e interpessoal, credo religioso ou não, formação académica, amigos, matrimónio, filhos, ambiente familiar, relacionamento entre os cônjuges, divórcio ou não, separação, perda de algum filho, acidentes, tudo pesa, tudo conta, são as variáveis que se têm de adicionar e analisar e que justificam que A seja A, por todo um conjunto de dados ou circunstâncias que se acumulando e se desenvolvendo, fundamentam o ser tal qual ele é, e não seja como B ou C.

A complexidade conjunta de todos esses fenómenos, ou apenas um se determinante, vai moldar o carácter, a personalidade, e transformar o indivíduo. Os acidentes, considerados como factores anormais, ou não normais, que a pessoa vai encontrando no decorrer da sua existência, vão revelando que a linha indicadora da nossa vida, uma linha desejável e que tende a progredir na horizontal vá aparecer marcada por movimentos em sentido vertical e com os períodos normais se possam ver em descanso horizontal e aí permanecendo, e de se sujeita  a acidentes marcantes, se sujeite a subidas ou descidas.

Temos também que aceitar a existência de picos periódicos, normais, que podem ser definidos como representação dos valores máximos e mínimos que existem na natureza humana e sempre a vão influenciar e que resultam de dois movimentos clássicos. O movimento ou período positivo podemos considerar como um movimento de expansão, e o seu contrário, é um movimento de contracção. Estes impulsos, estas ocorrências não são fenómenos acidentais, ocasionais, ou com carácter de excepção, acontecem com todos os seres, sendo a normais na vida do homem. Decorrem do quotidiano do ser humano e são ou podem ser,  directamente influenciados pelo "histórico" das características resultantes das referidas circunstâncias da vida que nos vão moldando enquanto pessoas e determinar o nosso relacionamento com os outros.

Não sou um especialista em assuntos da mente humana ou do comportamento e atitudes que os homens tem em determinadas situações ou de modo constante, mas entendo que quando nos encontramos numa fase ou momento de expansão o ser humano torna-se um ser abrangente, interiormente encontra-se bem, o que se passa à sua volta não o agride, ao invés, existe harmonia, tanto interior como exterior e o ser, "feliz", tem todas as condições para prosperar, facilmente encontra as forças para determinada realização, relaciona-se melhor com os outros, efectua as tarefas que preenchem cada dia com impulso, determinação, com gosto. O ser pode criar, pode perseguir o que sonha ou imagina, e vai buscar buscar energias para que grande parte desses desejos se possam tornar realidade. Já quando nos encontramos numa fase de retracção, nos fechamos sobre nós mesmos, fugimos do outro, não criamos, não encontramos forças, nem vontade, se sonharmos ou se imaginarmos entendemos que não vale a pena crer em tais coisas pois uma racionalidade doentia vai bloquear nossa capacidade de nos ultrapassarmos.

Lanza del Vasto, Prémio Nobel da Literatura explica com o rigor de um espírito erudito, e superior, a existência destes movimentos e os caracteriza de modo claro. Eu toquei ao de leve nesta matéria pois considero que o ser humano tem que ter noção exacta de todos estes fenómenos. Conhecê-los pode ajudar a lidar com cada movimento, de modo a tirar partido do movimento de expansão, e de modo a entrando num período de retracção, ter consciência do facto, lidar com ele correctamente, e accionar meios para ultrapassar esse período negativo e que nos tolda a visão de nós e dos outros. E nos encerra, aprisiona, onde mais valia tem o homem, na mente, na consciência, nos pensamentos, e na nossa relação com o mundo.

Acho que escrevi tudo isto só por escrever - o pensador é assim - rapidamente quase passava de um homem como efectivamente sou, simples, a um psicólogo, ou outro cientista das coisas que se passam dentro de nós e afectam o nosso exterior e as nossas acções.

Foi uma meditação de quem está só num sábado e não tem nada para fazer. Lá fora ameaça chover. Voltou o frio. O céu está carregado de nuvens cinzas e negras. Tudo isso contribui para que uma amálgama de vazios, tristeza e solidão, me tenha feito estar aqui, distraído divagando sobre coisas da alma. Enfim, peço que me perdoem. são 10 horas e 58 minutos, este sábado vai pesar muito. Vai custar a passar. Os dias para quem está numa espécie de clausura são todos iguais. A monotonia mantêm-se e agrava-se com este tempo que como eu, anda fora de época. Não estamos sós, posso concluir. Nem a mim, nem ao tempo, ninguém nos entende.





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