quarta-feira, 25 de maio de 2016

SEDUTORAS PALAVRAS COM VENENO DE MAMBA


MARTELAM NA CABEÇA... DÓI

NO CORPO E NA ALMA










Fui dar uma pequena volta - que me faz falta caminhar, distraír, pensar noutras coisas, mudar de hábitos, de vida, de tudo... - mas não consegui tranquilizar. Continuo debilitado. Posso dizer tudo o que me venha à cabeça mas depois é como se o corpo não obedecesse, como se as pernas não quisesssem caminhar e as mãos se recusassem a fazer o que tem de ser feito e é adiado faz uma quantidade horrível de tempo.










Não me saem da cabeça palavras que hoje parecem dirigir o meu modo de vida, o dia e a noite, todos os momentos, bastando pensar, pausar, e logo sou sacudido com extrema violência com as palavras que focalizam todo o meu infortúnio, a minha revolta, e minha necessidade de gritar, agir, revolucionar, enfim, de libertar-me como de um espírito maligno que trago dentro de mim.













Se fosse autoridade na arte das palavras, literatura, idioma, vocábulos e toda essa panóplia de apetrechos que dizem - acho meio duvidoso mas... - sem os quais não é possível escrever bem, nem expressar-se sem erros. Mas, garanto, se fosse erudito, - não como aqueles que venderam o português por coisa pouca e sabedoria duvidosa - acabaria de imediato, com decreto ou lei, com esse famigerado e ilógico Acordo Ortográfico. Para que serve e a quem serve? Onde se viu um país de língua mãe, abandonar o seu modo de se expressar porque filhos e afilhados falam diferente. Alguém imagina a Espanha, trocar o castelhano genuíno e seu faz centenas de anos, pelo castelhano mexicano, ou do Perú, ou juntar cada um deles e fazer um cozido à castelhana donde saía uma coisa que não servia ninguém e destruía uma coisa a cada um.



Mas nós, basta olhar para mim, que devia estar calado, sempre tivemos a mania de estragar, de perder, de menosprezar, de não valorizar, desta feita o património que é a língua de Camões. Faz poucos dias, tenho acompanhado a questão brasileira para me distrair desta envenenada vida, e fui verificando a utilização de muitos c, que nós abolimos em nome de uma uniformização irracional. Com isto, vá lá o diabo escolher, o português mais puro vai ficar no Brasil e em Portugal vai falar-se uma miscelêndia de coisas nenhumas parecida com o português que acompanhou o nosso desenvolvimento em tempo e espaço. Não um idioma por decreto. Isso é tolice.

E, é verdade que até entre intelectuais respeitáveis de que eu nunca gostei, existem defensores acérrimos do nosso português. Hoje abrimos um jornal, qualquer suporte para colocar letras e poalavras, e nada vemos ou observamos, "escrito com o Português sem Acordo Ortográfico". Estes são heróis, escrevem com honra e recorda-me algo do género, "desmentes o amor que sentes pela tua terra se não a respeitares em tudo". Hoje pululam escritores que não respeitam o português e pela lógica o amor que podem ou não ter poor Portugal, é cousa nenhuma.

Se... Adoro esta condicional que nos permite imaginar que somos quem gostariamos de ser, e na condição é lícito escrever tudo o que nos vem à cabeça, enquanto houver liberdade de expressão. Que já é bem mais eficaz o combate jurídico ao que aplicou mal o verbo e enxotou uma mosca, que dar com o enxota moscas naquele ser que tem direitos e mais direitos defendidos no parlamentos , em leis, e alvos de decisões pesadas na justiça. Como dizia o outro sem papas na língua, pode-se roubar, chamar ladrão é que é crime.

Mas, tenho de deixar de ser uma espécie de dependente das letras, e ir ao essencial: acabe-se com o anti-patriótico Acordo Ortográfico, e pela minha saúde, mesmo que saiba o quanto isso é impossível, acabaria também com as palavras que me mantém refém das forças do mal: reitero, espere, esperar, piorado... A favor da saúde pública e da minha que também sou público. Por enquanto.




                                                                



"O pensador é antes de
tudo dinamite, um
aterrorizante explosivo
que põe em perigo o
mundo inteiro"

Nietzsche







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