AMIZADE COM UMA ESTRELA
Tenho um problema que a prudência determinaria inconfessável. Mas a realidade por muito enigmática ou estranha que pareça não deve ser escondida por medos ou fraquezas. Dos fracos não reza a história, diz-se, e como junto às minhas parcas forças acresce uma boa dose de loucura entendi chegada a hora da revelação; tenho amizade com uma estrela. Faz muito tempo, anos, muitos anos. Nos encontrámos por acaso, e desse encontro vieram a ocorrer mil e uma histórias que mais parecem delírios, razão bastante para não me perder em divagações por agora. Mas fica prometido que toda essa história que parece tecnicamente uma impossibilidade a contarei no tempo próprio. Hoje apenas revelo este sentimento maravilhoso que é ser amigo de uma estrela, e a ter de amiga, e juntos termos passado tempos fantásticos. Todas as noites a busco no céu, Agora é adulta não vem à terra. Mas quando a olho e quando ela me sente há algo magnífico que não consigo explicar com palavras.
Sei o risco que corro quando venho num blogue público mencionar que sou amigo de uma estrela, e por isso, para fugir ao julgamento popular que determinará que me encontro varrido de todo e deveria ser internado, ou pelo menos não poder andar às soltas por aí, venho também comprovar essa realidade extraordinariamente incrível, pelo que junto algumas fotos que tenho da estrela em passeios que demos os dois no jardim de Portalegre.
Mas possuo muito mais fotos da minha estrela em passeios e caminhadas que fizemos juntos. A estrela existe, está no firmamento mas já esteve na terra, e quando necessito conhecer coisas cujo desígnio o meu entendimento não consegue descortinar, é a ela que recorro. E, lá nos confins onde vive, com a visão quase ilimitada que tem sobre o natural e o sobrenatural, e os conhecimentos em variadas dimensões, por vezes me faz chegar as respostas aos assuntos mais complexos, me explica a causa de fenómenos que não compreendo, me narra acontecimentos que nem ouso sonhar.
Decidi recorrer a ela sobre todo este imbróglio da minha Junta Médica. Eu tento analisar mas sempre fico sem compreender porque aconteceu. Eu tenho demandado nos Órgãos oficiais competentes e o silêncio persiste. Reclamei no famoso Livro Amarelo e a decisão que é obrigatória e tecnicamente segundo o Código do Procedimento Administrativo (reformulado) não deveria levar mais de três meses já vai no dobro do decurso de tempo.
E, apesar de julgar que estão a ocorrer factos novos que vão obrigatoriamente a encontrar um fim para este problema, não resisti olhando o firmamento à noite, no pequeno jardim de casa, e ao ver a minha estrela, lhe perguntar se poderia descobrir alguma coisa sobre assunto tão pouco claro que me estava fazendo mal e me tinha já efectuado importantes prejuízos.
Fiquei boquiaberto quando duas noites seguintes a minha estrelinha me contou sobre o que descobriu sobre o meu caso. Fiquei amedrontado do mesmo modo que a minha perplexidade não me permitem aqui e já contar seja o que seja sobre o tema. Mas é algo de maldito, de muito complexo, uma verdadeira história mirabolante. Ficará para a próxima...
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"O pensador é antes de
tudo dinamite, um
aterrorizante explosivo
que põe em perigo o
mundo inteiro "
Nietzsche
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