quarta-feira, 20 de julho de 2016

O MEU DESTINO NÃO É SER ENXOTA MOSCAS...



Prefiro cair em luta que andar de gatas

Muitas vezes temos dificuldade em compreender a causa de determinados acontecimentos que parecem injustificados mas infelizmente acontecem muitas vezes. A vida é uma constante luta. São os sonhos e as utopias de um dia que determinaram que o mundo seja como é. Alguém pensou, sonhou, e pela luta de que a ideia não fosse apenas um imaginário mas se transformasse em algo real, chegou o dia da concretização, da realização do que antes parecia impossível. O homem deve desejar muito, o melhor, e se possível deve querer mesmo o impossível. Só deste modo o mundo avança.

Quando temos à nossa volta um mundo inteiro que foi dado ao homem para nele se realizar e ser feliz, parece doentio ver no que ele se tornou. O planeta está uma lixeira e admito que o fim tem que ser o resultado natural da devassa, da falta de cuidado ambiental, da ganância dos interesses de uns poucos. E o homem já há muito tempo se arruinou. Está cada vez mais animal, nele prosperam os instintos mais vis, se entrega a práticas onde a violência, a gula, a perfídia, a arrogância e a vaidade e a falta de ideais, de valores, de moral, de ética se misturam lhe retirando a nobreza de carácter, a verticalidade, o sentido da verdade e da justiça. Não se compreende como desceu tão baixo e como a sociedade tolera e parece incentivar os maus costumes, a tirania e a ausência de escrúpulos.

A mediocridade nunca foi tão grande, a vulgaridade vê-se em todo o lugar, é um mundo de faz de conta, sem regras, selvagem, a lei do mais forte e do mais esperto. O lambe botas é idolatrado pelas classes dominantes que não conseguem impressionar mais ninguém. O mérito, o valor, a competência, a lealdade, a confiança são coisas que não são deste tempo.

O homem vive. Nasce, cresce, faz filhos - não aprende a dançar - e depois vai fazendo de conta até ao dia em que fazem contas da herança e o gabam por tudo e por nada. Foi como veio. Um sopro. Com sorte se abraçar a política e for ás na corrupção, compra um curso, vai a gestor público ou a ministro, e se não acabar numa prisão, ou nas capas dos jornais de crime, ainda lhe dão o nome numa rua, e recebe uma comenda.

Os direitos que tanto tempo e tanto esforço levaram para ser conquistados - que nunca se deu nada a ninguém - vão caindo, uns atrás dos outros, como se de uma fatalidade decorressem, e não da desgraçada gestão pública, ineficaz, incompetente, mafiosa e corrupta. Uns fazem as asneiras, são os do arco da governação, uma atrás da outra, e se vão revezando a ver qual faz pior. E não tem dúvida, aclamado como uma equipa de bola, vai jogando, vai perdendo, cada vez estamos piores, mas tem sempre uma desculpa, a burrice ou a pouca sorte. Mas não tem problema pois esses senhores ministros nem têm de dar contas em termos de responsabilização civil ou criminal dos seus desnortes e desmandos. E depois a salada russa vem por aí abaixo em polvorosa, alegre e incapaz, a fazer o que não sabe, a mandar o que não deve, a responder por coisa nenhuma.

São os BOYS. Basta jogarem na equipa e abanarem sempre a cabeça apoiando os padrinhos que a hora vai chegar, logo se coloca o filho da porteira, o sobrinho do senhor doutor, o companheiro de equipa, o afilhado, aquele a quem se deve uns favores. Enfim, fica tudo inchado. E desde o alto até à cave é o Deus me livre. E tudo anda para trás. O palavreado é novo, na falta de obra fala-se em objectivos, metas, missão, classificações e leva-se meio ano num arrazoado de papéis que é uma perda absoluta de tempo. Sempre se sabe que a classificação meritória vai para a senhora da Opus Dei e para a amiga da Directora. Nada é feito com verdade é tudo uma farsa. E o país de cabeça perdida lá vai cantando e rindo com toda essa canalha atrás, e o povo, coitado, essa massa heterogénea anda absolutamente sem qualquer convicção, sem ânimo, arrasta-se. Que mais pode fazer?

Enfim é o país que temos e provavelmente é o país que merecemos ter. Se alguém levanta o braço, ou diz não, ou luta, é imediatamente catalogado de indisciplinado, irreverente, insatisfeito, perturbador, louco ou provocador. É marginalizado e socialmente é um perigo. Fazia falta a Inquisição e resolver-se-ia o caso em dois dias. 

Eu ainda vivo, mas tenho ideia que o meu mundo já não é este há muito tempo. Estou ultrapassado, cansado, doente, não tenho capacidade para perceber as maravilhas dos tempos modernos e as evoluções galopantes nas sociedades. O mundo mudou. As pessoas mudaram. E eu continuo a lutar, só, sem ao menos ter um Sancho para me ouvir. E continuarei, com a graça de Deus, pois prefiro cair em luta que andar de gatas atrás de meia dúzia de incompetentes vaidosos.









 





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