domingo, 24 de julho de 2016

O PRIMEIRO PECADO FOI MORTAL



INTERPRETAÇÃO: XEQUE-MATE



Surpreendeu-me à dias uma conversa que por acaso apanhei de raspão entre clínicos envoltos num procedimento criminal num Tribunal do distrito de Portalegre. E um, com ar de mais esclarecido dizia aos outros algo deste género. "não podem ter receios, a interpretação tem sempre uma vastíssima discricionaridade, nenhum médico tem problemas por factos imputados à interpretação".

Por um lado achei que esse médico devia levar logo um par de murros nos cornos. Se a história fosse há 30 anos atrás ou antes não se livrava. É preciso ter um descaramento e uma ideia de impunidade acima das leis. Com que então Suas Excelências podiam cometer erros de interpretação - que não percebi de quê - pois os médicos, como se fossem uma casta de importantes acima de instituições e leis, sempre se livravam da responsabilidade. Como enguias escorregavam dos braços da Justiça. E o doente como se fosse pouco mais que um qualquer animal que se lixasse. Isto é um pandemónio dos diabos. Só pela conversa - e ainda bem que não sou Juiz  - iam todos de cana para aprenderem em lugar tranquilo a interpretar factos, textos, exames ou fosse lá o que fosse de cuja ignorância ou não se interessar acabou a lesar alguém.

Os médicos têm de aprender que são iguais aos demais cidadãos. É um imperativo Constitucional. E se não andam alinhados levam castanha no pelo. Chamem ou não a Ordem, chamem os amigos, ou os compinchas de coloração.

É preciso saber interpretar. E se pudermos fugir ao rigor de uma interpretação literal, ou nos confrontarmos com algo que não está muito claro, não é o livre arbítrio, não é à sorte, nem de impulso que se toma uma decisão. Um médico tem responsabilidades acrescidas, que não o fazem inimputável, nem acima da lei, nem acima do doente. Isso era dantes. Agora a coisa pia mais fino e se a escorregadela for com má rés vem aí o cabo dos trabalhos. Vamos mas é ser responsáveis, e ter atenção quando fazemos apreciações sobre dados que vão implicar uma decisão que vai afectar um ser humano.












Como se pode verificar das fotos em apreço e que de um modo muito ligeiro tocam em interpretações de textos, pode-se fazer muita acrobacia literária num texto em análise, mas não é possível por exemplo dizer que o Senhor José comia castanhas no dia 10, quando as palavras do texto transcreviam que o Senhor José comia melancia. Ir contra o que está escrito, deliberar em sentido diferente do que o autor escreveu também é uma impossibilidade. Mesmo que o autor não tinha sido rigorosamente claro. É preciso cuidado com as interpretações.

Por exemplo no meu caso, no Processo contra os médicos de Saúde Pública que compunham o Júri das Juntas Médicas de Avaliação, estes responsáveis técnicos consideraram que eu estava melhor, quando o Excelentíssimo Especialista descreve que estava "PIORADO". Isto não é interpretação, isto é assassinar a gramática. E, se não têm cometido desde logo esse erro grosseiríssimo - ou acto premeditado mas mal pensado - também tinham que encontrar no Relatório Médico substância em que pudessem fundamentar encontrar-me melhor. Nem que se rebolem com argumentos da lana caprina encontram no Relatório Médico qualquer palavra que possa levar um leitor normal - não precisa de ter tirado medicina nem saúde pública, a pensar que o doente se encontrava pior Que falta de imaginação. E nem especialistas são na matéria. 

Não entendo como gente culta faz tanta asneira obcecados em fazer mal aos outros. Acabam se prejudicando para nada. Tem futuro, carreira, e vida social. Deviam ser referências e afinal são pouco mais que poucochinho. Pouco valem, nada os distingue em comportamento e atitudes do "populo minuto". E ainda a procissão vai no adro.

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