EM DEMANDA DA VERDADE
Um dos meus males, entre outros é a inquietação que me invade pelas noites fora e não me deixa tranquilamente descansar. Durmo mal, e muitas vezes nem consigo dormir. Depois tenho os dias que ando meio sonâmbulo e devo parecer um zombie, e tenho os dias, parece inacreditável, em que parece que dormi maravilhosamente pois me sinto bem e não tenho nem qualquer cansaço nem sono. Sinto-me mal, está um tempo horrível de trovoada, relâmpagos, trovões, calor abafado, atordoa-me o sentido e essa sensação de desgaste da noite mal dormida. Não é fácil. Depois, não é bastante o não dormir serenamente, sempre se junta para ajudar na festa todo um conjunto de pensamentos, que chegam a se entrecruzar de modo que por vezes me perco, e paro, tentando colocar ordem, pois não segui o pensamento, e me perdi. Mas logo em seguida vem qualquer outra coisa ocupar o meu cérebro e levo nisto horas, depois acordo de manhã, a cama num estado lastimoso, e esse horrível sentimento abananado que me desgasta.
Imaginem que esta noite estive ocupadíssimo no lugar da minha adversária em matéria de Junta Médica e procedimentos posteriores, e preocupado como provar o famoso "reiterado" que ela temerariamente escreveu numa carta que me dirigiu e pelas informações que disponho também chegou a sua Excelência o senhor Provedor de Justiça, e sei lá a quem mais. E imaginem se não estou maluco, eu preocupado com o outro lado, que me fustigou, que troçou de mim, que fez-me passar por palhaço, e me fizeram uma Junta Médica, Deus me livre, o que foi aquilo...
Pois bem, levei horas a pensar. Levei horas aterrorizado - de certeza mais que a parte que invoca aquelas justificações - temendo ser apanhado em erro, em mentira, em dados não correctos. Como provar e acabar de vez com o pandemónio com o doido dos Fortios, e o calar de vez. E fez-se-me luz. Ou seja encontrei a argumentação que a outra parte pode assacar contra mim e fiquei feliz com isso. É de loucos varridos.
Pareceu-me de repente tudo simples. Só dá um pequeno trabalho, mas nada que um pouco de burocracia administrativa seguida de demandas técnicas não resolva de vez. Argumenta a Excelentíssima Presidente de Juntas Médicas que me contactou várias vezes e nesses actos me terá informado dos requisitos necessários para eu ultrapassar o impasse que resultou da minha Junta Mèdica e que tudo foi devidamente acautelado.
Logo eu, já se sabe perturbador das coisas que me envolvem, vim deitar por terra toda essa argumentação. Repudiei o "reitero" que achei a palavra mais baixinha que em muito tempo lia, pois se ainda funciona o meu fraco português quer dizer que repete (repetir, repeti, repetido), mas ora se eu não me lembro nem de uma única vez, como me podem vir na cara dizer que me repetem. Endoidei de todo, é isso?
E depois dizem na minha cara que repetem que me informaram que para resolver a minha situação tinha de fazer entrega de novos documentos - isso já tinha feito meses atrás sem qualquer sucesso - e tinha que requerer uma nova Junta Médica. Hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm, aqui é que está o gato. Nunca me foi dito nada disso, O interesse era prejudicar-me, empatar-me, enganar-me, fazer de mim palhaço. Então como me avisaram que tinha de requerer uma nova Junta, que custa uma ida ao Delegado de Saúde, e um pagamento de 5 euros, e eu puramente ignorei, mas me avisaram várias vezes, e fui a correr ao meu especialista pagando 70 euros por consulta para obter os tais documentos que meses depois me dizem ser necessários de novo. Faz qualquer sentido?
Vi a coisa tão complexa nos meus pensamentos de ontem que tive pena da Exma. Senhora Delegada Distrital e Presidente das Juntas Médicas. E fiquei aterrado, em pânico e se lhe pedem justificações, documentação, algo que comprove - que não seja simplesmente arrolar gente da casa - das afirmações, sem qualquer sentido que afirma ter efectuado. E matutei, pensei, reflecti, ser pensador não é só tarefa para meu interesse, me estafei a pensar na boa da Senhora Doutora que vai ter dores de barriga para provar o improvável. Que pânico. E se vem a ter problemas? E se provam que todas essas patranhas são uma absurda mentira, uma desculpa esfarrapada? E que anda a enganar meio mundo?
Não podia dormir. Sentia no meu corpo ainda uma réstia das dores que me tomaram, faz dias , e senti a consciência atribulada, inquieta. Tinha que fazer alguma coisa, Posso ser adversário, posso lutar por valores e princípios, mas não desejo mal aos que comigo se cruzam e com quem sou forçado a litigar. A vida é superior a essas querelas. Que fazer? Como provar a bondade dessas desculpas de facto estranhas. Mas também é verdade que o doente está meio maluco e foi a correr tratar de tudo e gastar os setenta euros mas nunca se deu à maçada de ir ao Delegado de Saúde requerer nova Junta. Isto é fez o difícil e não foi capaz de fazer o mais fácil. Entre gente normal nada disto faria sentido. Mas há gente assim, perdida, descontrolada, desprovida de sentido, que confundem tudo, são completamente incapazes, só provocam confusão e danos. Deveriam ser internados.
Tive de fazer um mea culpa. Mas a minha preocupação era provar os factos invocados, dar uma pista, e quem sabe depois disso minha consciência encontrasse algum alívio e desse modo pudesse reencontrar noites de sono e de descanso.
Insisti, levei tempo, mas ainda vou acreditando que não estou vazio de todo, com calma sempre chego a algum lugar e percebi que Vossa Excelência pode facilmente comprovar todos os contactos - que percebi foram vários - nomeadamente os telefónicos. Vossa Excelência é uma Autoridade e deve requerer aos CTT, ou às entidades Operadoras que lhe emitam um documento onde conste o dia e a hora e a duração dos contactos telefónicos entre o Serviço que vossa Excelência dirige e o meu Telemóvel ou o meu telefone de casa. Na posse desses elementos, e com a lista das chamadas efectuadas pela Unidade de Saúde Pública de Portalegre o assunto termina e deixa de haver lugar a dúvidas.
A bem da verdade até do lado do adversário. Lutemos, mas com a verdade. Mentir é tão feio. E com estes dados que espero venham a ajudar Vossa Excelência lhe desejo continuação de boa luta. Nada ficará ad eternum...
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