terça-feira, 5 de julho de 2016

PODE EXISTIR JUSTIÇA DEPOIS DE TANTO TEMPO?...


Bem sei que estamos no fim do Alentejo, quase em Espanha, e tudo para aqui chegar é problemático, As coisas ruins não sei se por algum pacto diabólico com o rei das trevas até nem desespera na chegada e merecidamente vai ocupando o seu espaço tudo envolvendo. É como a água aberta numa comporta, sai forte, e se vai espalhando de acordo com a morfologia do terreno. E como aqui tudo é planura, só acima da Fonte dos Amores, diziam os espartanos, começa a subida de um grupo de montanhas velhas que terminará lá pelas terras de Quixote y Sancho, tudo vai envolvendo essa mancha de água, tudo possuindo, desejada face a secas ininterruptas em diversos tipos de dimensões, onde se pauta. com lógica a seca climatérica, dependente de muitos sóis e poucas nuvens que brotam precioso néctar.

O mesmo se passa por estas bandas com as coisas boas, secam, não medram, não crescem, - parece nem quererem chegar perto - como se o solo e as cousas, estivessem banidas ou simplesmente não desejassem a bênção protectora do bem, ajudando à vida de cada dia, e à vida de todos. Ele há mundos assim desafortunados, sob pena suspensa, que vão caindo, caindo, caindo, tanto que depois nem de bruços se conseguem colocar, ficando ilimitadas planícies de vazios ou de neblinas onduladas sem fim.

Este meu Processo de uns poucos de médicos judiando com o doente é um pouco de tudo, de bem e de mal, a natureza não conseguiu fazer um esquecendo o outro, e para o mal parece a barragem do Alqueva, a água entrou e tomou tudo de jorro, aprisionou, cerceou tudo em redor, conspirando na tradicional ladainha das ruins cousas, parece ter acontecido por terras de Alacer um verdadeiro Bloqueio Continental. Os médicos e as artimanhas, as patifarias, os enredos, o faz de conta, a razão pobre de um poder reles, estão protegidos (pelo demo?) e seguem tal e qual como se tivessem sido laureados com o Prémio Nobel, ainda não terem sido agraciados, promovidos, e objecto de honrarias e farta e erudita homenagem, deve-se, só pode ser, a um triste e sempre lamentável erro de paralaxe que um intelectual do burgo distraidamente cometeu. Esta cidade dá-se bem com gente bronca.

Quanto ao bem... parece que não consegue ultrapassar o Bloqueio Continental, parece que não é desejado pelas figuras gradas desta megatrópolis, entrar nesta terra fecunda vai inquinar para todo o sempre as culturas, o que a água tomou por bem, o futuro, o status quo, que mais não é que rastejar no lodo, para apanhar talvez alguns bagos de cultivo que apenas conseguem e mal, alimentar as castas nobres, os pequenos imperadores e imperatrizes, um punhado de tribunos, uns senhores feudais, e o amontoado de jornaleiros baratas tontas que em bicos de pés correm em excessos de velocidade poeirenta - mas não possuindo outro modo para mostrar subserviência e obra feita, correm, suam, avermelhados sem fôlego, correm de um lado para o outro, abanando a cabeça na vertical, sempre correndo, sempre abanando - e assim, nesta confusão em que a palavra de ordem é evitai esse empecilho que quer entrar, manter o que existe, procura-se que esta terra sem lei, de gente coitada, de povo infeliz, de poderosos de trazer por casa, de intelectuais sem audiência e eruditos sem assinalável obra, continue sem sobressaltos, tranquila e serena, imutável, em ordem, de acordo com a tradição. Isto ainda vai dar para muitos anos pensam os que exercitam os miolos a favor dos grandes. Então é melhor não mexer em nada. deixar estar como está. Fora com os desconsolados, enganados, tristes, reclamantes, protestantes, revolucionários. Isto está em plano inclinado faz décadas mas podem sair mais uns poucos. O pior é se abrem as portas. E o Palácio Amarelo passa a dar para os festejos populares, os cerimoniais com pompa e circunstância, o lugar dos amigos e donos da coutada. O bem,... bem, isso é coisa de poetas. Deixem-no ficar lá longe.















 



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