Filippo Giordano Bruno (1548 - 1600), foi julgado pelo Santo Ofício, em Roma, que o condenou à morte como "frade apóstata" e "herético impenitente", "pertinaz" e "obstinado".
De tão trágico fim resultou a imortalidade do Bruno e de Nola - "a terra que o poeta projectou para sempre ao associá-la à sua obra e à sua nolana filosofia".
Dias mais, dias menos, faz 417 anos sucedeu tudo isto a um livre pensador.
Ainda hoje a fogueira arde para aqueles que não acatam as directivas de grupos alienados, extremistas e poderosos que tudo tragam e destroem na luta por poder.
A roda gira e os factos convertem-se em história presente e real. Milhares de espíritos livres, artistas, poetas, pensadores, filósofos, homens de ciência, guerreiros da verdade e servidores do que é justo, continuam a perecer em incêndios de ódio um pouco por todo o mundo.
Hoje as dúvidas e os inquéritos preocupam e desesperam todos aqueles que jamais pensaram que a história colocaria no lugar devido e merecido os que julgavam silenciados para sempre.
No tempo que é o nosso não encontramos quem questione; porquê?
Queimam-se e matam-se homens que não interessam aos poderes instituídos, perturbam a estabilidade social, não se procura saber donde vieram, porque se mostram irreverentes e porque ousam propor mudanças e mostrar novos caminhos.
O que hoje subtilmente sucede - há maneiras inimagináveis, subtis e eficazes de silenciar para sempre, sem visíveis chamas, nem Santas Inquisições - é calar, destroçar, arrasar, apequenar e destruir, tal e qual como antes, os inconformados, os que não calam nem mostram medo, os que colocam dúvidas e apresentam questões, todos aqueles que lutam por inconfessáveis verdades e insustentáveis mudanças, que uns poucos, que tudo podem e tudo fazem, não toleram.
Hoje, diferentemente de há quatro séculos, sem o crivo inquestionável e os ódios fanáticos dos inquisidores da Igreja, ao espectáculo animado do churrasco humano contrapõem-se alertas, e os horrendos crimes que habilmente se mantêm na impunidade e protegidos por uma legião de cúmplices, contornando o direito e contando com uma justiça que é feita para alguns, existem observadores e registos, e muito mais rápido - o tempo segue em rota acelerada - serão repostas verdades, descobertas as perfídias avassaladoras, os crimes, e ao mesmo tempo que se procede ao renascer de uns quantos, se julgarão e aplicarão as penas àqueles que os tentaram retirar do mundo.
Devemos ter essa realidade em conta. O fogo como os demais elementos mudam e tudo fazem mudar. Os que vivem e vandalizaram, encontrar-se-ão vazios, ocos, murchos e sem luz no mesmo tempo em que os julgados mortos vão ocupar os seus lugares e mostrar que pelo fogo, é possível atingir a glória, e a imortalidade.
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