RESPOSTA DO PODER CRIADOR DA INJUSTIÇA
A UMA PROPOSTA DE DIÁLOGO E CONSENSO
DE UM DOENTE SUBMETIDO A JUNTA MÉDICA
NA UNIDADE DE SAÚDE PÚBLICA DE PORTALEGRE
SOBRE UM ACTO ILEGAL, IMORAL E DESUMANO
QUE DELIBERADAMENTE FOI DECIDIDO
COM O FIM DE CAUSAR DANOS
COMO EFECTIVAMENTE VEIO A CAUSAR
I I I
(...continuação)
O poder que existe nos médicos da saúde pública que me atacam (Excelentíssima Senhora Presidente do Júri de Juntas Médicas de Incapacidade e seus Digníssimos e Doutos Membros do Júri, e quem na sombra tudo instigou, - a arte está em lançar o veneno mas ficar de fora) - autoridades de saúde diz-se - apresenta naturalmente expressivas vantagens o que, desde logo os induziu, induziu à sociedade portuguesa, e a mim não me perturbou absolutamente nada, que fazem parte da corporação profissional mais poderosa do país, que só apenas por descuido grosseiro e muita publicidade à mistura se submetem a juízo ou são alvo de sanções, são gente que escapam às teias da lei muitas vezes, - lei essa que em Portugal ainda não consegue ser igual para todos, havendo mesmo quem diga que algumas se fazem por medida - são um grupo profissional que suporta todas as adversidades e ataques com uma união fortíssima, onde as rivalidades se unem, as competições e inimizades dão lugar a sã camaradagem quando de fora alguém se mete com um deles. Hoje defendo-te a ti e tu farás o mesmo por mim amanhã. Podem ver-se nas queixas apresentadas no Livro Amarelo contra médicos a percentagem de sucesso. Raramente são culpados seja do que for. Podem tudo. Não há gente igual. Poderes semelhantes só no terceiro ou quarto mundo ou entre os do regime na Venezuela, Coreia do Norte e outras coisas semelhantes. A alicerçar o seu poder está uma teia de cumplicidades que leva à impunidade, e a impunidade - dizem - é mãe da corrupção.
Já tenho uma lista larga de gente grada que deu um tiro no pé, tentando ou por desastradas acções, ou por omissões, posicionar-se ao lado dos médicos que abusivamente tiraram o que é meu, o meu direito. Mas à volta do caso a cegueira é imensa. Está bem de ver, temos de mandar vir mais oftalmologistas de Cuba.
Uma luta destas nunca desejei. Afinal primeiro julguei tratar-se de um erro. Depois fizeram-me crer que era algo de interpretação. Tratei de os elucidar, tirar dúvidas. E só depois de andaram meses a brincar comigo como se eu fosse um palhaço de circo, percebi que tinha caído numa cabala criminosa, e num joguete ilegal e cretino. Aí só a indignidade poderia fazer-me aceitar o roubo de um direito agravado por brincarem com um doente, e lhe tentarem desgraçar e destruir a vida.
Havia que lutar. Nada demais. Toda a vida lutei. Fiquei órfão de mãe com 6 anos e de pai com 20. Aprendi na escola da vida a lidar com todo o tipo de gente. E quando tive de defender-me, defendi-me. Quando tive de lutar, lutei. Quando tive de enfrentar guerras, ou batalhas, fui guerreiro e coloquei o elmo e nunca me curvei perante a falsidade, a prepotência, a ilegalidade, as arbitrariedades que por aí se fazem à toa. Perdi muitas batalhas. Tenho cicatrizes na alma que só cicatrizarão com a minha morte. Mas tinha razão. E ganhei muitas outras, mesmo algumas que pareciam condenadas ao fracasso. Verguei com a razão alguns poderosos da cidade, mesmo na justiça, e respondi com profunda acutilância aos que exerceram os seus pequenos poderes espezinhando colegas meus que defendi. Há na cidade alguns notáveis, que não ousam aproximar-se de mim. E nunca ultrapassei a linha vermelha. Mas fui rude algumas vezes. Alguns vão odiar-me para toda a vida, ainda bem, sentiria pena de mim se os tivesse de amigos. Outros andaram a fazer-me sacanagens reiteradas, sempre que puderam me prejudicaram. Mas tarde ou cedo o direito reivindicado cá veio direitinho a quem o possui. Coisas que com uns levam semanas comigo levaram anos. Mas vieram. Eu sou comparável ao cão - e não é depreciativo, tive cães que não trocaria por nada da vida por muitas espécies de pessoas que andam por aí, - eu quando mordo não largo, eu quando me pisam não esqueço, mas sou de uma fidelidade canina a quem me trata bem, a quem recorre a mim, a quem precisa de ajuda contra a tirania. Por isso decidi lutar. Afinal o que são três ou quatro, ou meia dúzia de médicos? Estão acima da lei? São reis? Imperadores? Os seus procedimentos são insindicáveis? São invencíveis? Não, são pessoas e estão ao meu alcance se me fazem mal e para isso usurpam poderes e contrariam a lei. Não os temo.
Mas quero esclarecer que em toda a minha vida nunca ataquei ninguém. Nunca. Nunca fiz mal deliberadamente ao meu semelhante. Sou imperfeito e cometo erros. Mas respeito o ser humano. Não faço distinções. Tenho amigos poderosos e fracos. Tenho amigos ricos e pobres. Tenho amigos inteligentes e outros pouco esclarecidos. Há fracos de muito poder, pobres muito ricos e gente que não sabe ler e tem muita sabedoria. Nunca me meti com ninguém. Ou quando o fiz, errei, assumi o erro. Tive vergonha de mim. O ser humano não vive para fazer dano aos outros. Isso nem os animais fazem, quando atacam é por instinto de sobrevivência ou de natureza. Não gosto de guerras, sei como podem fazer sofrer. Não gosto de lutas, sei como podem magoar. Mas se tenho de me defender, farei tudo, não tolero vermes, chacais, cobardes, fanfarrões, convencidos. Quando luto sempre, incondicionalmente, estou preparado para tréguas. Sou educado. Sou digno. Sou sério. E largo as armas em qualquer momento para de um modo sensato encontrar a paz. Nada é melhor que a paz. Uma paz fraca é melhor que qualquer guerra. Mas se não querem a paz, se não querem nada mais que guerra. Temos guerra.
Assim, ao contrário do que pensam os doutos, que só são gente pois julgam ter as costas quentes, eu tenho tudo a meu favor, não temo os médicos, em verdade até me dão pena, estou louco dá-me um certo campo para deambulações, adoro ser louco pois assim fujo da tristeza do cinzentismo sem criatividade da normalidade, Tenho razão, todas as razões. Doente esperei depois da aposentação por incapacidade geral da CGA, poder descansar de uma vida demasiado cheia de vicissitudes e encontrar a paz. Só pedia paz. Pedi a morte. Tentei-a. Depois de acreditar que Deus me queria vivo, percebi que a morte só tem sentido se tiver uma causa. Como numa guerra santa. Fui atropelado por gente indigna de uma forma cruel, indigna, inqualificável. Mas Deus está com a verdade, com quem o ama, com quem está do lado da razão, da verdade. Por isso o que vai acontecer, nem eu sei, mas é desígnio divino, é amor, e poderei morrer serenamente nesta guerra. Provavelmente é o que vai acontecer. Provavelmente a arma mortífera contra os médicos canalhas e todos que a eles se uniram é a minha morte. E toda a gente perceber como é fácil destruir vidas. Deixarão de ser gentalha para se tornarem assassinos. Assim o futuro os rotulará. Se Deus quiser. Mas o divino o amor pode querer que ganhe a justiça, a razão, a verdade. Humildemente agradecerei essa graça. Não cantarei vitória. Não irei retaliar com retaliações, com reivindicações de danos sofridos, com alimentar fogos. Será uma vitória de Pirro, mesmo que devesse orgulhar-me dela. Mas não, nada paga o que tenho sofrido estes dois anos, o desprezo que caiu sobre mim, o abandono dos que mais amava, a ruptura financeira, o estar à beira do caos. Isso ninguém paga. Só o amor, o divino, o esquecimento. Em morte ou na vida não farei desta guerra uma feira de rancores nem ódios. Tenho tudo para ganhar. Não posso perder. A verdade pode ser amesquinhada, combatida, pisada, trucidadada, mas no fim sempre vence.
(continua...)
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