Ver atacar gente fraca não deveria ser motivo de contentamento ou orgulho para ninguém. Ao contrário, essa atitude criticável, é reveladora de um estatuto moral muito baixo, de uma autoestima débil e de desequilíbrios comportamentais que devem ser alvo de cuidadosa reflexão e aprofundados estudos.
Atacar um adversário mais forte pode indiciar um desvio de avaliação da realidade, alguma ousadia ou temeridade, mesmo alguma loucura, mas não se poderá nunca confundir com cobardia, com a tentativa mórbida de apequenar ou espezinhar seres sem condições visíveis de defender-se. Pode ser um risco mas quem o assume, ou possui fundadas razões que justificam um combate desproporcional, pode ser para defender outros ou bens em perigo, ou pode ser um desafio.
Nada tem o valor da paz. Mas muitas vezes há necessidade na vida de lutar, por direitos, por defesa de bens, valores ou da própria pessoa ou outros, contra ilegalidades, tiranias, ou comportamentos prepotentes.
Em paz pode ganhar-se uma guerra em que as forças em oposição combatem com ideias, com argumentos, com convicções, e em que de cada um dos lados esteja garantido um equilíbrio. Admite-se que a razão, a verdade e a legalidade acabam por vencer e quem está do lado contrário aceite naturalmente que o seu seja de quem tem o direito. São guerras inteligentes, maduras, sem violências, sem ódios, sem beliscar sensibilidades e a dignidade dos que se confrontam. Há elegância e um certo charme em participar nestas batalhas, onde o vencido pode felicitar, ou pedir humilde e serenamente desculpa ao vencedor. Reconheceu-se o direito, fez-se justiça, houve sentido da moral e da ética e a inteligência esteve ao serviço dos valores e princípios que se questionavam.
Estas guerras e estas batalhas, tendo como armas a inteligência, a moral, a ética, o direito, deveriam ser as únicas travadas em seres humanos.
O uso de falsidades, qualquer género de violência, a tentativa de imposição da razão da força e o recurso a cumplicidades e impunidades certas, abastardam a contenda, envergonham quem recorre a expedientes mais que duvidosos e muitas vezes ilegítimos, É a guerra bruta, com armas que ferem, que magoam, que deixam marcas e podem matar. É a guerra típica do que sabendo não ter qualquer razão quer obrigar através de meios ilícitos e o recurso da força a vergar a vítima, a quebrá-la, a destruí-la. E tudo fará para o conseguir.
Porque infelizmente - a natureza humana está cheia destas tristes demonstrações - são nos mais fracos que os supostamente fortes querem sacramentar o que consideram ser o seu poder e supremacia. Mesmo quando a força afinal é a mais reles cobardia e o poder é usurpado para fins diferentes do seu fim.
Nada é mais patético que meia dúzia de chacais a atacar um gato, cheios de pujança, força e valentia e vê-los fugir de seguida, em corrida desesperada quando percebem que afinal o gato era um tigre. Às vezes os poderosos de trazer por casa metem-se com quem não devem, enganam-se nas contas, e depois dão-se mal.
Mas, cobardes, gente doente, gente indigna, gente que de gente só tem aspecto, galos sem penas, e fanfarrões de copo de três sempre vão existir. Nunca ganham. Quando levam a melhor sobre as vítimas, sabem subtilezas, a arte de enganar, vestem roupas de gente séria, não têm quais quer escrúpulos em violar tudo, até a lei, mais tarde ou mais cedo descobre-se a verdade. São vitória com mãos sujas, enlameadas, fedorentas ou com sangue. Têm um sabor amargo. E sempre obrigam á vergonhosa revelação em cada manhã, quando se olhem no espelho e vislumbram um canalha. Custa a engolir. É uma nódoa que não sai. São eles mesmos reconhecendo a sua imundice. E depois querem ser felizes, querem amor, querem o que nunca tiveram nem conheceram. Gente poucochinha.
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