sábado, 10 de setembro de 2016

O QUE MAIS VALE NÃO É VIVER, MAS VIVER BEM (PLATÃO)

















































Diz Rousseau que o homem é corrompido pela sociedade civil (que é corrupta). Eu não tenho obviamente conhecimentos que me possam desviar dessa teoria, sendo mesmo certo que me parece que existem fenómenos externos ao homem enquanto pessoa que o afectam desde que nasce até que morre. E creio que são as circunstâncias de cada um quem faz o homem como ele é. Depende desde o berço, da família, do crescimento, da educação, onde vive, com quem convive, as suas escolhas ou a falta de poder optar, vão-no atingindo, sendo que cada passo o vai tocar, e entrar no seu interior, onde vai inevitavelmente produzir marcas que para sempre, ou durante muito tempo vão condicionar o seu relacionamento com os outros, o seu carácter, tudo aquilo que vai determinar o seu modo de estar na vida.

O mundo moderno - onde imperam democracias consolidadas, o direito internacional e Organismos Internacionais com grande influência na vida das Nações (UNESCO, FAO, ONU, FMI, NATO, ...), Organização de Países (UE, OEA, MERCOSUR, CPLP,...) um sistema de comunicações eficaz e vertiginoso que transformou o mundo em algo que se vê, se conhece, há velocidade da luz e nos provoca conhecer ao instante, - em vez de ter encontrado em tanto Acordo, em tanta União, em tanto progresso, em tanto avanço da tecnologia e da ciência, um bálsamo eficaz, continua a enfrentar velhos problemas - guerras, violência, terrorismo, fome, violação dos direitos humanos - a que se vieram juntar novas pragas que fazem dos povos um emaranhado de gente que busca a felicidade, a vida boa, com as dificuldades e os perigos sempre aumentando.

Acabou a guerra fria. Terminou um equilíbrio que acabava por ser uma segurança mundial já que as duas potências de forças aproximadas se repeliam. Agora existem vários países com capacidade nuclear, sendo mesmo que alguns são presididos por gente completamente alucinada como é o caso da Coreia do Norte. E o equilíbrio foi às malvas. A tudo isto juntou-se agora um novo terrorismo que nada tem a ver com os actos de terrorismo que conhecíamos e estavam localizados, eram conhecidos os seus modos de operar, por um terror de origem fanática que ultrapassa a imaginação dos serviços de defesa, pois não tem método, não tem modo de operar, não tem território, e tanto ataca uns poucos num café, como muitos numa rua, como destrói casas e ruas e parte de cidades e mata gente um pouco pelo mundo fora. A segurança de pessoas e bem está permanentemente ameaçada não se onde, nem quando, nem de que modo. É a ameaça implacável dos extremistas islâmicos que matam em nome de um Deus que pelos vistos é de uma voracidade sem fim. E ódios sem limites.

Depois passamos da vida do mundo para a nossa vida, a de cada um, que trabalha, que estuda, que é cidadão e vive no seu ambiente social, na aldeia onde conhece toda o gente, ou na cidade onde nem os vizinhos do prédio sabem o nome uns dos outros, e a existência também não está nada fácil. Como disse Jesus Cristo, ganharás o teu pão com o suor do teu rosto, mas muitas vezes não há suor pois não há trabalho, ou não há querer, e os problemas sociais são imensos.

Abanados por crises económicas que se sucedem em ciclos cada vez mais curtos e com intensidades que parecem cada vez mais provocar piores danos nas economias mundiais, com a deslocalização das indústrias por via de uma falida globalização que terá enchido os bolsos a uns poucos mas não realizou o objectivo maravilhoso que se propunha, de aproximar os países mais pobres dois mais ricos. Temos uma generalizada crise em que quase todos devem e não parece perceber-se onde anda o dinheiro. Os Bancos onde antigamente se juntava esse precioso bem, ou vão à falência, ou reestruturam-se, ou desempregam funcionários e acumulam prejuízos. O estado paga, que o mesmo é dizer nós pagamos para entidades que negoceiam dinheiro e que historicamente tanto mal tratam os depositantes como dão discriminadamente a uns tantos privilegiados. Veja-se a manifestação de opulência do edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, a qualidade e critérios de selecção dos seus Gestores, e percebe-se que nem se sabe bem quem deve, ou quem paga, aumentaram-se escandalosamente os Directos e Administradores e o estado vai pagar tudo isso. E nós, que no fundo é o zé povinho a ser espoliado, é depois explorado e mal serviço aos balcões do Banco que sobrevive com o seu dinheiro. Uma vergonha.

Mas não é só nos Bancos. É um pouco por aí. O povo parece que endoidou, perdeu comportamentos, a palavra não expressa coisa nenhuma, vive-se na incerteza tanto no princípio de ciência como na própria viva, nos assuntos mais simples do quotidiano.

É as finanças que cobram por carros que as pessoas deixaram de ter faz anos mesmo que aqueles os tenham abatido na Conservatória. Um roubo declarado. É as Juntas Médicas nas áreas da Saúde Pública onde um doente piorado vê diminuir o seu grau de incapacidade, o que faz pensar que o doente cujo relatório indique francas melhoras vê subir o seu grau de incapacidade e os benefícios de que vai usufruir. Nada se entende. Mas também não é para entender, é para viver cada dia. O que é preciso é que entre mortos e feridos se vá escapando que tudo é terreno armadilhado. A palavra forte agora é mentir, mentir e mandar esperar. E o exemplo vem desde logo daqueles maiores aldrabões legalizados, que representam e governam o povo - o que permite que o cidadão seja naturalmente trapalhão - que prometem o que não podem e recusam terminantemente o que vão fazer.

Os mais fracos são sempre os mais vulneráveis. São assaltados sem paralelo - nem no pinhal de Leiria se atacava em tanta quantidade - e, ganham pouco em tentar se opor a um regime onde se impôs, para ficar, pragas e terrorismos, atentados e traições, como:
  • Prepotência
  • Parcialidade
  • Incompetência
  • Má fé
  • Compadrio
  • Cunha
  • Falsidade
  • Fraude
  • Mentira
  • Falcatrua
  • Roubo
  • Omissão
  • Corrupção
  • Extorsão
É este o nosso mundo. Muitos que podiam lutar por alterar as coisas não estão para arranjar problemas. A maioria sofre na carne, na carteira, na vida, no futuro, mas cala, perdido agora pode ser obtido qualquer dia, quem sabe. Outros nem se apercebem como alguns espertos os enganam e desse engano retiram vantagens para si ou para os amigos. E muito poucos resistem. Dizem não. Lutam. Normalmente são trucidados pela potência maligna que começando a puxar numa ponta não se encontra o fim. Na justiça valem menos - apesar de iguais perante a lei - que os outros. E caem, desmoralizados, sem forças, abatidos, destroçados, aniquilados no que têm de melhor e retiram-lhe a honra e a dignidade. Depois, de vez em quando aparece um maluco que abana a sociedade e nos faz pensar, pois ultrapassou tudo o que a racionalidade e a lei tentam proteger. E provocou o caos. E é capa de jornais e abertura de noticiários. Mas esse é maluco ou morre ou vai para o hospício. E o mundo continua, salve-se quem puder. Isto nem leis tem, antes era a lei da selva, agora vale tudo.


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