O que é para um homem
a vergonha abstracta de um país
quando comparada com a
sua vergonha pessoal, as dores
silenciosas da sua humilhação?
No grande plano da
História, o sofrimento é sobrevalorizado pelo colectivo e
diluído na multidão.
No plano fechado do indivíduo, as
angústias têm de ser digeridas a frio, na solidão, sem que
ninguém nos possa valer.
Há certos momentos das nossas
vidas (e eu tinha a sorte de já ter experimentado os extremos do espectro), tão felizes ou tão desgraçados que a ideia de
altos & baixos desaparece.
Em ocasiões semelhantes, todo o ambiente à nossa volta é tão homogéneo, seja translúcido
ou opaco, que nos impede de ter uma percepção correcta do lugar
em que nos encontramos.
Há momentos em que subimos
tanto que não é possível
manter-se a noção de altitude.
Por outro lado, há momentos em que tudo corre tão mal que a ideia de que existe um mundo lá em cima nos abandona e a tristeza deixa
de pesar, como se as leis universais
ficassem suspensas, à espera de que a nossa vida se resolva para só então voltarem a impor a sua serena e inquestionável autoridade.
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