...PARA FILOSOFARMOS SOBRE O MUNDO E A VIDA, PARA NOS PERDERMOS EM BUSCA DE IDEIAS, DE CONCEITOS, DE PERGUNTAS QUE HÁ MILÉNIOS SÃO FEITAS E CUJAS RESPOSTAS TÊM MUDADO COM O TEMPO E COM OS PENSADORES E DESTE MODO CONFIRMANDO QUE TUDO SOFRE MUDANÇAS, E A VIDA, A LIBERDADE, O DIREITO, A FELICIDADE, O CONHECIMENTO, A ÉTICA, OS VALORES, A CONFIANÇA, DEUS, FORAM SENDO PERCEBIDOS DE UM MODO EVOLUTIVO E SEGURAMENTE, ENQUANTO HOUVER QUEM PENSE E PROCURE RESPOSTAS, NADA ESTARÁ ASSEGURADO, MAS SUJEITO A MUTAÇÃO, A DESENVOLVIMENTO, OU MESMO A RUPTURAS, REVOLUÇÕES.
Eu não pertenço a qualquer grupo de intelectuais ou eruditos, nem tenho a pretensão de ter uma opinião reconhecida sobre qualquer matéria que possa ser alicerçada em conhecimentos academicamente atestados, não sendo deste modo, especializado em coisa alguma. Não sou filósofo, não possuo conhecimentos nem tenho a inteligência e o talento para colocar em causa o que está definido e muito menos, como alguns no passado se propuseram fazer, romper com tudo. Considero-me um pouco ilusoriamente como um pensador de fraca valia mas que gosta de meditar e reflectir sobre as coisas, as causas, os comportamentos e porque o mundo é como é, e não da maneira que deveria ser, isto é, onde não fossem necessárias leis, regras, polícias, prisões, porque simplesmente o homem seguia a moral no que diz respeito às suas decisões pessoais, e cumpria com a ética enquanto uma inteligência de uma dada sociedade ia determinando como agir em favor de uma boa convivência.
Parece fácil. Mas a moral está abandonada, actualmente mal se houve falar nela. E em sentido contrário se apresenta a ética que há uns trinta anos era conversa de universidades e pensadores de renome e hoje é falada por toda a gente. Todos apontam a falta de ética para o mau funcionamento das coisas entre pessoas, dentro de uma empresa, numa associação, ou numa sociedade ou país.
Há uns anos atrás ouvi um indivíduo numa discussão entre amigos defender que deveria existir nos currículos escolares uma cadeira de ética. Achei bem. Mas em bom rigor se me perguntassem o que era a ética não saberia nem como começar. E acredito que muita gente que fala nela também sentirá dificuldades em defini-la, até porque, podem encontrar-se várias definições.
Muitos a confundem com a moral porquanto ambas têm de facto a ver com o comportamento do homem na sua vida. E ambas expressam algo que é direccionado para o bem. Mas, desde logo a moral é um conceito no singular diz respeito a uma pessoa, é influenciada pela educação e pela vida da pessoa, e determina para ela os valores e tudo aquilo que ela pode e não pode fazer. Por exemplo, um indivíduo encontra uma carteira num local ermo, ninguém vê, e é sua decisão exclusiva, ficar com a carteira ou procurar um meio de a restituir ao seu dono. É uma decisão moral. É o que o homem faria mesmo que fosse invisível. E ele restitui a carteira. Não lhe passa pela cabeça, é para ele um valor inquestionável, e não transgride de jeito nenhum.
Quanto à ética trata-se de decisões no colectivo, isto é, um grupo, uma empresa, um organismo, uma sociedade, vão assegurando entre os seus membros aquilo que deve ser feito e o que não deve ser para se obter uma vida boa. Não pode ser uma tabela rígida, nem um conjunto escrito de regras, pois logo feitas estariam desajustadas de um mundo, de situações novas, que não pára de se movimentar e mudar. Deste modo a pessoa está integrada num ambiente onde todos foram chamados a adoptar e actualizar procedimentos para que a vida se torne mais fácil e se evitem comportamentos indesejáveis. Pode dar-se o exemplo do sujeito que pára o carro em segunda fila enquanto vai numa loja fazer umas compras, ele foi resolver um problema seu e esqueceu o colectivo, não cumpriu com o que deveria ser, e para proveito de um, durante 10 minutos o trânsito sofreu um estrangulamento, pessoas podem ter chegado tarde aos seus empregos, aos seus compromissos, pelo que prejudicou um número significativo de pessoas. Não teve um comportamento ético.
Na cidade de Genéve na Suiça existem bancas de revistas e jornais sem jornaleiro. As pessoas escolhem o artigo que pretendem e se dirigem à caixa e pagam, fazendo, se for caso disso, os trocos. Estamos numa cidade em que existe confiança no comportamento moral dos seus cidadãos. E da mesma maneira que não há jornaleiros também na maioria dos transportes públicos o acto de pagar está na decisão de quem toma o transporte. É uma sociedade evoluída. A moral dos seus cidadãos é elevada, pelo que a confiança permite uma vida mais fácil e melhor entre os seus membros. Se o mesmo fosse experimentado noutros países facilmente imaginaríamos que desapareciam os jornais e revistas e o dinheiro da caixa, e grande parte das pessoas furtava-se ao pagamento do bilhete do transporte que utilizava.
Parece fácil. Se existisse uma consciencialização geral em torno da moral e da ética, a liberdade das pessoas seria ampla, e poderiam ser dispensados radares para fiscalizar as velocidades nas estradas, polícias, multas, tribunais, prisões. O cumprimento dos comportamentos dos cidadãos estava assegurado pela moral, que levava cada um a não transgredir os valores que enquanto pessoa possuía e a condicionavam, e pela ética não possibilitando que nos comportamentos e atitudes da vida em sociedade existisse desvios, de modo a fazer perigar a boa convivência entre todos.
Parece fácil. Mas isso é num mundo idealizado, pois existe sempre alguém que no seu acto pessoal penaliza outro ou outros, e existem pessoas que simplesmente não respondem aos acordos que foram estabelecidos para que se pudesse viver bem. E são esses que obrigam a que os estados, as empresas e outras entidades tenham de se socorrer de meios de controle, sendo deste modo o homem escravo de um conjunto imenso de mecanismos de vigilância, nas ruas, nos supermercados, nas lojas, nos transportes públicos, nas estradas, no emprego, na escola, no serviço público e nas empresas privadas.
Parecia fácil... bastava ter moral e respeitar a ética. Quando?
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