quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A FORÇA NA LEGÍTIMA DEFESA ESTÁ NUM PAR DE ESTALOS OU NUM GRITO ASSUSTADOR!?



"Se eu, ilustríssimo Cavaleiro, manejasse o arado, apascentasse um rebanho,
cultivasse uma horta, remendasse um fato, ninguém faria caso de mim,
raros me observariam, poucos me censurariam,
e facilmente poderia agradar a todos.
Mas, por eu ser delineador do campo da natureza, atento ao alimento da alma,
ansioso da culturado espírito e estudioso da actividade do intelecto,
eis que me ameaça quem se sente visado,
me assalta quem se vê observado,
me morde quem é atingido,
me devora quem se sente descoberto.
E não é só um, não são poucos
são muitos, são quase todos."

Giordano Bruno






















Giordano Bruno a par de outros subversivos que vamos encontrando na história do mundo, como Copérnico, Galileu, Kepler, Demócrito, Cristo, Espinosa e muitos mais que poderia citar, recolhe de mim uma profunda admiração, que estendo obviamente a seus ilustres pares. Todos eles perturbaram o status quo existente no momento de cada um na terra, desafiaram o conhecimento, desabaram os costumes, guerrearam com os poderosos. Nenhum deles morreu deixando atrás de si uma vida que os tenha envergonhado apesar de alguns terem sido mortos, outros terem de se desacreditar em público, outros morrerem na maior miséria e outro escondeu a sua magistral obra prima e apenas a deixou ir para a Impressão, nos últimos dias de vida.

Giordano Bruno foi morto na fogueira da Inquisição. Era um atentado vivo ao saber da época e atreveu-se a contestar, a dizer não, e a escrever as suas teorias que contrariavam o saber indiscutível dos homens da ciência da Igreja. Esteve preso bastantes anos em condições degradantes, foi torturado, e por fim lá o mandaram queimar.

E de entre todos o mais conhecido e um dos maiores de sempre, Cristo, veio atacar os alicerces do judaísmo, veio pôr em causa os costumes, e veio defender uma nova realidade para as pessoas, veio explicar que havia uma coisa mais importante que a própria vida, o amor, e que com fé, e com uma vida de amor aos outros, não morreria jamais, mas depois desta vida, se abria a vida eterna. Ele trouxe o amor para a vida do ser humano como ninguém antes tinha conseguido, e os seus ensinamentos ultrapassaram dois milénios e ainda estão actuais. Foi crucificado. Atentou contra os sacerdotes do Templo e veio dizer que o amor era a coisa mais importante do mundo. Antes dele diziam que se não devia amar, pois o amor pressupunha uma ligação, e como o ser humano é perecível, inevitavelmente o amor conduziria o homem ao sofrimento. Jesus respondeu que o amor leva o homem à vida eterna.

Quando era jovem tinha outros heróis na minha banquinha de cabeceira. Prevaleciam os sonhos, a imaginação, os heróis de cavalaria, as princesas encantadas salvas sempre por um príncipe a cavalo, as viagens, os piratas dos mares, os grandes militares e as grandes batalhas, os carros e as motos, as mulheres bonitas. Hoje, a idade e a falta de sonhos, leva-me a sentir melhor aprendendo com aqueles que deram tudo de si em defesa de uma causa que muitas vezes lhes custou tudo, a própria vida.

Curiosamente não morreram. A lei da morte, como diria Camões, não os levou. Já se fez justiça, a Igreja assumiu a sua culpa e hoje representam a irreverência de todos aqueles que sendo diferentes arriscaram, lutaram, e em condições por vezes tão adversas fizeram os feitos que lhes garantem a imortalidade.

Graças a eles o mundo de hoje é como é, foram estes subversivos, irreverentes, teimosos, que protagonizaram avanços na ciência, na técnica e no pensamento, que mudaram o mundo.

No século XXI, neste nosso tempo, as coisas são como eram naqueles tempos. Também existem os poderosos que perseguem os que os contrariam, os intelectuais que vedam a carreira a um espírito novo que trás consigo ideias revolucionárias, há como que uma estratificação dos que podem e daqueles que dificilmente podem alguma coisa. Fazem o que lhes mandam fazer. A liberdade é tanto como era, sendo que muitos para a manterem aos olhos do mundo se sujeitam à crítica, à intolerância, ao abandono. A igualdade também não deve ser muito diferente daquela que existia então. Há uns que são livres de fazer aquilo que lhes dá na real gana, mesmo que o comportamento não seja dos mais recomendáveis, enquanto outros não têm liberdade nenhuma. E não conta para este juízo o estar preso ou não. pois pode ser-se livre na prisão, e estar preso fora dela.

A democracia apareceu na Grécia, e era exercida por uma percentagem reduzida da população. Hoje a democracia parece ser de toda a gente, e para toda ela, garantindo uma panóplia de direitos, liberdades e garantias que os textos constitucionais de cada nação não esquecem de enunciar. Depois aquele mesmo país, aparece na lista dos países onde não são respeitados os direitos humanos, onde as mulheres não têm os mesmos direitos e oportunidades dos homens, as prisões são instalações impróprias para pessoas, sendo certo que para espanto da Igualdade e da justiça os presos numa determinada prisão não são os mesmo que são colocados noutra. Enfim, o mundo continua com muito por fazer.

O abuso de autoridade, a má-fé, a prepotência, a imparcialidade, o desrespeito às leis, o esquecimento da moral e a invocação a todo o tempo de uma ética que poucos sabem o que é, mas que todos declaram violada, é o nosso dia, um atrás do outro, sempre, sem alterações.

E existem corporações, castas, movimentos meio obscuros, poderosos grupos religiosos, grupos de financeiros  e grandes empresários, que conseguem dirigir governos, que conseguem condicionar as políticas económicas e sociais a nível global. Com o desenvolvimento da ciência e da técnica esperava-se mais em termos de qualidade de vida, em termos de tempo de trabalho e de vida a laborar, prometia-se prosperidade, desenvolvimento, paz social. Ilusões. O delírio que foi o fenómeno da globalização como um conjunto de novas atitudes e comportamentos na economia e no investimento a uma escala global iria aproximar os países ricos dos países mais pobres, provocando-se assim um movimento benéfico, desejável e humano. Falência total, ainda se abana a bandeira, as olhando só está o pau, o pano desapareceu, a diferença entre os paiíses ricos e os pobres ao invés, aumentou, como aumentaram as diferenças entre os homens que detêm o grosso do dinheiro existente, cada vez menos, e uma percentagem elevadíssima que fica com os restos.

Hoje, como antigamente existe a necessidade de provocar mudanças, abanar o sistema, desemperrar o modus vivendi, encontrar novas teorias, novos pensamentos, fazer alguma coisa para que o nosso mundo efectivamente possa vir a ser melhor do que ele é. Mas quem se atreve a inovar, a protestar, a lutar está inevitavelmente debaixo da atenção do poder instituído que arranjará meios de o amordaçar, ou de o destruir. Hoje podem não matar os subversivos, mas têm outras maneiras de lhe acabar com a vida.

Eu, em relação a todos os nomes que indiquei e que venero de modo muito sério, não posso ser comparado com um único, de jeito nenhum. Não tenho a sabedoria, a capacidade de trabalho, o talento, a inteligência e o suor gasto para a produção de algo novo. Mas sou um pequeno copista. E se não posso copiar aquilo que os libertou da morte, tornando-me imortal, ou deus, prefiro como Ulisses ser feliz no lugar certo, mesmo que esse lugar já não exista, do que deus, ou imortal no lugar errado. E assim copio, porque me foi inculcado pela educação, a vontade de lutar contra a injustiça, o que está mal, a opressão, a tirania dos mais fortes (e cobardes) sobre os mais fracos e quando se trata da verdade sou um guerreiro, não admito, seja a quem fôr que me desminta se estou seguro da verdade. E detesto a mentira e tenho em muito baixa conta aqueles que a ela recorrem para retirar dividendos.

Por ser assim estou em guerra com uns três médicos que me fizeram um acto que eu, na minha ignorância, qualifico como crime doloso, dado que foi feito um acto não legal, e sendo conhecida as consequências que daí resultariam para mim, o fizeram. Há dolo, há vontade de prejudicar. Há incumprimento da ética, uma moral baixa, umas regras e leis que se esquecem, e uma impunidade que todos julgam ter. Afinal fazer mal a um doente, a um incapacitado, provocar-lhe dano e depois ter para com ele um comportamento que mais não foi que fazer dele um palhaço e com ele brincarem até quererem, não é nada de mais para gente grada, senhores doutores, possivelmente habituados a fazerem coisas daquelas e os doentes ficarem calados, por desconhecimento, por medo, pelas circunstancias.

Mas eu não me calei. Quando me pisaram os calos mais do que aquilo que acho aceitável protestei. E reclamei. Utilizei o Livro Amarelo que é o suporte mais habitual para os utentes dos serviços com autoridade pública ou públicos e que colocam à disposição dos utentes. Deve ter sido uma risada, os Livros Amarelos são portugueses e sempre se descobre um jeito de tornear as coisas e se manipulam facilmente, Passados oito meses não faço ideia se o Livro anda por aí, se a queixa se perdeu, se está encerrada a sete chaves num cofre, se anda de peregrinação de uns para outros, perdendo tempo e não dando em nada.

Mas decidi em face das circunstâncias, e tendo em conta que os doutos médicos não aceitaram as diversas propostas que lhes fiz por escrito e posso mostrar, de nos encontrarmos e como pessoas civilizadas encontrar uma solução. Tive que declarar a guerra com pompa e circunstancia. Uma boa guerra serve qualquer causa segundo Nietzsche e como não jogo na obscuridade comecei a atacá-los aqui no meu blogue, tornando-o  naquele para que ele um dia tinha sido feito, ser um blogue para lutar contra alguma injustiça ou algum mal que me fizessem.

Este blogue é luta, é uma luta obrigatória contra o silêncio. Passados todos estes meses nada sei do desenvolvimento do processo. O direito à Informação ainda não é coisa aqui neste país. E assim estou num plano muito inferior em termos de conhecimento que os meus adversários. Eles têm tido apoio, amigos, companheiros, opiniões, conselhos, sabem de tudo e têm a sua estratégia. Eu tenho apenas o direito de me expressar, fazendo-o mesmo algumas vezes com um tom mais provocador, mais atacante, perturbador, para agitando as águas ver se consigo criar uma brecha nalgum lugar.

Tudo o que escrevo é escrito com o meu próprio sangue, com dor, com sofrimento e algumas vezes com raiva e com desprezo. A justiça tem que ser feita demore o que demorar, dê as voltas que der. Só morto abandono a luta. Prefiro mesmo a morte e lutar terminando no cumprimento de um dever, que desistir seja por que motivos forem, ameaças, castigos, perseguições, penalizações, acredito que tudo aquilo que não me matar me vai fazer reaparecer mais dominante e mais perigoso. Eu alimento-me das minhas próprias derrotas e bebo às vitórias (com parcimónia pois não posso por motivos de saúde).

A legítima defesa que alego em face ao silêncio dos meus adversários e todos os seus sequazes, a minha inferior capacidade de acção, permitem e justifique que os crucifixe aqui, e que algumas vezes, até saia, no entusiasmo, ou na raiva, um ou outro palavrão, que não deixam de ser bem aplicados, mas por vezes por serem menos elegantes, ferem susceptibilidades a as pessoas levam tempo a recuperar.

Mas de um modo geral tenho tentado fazer um blogue ao nível da guerra - dos adversários bastava escrever meus dúzia de patranhas de dois em dois dias - e tenho orgulho pela obra feita. Penso mesmo, se existirem meios técnicos acessíveis, empenhar-me mas publicá-lo. Assim, morreria seguramente mais homem, pois já fiz duas filhas, já plantei várias árvores e de livros apenas esboços, ou rascunhos a meio.

Tenho, por fim, de agradecer aos três médicos que me provocaram todo este imbróglio, é que o esforço desumano que me exigiu fazer o blogue, e por simpatia os outros dois que também estiveram mortos por mais de cinco anos, foi despertando em mim um pouco de vida. Estive cinco anos morto, menos para os doutos médicos que me acharam melhor, apenas existia, e tive necessariamente de acordar, de fazer, e fui começando, melhorando, muitos dias era só o mínimo pois estava incapaz, mas de um modo geral todo este trabalho, que Deus apoia seguramente, tem me apegado à vida, apesar de ainda não ter encontrado nem o direito de sonhar, nem o de ser feliz.

E, tenho todo o tempo do mundo para morrer. Nada me prende. Vamos ver como corre esta guerra. Depois se vê se existe um recomeçar, ou se com o trabalho feito mereço procurar uma praia de Ítaca em qualquer ponto do universo onde possa ser feliz.

Há males que vêm por bem. Deus escreve direito por linhas tortas. E nunca se esqueçam eu ainda os adoro. Raivas são excitações e mudanças de humor. Excessos. A minha humanidade pode justificar essas imperfeições. Não lhes tenho qualquer raiva nem ódio. E ainda lembro quando de modo são, ou depois, matreiro, me falavam com amizade e afecto. E quando me falam assim guardo essas pessoas no coração. Obrigado

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