A máquina satânica tudo corrói...
... monumentais e descontrolados veículos parecem querer saltar dos carris que os prendem à demoníaca montanha famigerada para sem tino nem direcção saírem disparados pelos ares com tal força, cuja violência os arremesará, sem dúvida, até perder de vista.
Corpo são e grandeza tiveram aqueles que conseguiram olhar, ver, e pular do carro medonho enquanto havia tempo. E muitos deles, depois de tudo o que puderam enxergar entraram nos seus Gabinetes e não podendo esquecer, tomaram decisões, enviaram comendos , comunicaram com outros, isto é, accionaram, com os seus poderes e dentro deles, o que num estado de direito legítimo acabaria por se traduzir em decisões, resoluções, apuramento das ocorrências, e se necessário, aplicação da justiça, em nome da moral, da ética, e da verdade.
Outros como já foi explicado, ou pelo medo, ou pela situação física, ou por terem deixado passar o tempo certo para fugir dali ficaram retidos, aprisionados, perdendo-se depois de tudo ver, na voragem trucidante dos movimentos maquiavélicos daquele engenho, nos rodopios, nos vai a cima e volta para baixo, cai, e pula, tudo isto com uma vertiginosa velocidade que parecia desafiar os mais elementares princípios da física.
Sua Excelência o Senhor Director Geral de Saúde, muito conhecido dos portugueses por se ter mostrado um insistente propagandista da famosa vacina da gripe por todos os meios e muito disponível nas televisões, garantindo aquele elixir salvador, que mais tarde os mídia, na sua já tradicional bisbilhotice irresponnsável anunciaram tratar-se afinal de um produto nefasto.
A ser verdade o povo português mostrou uma vez mais porque tem a força que tem, e muita, na sabedotria popular, e mandou às malvas a duvidosa vacina.
Pois sua Excelência conseguiu escapar por duas vezes à montanha russa, mas nunca conseguiu afastar-se o suficiente para que as forças que o fatídico divertimento de morte o não sugasse e caiu desamparado dentro de um carro. Até se segurar, andou aos tombos, daqui para acolá, salto, agarra, e o pobre coitado lá ficou como os demais estonteado, dorido, medroso, caído fazendo das forças que lhe restavam o modo de não ser catapultado para o universo, e caísse porventura em cima de alguma estrela.
Sabe-se que Sua Excelência é conhecido e tem as suas amizades, é companheiro, e tem da saúde pública uma visão messiânica, pelo que olhando, cada vez que podia para o que ocorria, reconhecendo gente, vendo amigos, companheiros de labor, deixou-se ficar caído no fundo de um carro, e assim se sentia mais protegido, nada sabendo, nada vendo, não tendo nada a ver com coisa nemhuma, também menos receoso estava de cair ou de sofrer de e com tanto pulo.
Mas Sua Excelência estava condenado a permanecer por muito mais tempo nesta diversão do diabo que gente amiga tinha concebido e por artes malignas tinham posto em movimento. O pobre homem não tem sorte nenhuma. Logo agora que a vida corria de feição uns colegas de "métier" lembram-se de achincalhar um doente, fazer uma junta médica sem pés nem cabeça, só por não gostarem do doente, e ele agora tinha que pagar as favas. Que chatice. Estava do lado dos colegas e nunca respondeu ao desesperado doente que duas vezes lhe enviou reclamações. Fez orelhas moucas. Mas não bastando isso, chatice e mais aborrecimento, um grande lhe enviou uma ordem, por escrito - não se sabe como o foi apanhar nos labirinticos percursos da máquina de trucidar tudo - ordenando-lhe que tratasse do assunto e informasse o doente e da situação alcançada enviasse cópia para - quem pode manda - lá em cima se pudesse ver o que resultyava daquela infeliz trapalhada, nada boa.
Como vemos Sua Excelência, acredito, nem quer já que o carro dele pare, enquanto vai girando vai passando o tempo e faz de conta que não conhece, nem pode conhecer, está no inferno e pronto, e estar num sítio desses justifica que se não faça o que se lhe ordena. Por isso, Sua Excelência ainda deve soprar não vão os dispersos carrinhos lembrar-se de parar, ou os seus colegas por temor e respeito o queiram salvar travando aquelas milhentas engrenagens espalhando fogo e cuspindo lume. Não o que é imperioso é que o carro não páre mais, circule, faça lá o que quiser mas não se lembre de parar e obrigá-lo a ficar com o menino nos braços,
Assim o doente que não descola do seu carro e vai até ao fim do mundo ou até que toda aquela geringonça se quebre dos excessos mecânicos e dos assaltos às regras de segurança e higiene no trabalho sistemáticas, não pode receber a douta decisão do seu colega de castigo, o Importantíssimo e Venerável Director Geral de Saúde, nem pode enviar a cópia ao manda chefe do que não foi feito. Com todas estas contrariedades nem salva os amigos e ainda arranja um imbróglio de todo o tamanho com o seu superior e ainda é alvo de um procedimento ou fica apenso ao processo e passa a ser mais um a dar cabo da saúde mental e da outra ao doente que só ainda não morreu por ter o coração a bater bem. Só isso. O resto é um caos. Para todos.
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