quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O MUNDO GIRA! QUE PENA NÃO GIRAR PARA TRÁS...













Falar no povo é como falar no molhado. São muito pouco críveis as definições, se as cremos exactas, sobre as características de um dado povo. É uma massa enorme de gente onde existe de tudo, onde os pensamentos, desejos, exigências, moral, capacidades de organizar, executar e planear, apresentam uma heterogeneidade sem limites. Daí a necessidade que existe de uma nação ou um povo terem a necessidade de possuírem códigos de valores e princípios, e de um conjunto de normas que visam a ordenação social, e assim, uma convivência mais harmónica e tranquila.

O grau de desenvolvimento de cada povo e a dependência de normativos complexos e extensos discriminando tudo o que é legal e indicando as penalizações para tudo o que se faça ultrapassando as regras estabelecidas, vai assentar na cultura, no sentido de responsabilidade, da ética, e da educação que as pessoas obtiveram e conheceram no processo que vai desde a infância até se tornarem adultos.

Existem sociedades em que a consciência moral e a ética quase isentam a necessidade de carregar as práticas da vida em sociedade com leis e mais leis. A moral, que estabelece a cada um o que deve ou não fazer, junto da ética que mais não é que um conjunto de acordos que se foram estabelecendo entre as populações tendo em vista uma vida colectiva boa, per si, apresentam povos e nações onde a paz social, os conflitos, a violação das regras elementares praticamente não fazem parte do quotidiano.

Por isso, às 4 horas da madrugada é possível em Genebra encontrar uma banca de jornais e de revistas, sem jornaleiro, com toda a panóplia de pasquins à disposição do transeunte e ainda, à mão de semear a caixa do dinheiro para proporcionar os trocos. Estamos perante um país que acredita na moral dos seus cidadãos, no seu comportamento ético, em que a convivência se torna possível sem a necessidade de fiscais em todo o lugar. O próprio cidadão helvético chama a si essa faculdade de intervir ou não se acaso testemunha qualquer atitude ou comportamento anormal lesivo de pessoas ou bens. E a sua palavra não se discute. Estamos numa sociedade em que a convivência é quase perfeita.

Em Portugal muitos anos luz vão passar para nos aproximarmos de uma sociedade sem policias a cada esquina, sem regras para tudo e mais alguma coisa que é permitido fazer e um conjunto assustador de legislação para os incumprimentos. Em Portugal a sociedade, ou o povo, dependem dos meios de controle existente, o modus operandi é um pouco o salve-se quem puder, o mais esperto passa à frente do menos inteligente, o mais forte impõe a sua força e faz lei. Se não houver norma é uma festa brava, cada um faz o que quer, e ninguém se vai entender. A convivência torna-se difícil e os conflitos são infindáveis.

Depois há a Justiça, basta visitar uma cadeia e se percebe quem está lá dentro, os ricos, os protegidos por organizações que se sabem imperar por aí, os poderosos, a classe política, por via de regra não se vêem lá. É uma justiça que funciona com o Zé da esquina que roubou um shampoo num supermercado, mas se mostra incapaz com aqueles que roubam milhões e vivem envoltos em negócios obscuros. Não raras vezes, com acordo das partes e viva a harmonia dos grandes, alguns processos enigmaticamente prescrevem, deixam de ter validade pois o tempo que passou foi tal que a própria lei declara nulo julgar o figurão. Nunca vi isso acontecer com carteiristas de metro, mas tenho memória que já terá ocorrido com pessoas que são a nata política, inteligente, gestora, e importante.

Preocupo-me com o meu caso da reclamação no Livro Amarelo sobre aquilo que para mim, que não sou jurista nem especializado em cousas de leis, foi um acto criminoso praticado por médicos no exercício das suas funções. Não tenho dúvidas que houve um comportamento doloso, houve má fé, foi um acto premeditado e tinha como objectivo provocar danos que os médicos conheciam e desejavam. Além de ter sido vítima de um acto inqualificável ainda andei a ser gozado, pois me foram aplicando umas mentiras, para justificar o tenebroso acto e em seguida para me roubar tempo, para inviabilizar uma queixa para a instância superior em tempo estabelecido, e depois ainda recorrem à mentira, justificando os seus horríveis e indecorosos actos com base em procedimentos que pura e simplesmente nunca ocorreram. Pode provar-se.

E como o caso que parecia uma tropelia de médicos importantes, sérios e competentes, sobre um pobre doente, acreditaram que feito o crime estava executada a vingança e o desgraçado do doente aguentasse. Provavelmente esta era a prática corrente, penalizar doentes que se submetiam a Junta Médica, e seguir em frente pois os mesmos acabavam saindo agradecendo aos médicos e se curvando, nunca imaginando que tal gente faz trafulhices quando tem interesse, e nunca se atrevendo a apresentar queixa do senhor doutor. Melhor se esperaria por outra oportunidade.

Mas o doente possivelmente por estar adoentado precisamente do juízo, quando lhe pisaram os calos, gritou, e quando ultrapassaram as marcas do dever deontológico e de pessoas sérias e honradas, toca de reclamar como um doido para tudo o que era sítio. O Livro Amarelo não é de fiar e muitas vezes se manipula. Coisa que loucos conhecem bem. Agora a loucura é depois de quase oito meses de papéis andando de um lado para o outro, e de várias entidades de olho no assunto, imaginar-se que alguém neste bendito país pode defender estes médicos. Ou pode menorizar as consequências e efeitos arranjando-se assim diplomaticamente uma solução que mais não é que defender a classe médica.

Eu, que historicamente estou meio aloucado em boa verdade tanto luto contra três médicos, como com essa gente e mais alguma que se coloque do seu lado. Quem vai para o outro lado da justiça e da verdade não são mais que foras da lei encartados. A esses manda-me a boa educação evitar mencionar o lugar onde eles deveriam guardar as cartas. E vão me ter à perna. Tipo Ginny, onde morde não larga mais.

Confesso que tenho dias que me canso e me zango, e fico deprimido, e fico doente, e não durmo e fico de mau humor, e em que gostava de viver cem anos antes para poder pegar num varapau e dar umas cacetadas em certas cabeças que só servem de enfeite e pouco mais. Mas vivemos em uma época dourada em que vale tudo e em que eu próprio tenho de me preparar para tudo.

Ao contrário dos meus amigos médicos que devem considerar isto pouco mais que um "fait divers", e chatices de um protestante ou anarquista que passam com o tempo, tudo isto para mim é importante, é a verdade, é a moral, a honra, a ética, a justiça, os valores, os princípios, as leis, a democracia, a liberdade. São tantas coisas que me tenho preparado para dar tudo de mim na defesa de tantos e tão sagradas bandeiras, viver como um indigente nas ruas de Lisboa, cair numa prisão pois existem prisões à minha medida, e sempre por lá existe comida e cama, ou a morte. Vale a pena lutar pela liberdade, e morrer por ela e por demais valores é sair deste mundo devasso com honra e dignidade.

Coisas que muito boa gente letrada não imagina sequer o que querem dizer.








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