Pirro foi o rei de Épiro, na Grécia antiga. Numa longa guerra em que, ao final foi o vencedor, o custo lhe foi tão alto e tão cheio de perdas, que a expressão "Vitória de Pirro" se tornou popular. É sobre quem tem um ganho sem resultado prático, mesmo depois de enorme sacrifício.
Temo, com toda a honestidade, que quem quer que seja que ganhe esta batalha pela verdade, não venha nunca a considera-la como uma vitória. As possibilidades são dramáticas, já que ínsita na verdade que teima em ser obstaculizada e na lei que não se mostra para todos por igual, já não está em causa a reparação de um acto que toda a jurisprudência e afinal, o bom senso, deveria ser anulável, como é preceito a aplicar nos actos inquinados de vício, e repará-lo desde o tempo em que o vício foi cometido para que desse acto não resultem danos para a vítima. Hoje a reposição da verdade, se não ocorrer, ou se não se fizer a tempo, implicará uma morte. Isto é, o ser que detinha um direito que lhe foi negado, por impossibilidade de adiar a existência reclamará com o único bem que tem, a própria vida. Será o mais profundo, sincero, destrutivo grito de batalha. E os que conseguiram o seu feito, que entenderam que brincar com um doente é coisa sem importância vão ver os seus nomes associados ao fim de um homem. Um homem que trabalhou 40 anos. Um homem que cumpriu os seus deveres de cidadão. Um homem que teve a fatalidade de cair doente e ver-se assaltado e espoliado de todos os seus direitos mais básicos. O mundo, com efeito, tornou-se uma selvajaria. A haver vencedores arrastarão com o preço da ignomínia o resto da vida, ou será uma vitória absolutamente inútil, pois quem dela poderia usufruir legitimamente deixou de existir
A dignidade humana, a cultura civilizacional, a democracia, a justiça e a moral não podem criar situações de tamanha violência. O homem está a transformar-se num ser abjecto, sem sentimentos, sem regras, vingativo, monstruoso. Percebe-se como tudo se degrada. O mundo vai acabar mal. Todos vão perder. Uns poucos destroem toda a vida da sociedade. Impunemente. A violência cria revoltas. Fúrias. E acaba com os sonhos. Quando o homem deixar de sonhar e acreditar na beleza dos seus sonhos, pouco mais será que uma besta que se crê inteligente e racional. Só isso. Crer...
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