sexta-feira, 15 de setembro de 2017

PERDIDO O NORTE...


...NÃO SEI O QUE FAZER DE MIM


























Quantas vezes erramos?

Demasiadas vezes. Vezes demais. É insustentável sentir a pior angústia que podemos ter, aquela que dilacera os outros e nos revela - ao contrário do que acreditávamos sem dúvidas - que afinal não somos o que julgávamos ser, nem sequer ruins cópias, somos muito mais imperfeitos e tomamos atitudes e comportamentos que violam a paz, a harmonia, a alegria e o bem estar de outros, sentindo-nos pois, deste modo, uns miseráveis canalhas, indignos e sem valia.

Muitos são canalhas por prazer, adoram e atacam a boa convivência por satisfação, para dar alento a um ego que tem sede, e para pisando os outros se sentirem fortes.

Eu, reconheço-me canalha, mas isso tortura-me, mostra-me a minha pequenez, a minha fraqueza, como fui falso comigo mesmo, sonhando com o caminho da perfeição e cometendo atrocidades. Eu caí no logro que eu mesmo deixei acontecer. Que acabou provocando tristezas, mágoas, desencanto e dano em inocentes. 

Estou muito abatido, mas isso não indemniza o que provoquei nas pessoas que em mim confiaram. Isso é apenas uma pequena parte do castigo justo que devo suportar. Agora olho o espelho e já não posso sorrir, não posso gostar de mim. Olho e baixo os olhos, sinto vergonha. 

Violentei outros mas a mais profunda facada está cravada dentro de mim. Eu aspirava a afastar-me com calma, com paciência, com muito empenho e muita convicção dos comportamentos que tanto imputava aos outros, e que considerava perturbarem a vida, desequilibrarem a desejável relação entre as pessoas, fomentarem o mal, criarem incompreensões, ódios, rancores e violências.

Mas eu fui violento. Nem cheguei bem a entender quanto, mas fui. Fui julgado no silêncio que como uma espada afiada me trespassou inúmeras vezes. No silêncio me senti um ser indigno. Imoral. Reles. E por palavras me senti um traficante de escravos. Um tirano. Um malfeitor que anda no mundo a enganar os outros para meu interesse.

O pecado maior é que tudo fiz sem reflectir, sem pensar com profundidade, com clareza. E me pensava melhor que muitos. Traí a confiança que outros depositavam em mim. Isso além de ser imperdoável, é irrecuperável. A confiança uma vez perdida não volta a construir-se. por muito que se queira. Por muito que se tente justificar, por muitos esforços, possíveis ou mesmo ultra humanos. E traí-me a mim próprio.

Dei um rude golpe na minha autoestima que já andava pelas ruas da amargura, desacreditei-me perante as minhas ideias, desejos e ideais. Fiquei sem o pouco que me restava e me dava ânimo. Estar triste não significa nada. 

Construímos um castelo e pensamos que nele encontramos a nossa moradia, a nossa casa forte, e ali temos o ser, as nossas armas, as nossas bandeiras, e de lá saímos com um espírito de cruzada a combater o mal. Sonhos, delírios ou simplesmente uma mente desprovida de senso. O castelo desfez-se à primeira ondinha que veio da praia, as bandeiras desapareceram, as armas ficaram soterradas, e o ser ficou molhado na sua vaidade, na sua estupidez, na sua loucura.

Tudo se desmoronou. Ficou um vazio sem fim. Um gelo na alma. Um nada absoluto. Seres assim conspurcam o mundo e o tornam irrespirável. A justiça divina devia cuidar de os afastar dos demais. De nada vale, mas peço perdão. Aceito tristemente as culpas, vivencio o que sinto, e seja o que Deus quiser. Só a Sua divina misericórdia pode ajudar-me.





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