O PAPA FRANCISCO
NA SUA VISITA À COLÔMBIA
DEIXOU A SEGUINTE MENSAGEM:
- NÃO DEIXEM QUE VOS ROUBEM A ALEGRIA
Eu tinha um sonho. Aposentar-me. Libertar-me de todo uma angústia e um sufoco que a minha doença acabara por produzir em mim. Tinha uma alma com um pontinho de luz que implorava por paz. Eu desejava voltar a sentir alegria. Durante muito tempo era mais o desejo de não estar - e pedia a Deus que me levasse - que o de suportar tantas incompreensões, tantas faltas de amor, tanta indiferença.
Mas nem tudo corre como nós desejamos. Num mundo tal qual onde vivemos as pessoas por razões que não vale a pena aprofundar, e que me escapariam muitas, vivem procurando pisar exatamente os que sofrem. Readquirir a paz e a dignidade parece uma insensata temeridade que muito inviabilizam. O mundo perdeu a decência. Os mais fracos e débeis estão à mercê de gente que não sabe o que é o amor, o que é a dignidade humana e o que é o bem. Muito encontram a felicidade espezinhando os que encontram abatidos.
Os médicos que me fizeram a Junta Médica na Unidade de Saúde Pública de Portalegre, contra todas as regras, das leis, do dever, uniram-se para me ameaçar a minha paz, retirar a réstia de alegria que por vezes podia encontrar e ameaçar a minha hipotética recuperação.
Bem precisa Portugal da interceção da santa vontade do Papa Francisco. Também lhe irei escrever e pedir que ore por mim, como eu o faço por ele. Infelizmente a canalha está espalhada pelo mundo inteiro, e muita gente de colarinho branco e alma negra levam a vida destruindo quem podem. Precisamos de justiça, aqui na terra, e da divina. Esta gente pede castigo há demasiado tempo. Há mais de dois anos que não me largam. Eu apenas tento resistir. E não lhes tenho medo. Eles sim, lhes recomendaria a dose certa de cautelas. A divina providência o tem marcados. Não escaparão. Tudo se paga.
Breves apontamentos
Não era preciso viajar para tão longe, para um país perturbado por uma poderosa e prolongada guerrilha, para um país onde proliferaram problemas gravíssimos como violências de todo o tipo, assassinatos, organizações de tráfico de drogas, sequestros, assaltos, abismais assimetrias sociais, problemas sociais graves, e que com a vontade determinada de um povo maioritariamente jovem, instruído, qualificado, se foram produzindo mudanças. Os cartéis da droga foram exterminados e os seus comandantes presos. A criminalidade foi diminuindo ao mesmo tempo que o progresso ia mudando a vida nas principais cidades. Em pouco mais de uma década cidades como Medellin deixaram de ser conhecidas pelo mundo do crime que recordavam para se mostrarem cidades modernas, organizadas, com redes de transportes modernas, universidades, centros culturais, desportivos e sociais de qualidade. Uribe deu ao mundo a ideia de uma Colombia em transformação. Santos veio terminar um esforço imenso do povo colombiano encontrando a paz através de um acordo com os comandantes da guerrilha que mantiveram durante décadas parte expressiva do território do país em suas mãos, difundiam terror em outra parte e praticavam violências medonhas tendo sido o motivo primeiro para não deixar um país com uma população trabalhadora e cheia de dinamismo, rico e grande, desenvolver-se e tornar-se uma potência regional que merece ser.
O Papa Franciso veio desejar que não roubem a paz exatamente aos que acabaram de conquistá-la e a merecem. E veio dizer para que os colombianos não deixassem que lhes roubem a alegria quando esse povo, alegre, habituado a viver na adversidade e a lutar, é um exemplo como suportar as vicissitudes da vida com um sorriso nos lábios. E os colombianos nunca deixaram de sair às ruas, cantar e bailar, fazer serenatas, cuidar de uma gastronomia riquíssima, e de cuidar de verdadeiros paraísos naturais e históricos como Cartagena, Parque Tayrona, Bahia Solano, Medellin, Monpox e muitíssimos outros.
A festa das flores, o carnaval de Barranquilla, Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez, são referências colombianas que o mundo conhece e não vai esquecer.
Adoro e tenho muitas amizades há muitos anos na Colômbia. Trata-se de um país de desenvolvimento, com elevado potencial, com inúmeras matérias primas, quadros preparados e uma população jovem.
É um povo que na adversidade manteve a força da alegria e continua a sair às ruas bailando, cantando, ainda fazem filhos, amam, cuidam dos parentes idosos, educam os filhos tantas vezes apenas a mãe que é obrigada desde jovem a lutar, fazem serenatas de amizade e de amor.
Na Europa as pessoas são tristes, não bailam e não fazem filhos. A dita civilização, como a riqueza, são ilusões. Nem por isso se vive com felicidade e é difícil explicar como nos países mais socialmente protegidos e onde a vida tem estabilidade, como nos países nórdicos, existem tantos suicídios.
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