quarta-feira, 19 de outubro de 2016

PISAR NA CORDA E SENTIR QUE O PRECIPÍCIO TE ESPERA SEDENTO















Há horas em que duvidamos de tudo. Em nós mesmos a confiança deu lugar a um temor e um desnorte que nos impede de pensar, de decidir, de escolher, apenas sentimos o vazio perante todo esse fim do mundo que te espera lá bem nas profundezas do que existe.

A todo o momento a nossa fé garante que Deus está ali do teu lado e vai seguramente dar-te todo o apoio e toda a força para que recuperes a temeridade e prossigas, pé ante é, até chegar ao outro lado, onde a vida continua, e tu podes demonstrar que não só foste um guerreiro como enfrentaste com a ajuda divina oa maiores obstáculos que o demo coloca no nosso caminho.

Mas somos tentados a perder tudo, o que somos e o que deveríamos ser, e em horas de amargura a angústia máxima tememos que o nosso Deus nos tenha dado aquela prova para que a enfrentássemos e saíssemos mais fortes, nada fazendo por nós, que estamos entregues à liberdade que nos foi dada, à imperfeição que possuímos, e às nossas debilidades.

Se Deus nos levasse provavelmente éramos levados de uma vida que já não desejamos viver, onde a luz parece ter fugido, onde o calor deu lugar a um gelo e um frio que nos dilacera, e enfrentando o juízo a que todos estamos sujeitos, poderia, se acaso o meu arrependimento e a minha fé, e o amor que devotei aos meus semelhantes pesasse mais que os meus erros, os meus pecados, imaginar um recomeço sereno e feliz na vida eterna. Me salvando do inferno, por acreditar que pouco mais fui que um homem simples, e que de certo modo tentei levar a vida de acordo com os valores e princípios, restar-me ia, provavelmente como mais provável uma quantidade de tempo inimaginável às portas do Paraíso, no Purgatório, onde, dizem testemunhos o ser em espera recebe a companhia de um anjo para lhe dar apoio e protecção.

Levantar um homem do chão, depois de o terem feito cair as vezes que calhou, é uma dificuldade que tem duas componentes fundamentais, o esforço titânico para se erguer, e vencer o receio de voltar a cair. E se quando se ergue e começa a caminhar depara com num abismo para onde foi empurrado, e a vida se encontra do lado de lá, onde se pode chegar num equilíbrio temerário que em falha o levará inevitavelmente para as profundezas do mundo, onde a morte nos vai tomar, sedente, horrenda, voraz.

Só mesmo a fé e perder os sentidos e medos e seguir, seguir como se fosse guiado por esse Deus que é o bem que pode valer nas encruzilhadas mais dolorosas e penosas da vida, cerrar os olhos, fincar as unhas nas mãos, e dentes cerrados, e um passo, e outro, e mais outro, e a mão invisível de Deus será o último bastião num confronto directo com a ganância e persistência das forças do maligno que nunca deixaram de atacar, podendo, deste modo, levar-te com ele em queda, ou devolver-te à vida.

É sempre uma agonia, um desespero, uma luta, um pavor mas quando a vida se transforma num tumulto incompreensível e cruel a inevitabilidade de persistir, de continuar, de lutar, de sofrer, faz parte do próprio ser e lhe concede resistências desconhecidas, audácias e forças normalmente impensáveis num ser mortal.

Com a ajuda de Deus...

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