quarta-feira, 29 de junho de 2016

ONDE ANDA A RAINHA DA MALVADEZ, A BRUXA HORRENDA?


Sempre na sombra a horrenda bruxa, essa força potente da malvadez ao cimo da terra, ataca mas sem mostrar a sua cara desprezível, ela ataca sempre, com a cobardia, na sombra, esperando que a sua vingança, os seus ódios e frustrações sejam exemplarmente descarregados na pobre vítima que nada lhe fez, mas que a não deixa dormir. A sua revolta é tão grande nos olhos que chispam fogo, como nas entranhas onde os revoltos intestinos não lhe dão minutos de descanso. Onde andará a serpente que tudo provoca, o Satanás que ri e saúda como se fosse a Vénus no nascimento magistralmente pintado por Boticelli. Quando a bruxa anda calada, não instiga ao ataque sórdido, à vingança pura, não cospe veneno e diz mal de tudo e de si mesma, é sinal que descontrolada, ressequida de interior mais que de exterior se esconde na cave do seu castelo de aves de negro, de gatos e de horríveis bichos, e aí, entre os seus pares, mexe e remexe o caldeirão, desejosa de acertar de vez com receita mágica e malvada que transforma o príncipe encantado num sapo. Mas o declínio do reino das trevas leva-a a trocar ingredientes, a esquecer porções, ao tempo de cozedura e não poucas vezes são os seus ditosos amigos que se transformam em tímidas libelinhas, borboletas, e outros animais de encantar.

Nunca esqueceis por detrás de tudo está a força malévola de um ódio insano, injustificável que só mentes mórbidas, de outros mundos são capazes de sustentar, ano após ano, tempo após tempo, ficando aprisionadas e feias, horríveis de tanta maldade. Tudo nessa espécie de gente mirra, fica ressequida, ganha chagas, borbulhas, nariz de pássaro sequioso de carne putrefacta, a fealdade da alma nem consegue muitas vezes comparar-se ao que chega o seu rosto, o seu corpo, que não é humano, é de animal agoirento, satânico, do mais horrível que o mundo pode conceber.

Onde andará a bruxa e o que será o seu desígnio. As capacidades de discernimento já a levam a confundir elefantes com ratos e pardais chilreantes com abutres serviçais. As poções são labirintos de produtos, descontrolados, sem nexo, perdidos entre o desejo de não falhar mais uma vez, e o ódio que lhe enche o corpo ressequido de chagas. É um monstro. Deveria, como contam nas histórias do fantástico entrar pelo bosque assombrado e penetrar no castelo das teias de aranha e das sombras um garboso cavaleiro. dar-se-ia o milagre de levar a paz a todo o reino, assim contam os cronistas, quando o cavaleiro destemido crava uma espada de cristal no coração daquele ser do mal. Depois do ribombar de milhentos trovões e dos céus serem sulcados por entrecruzados raios luminosos de todas as cores, desceria à terra a calma, o dia com sol, a noite com luar, e os trovadores poderiam cantar o feito glorioso de um cavaleiro que trouxe paz ao reino e ganhou a mão da princesa, tornando todo esse mundo para a saudável convivência do bem, das artes, das ciências, da moral e da ética, enfim, do próprio amor, que resultou, como sempre acaba nas histórias de gente horrenda, por serem felizes e reinarem por muitos anos, e tiveram muitos filhos. 

Da bruxa poucos recordam. Parece que se esfumou e foi direitinha para as chamas e labaredas dos infernos. De tudo isto só é importante ser gente, ser pessoa, não se deixar vencer pela mediocridade, pela maldade, pela vingança, perseguindo, tentando destruir. Esses seres do submundo que não são amigos de ninguém, e que até aos mais próximos provocam dano vivem exclusivamente para com seus poderes provocar a desgraça, seja a quem for. O inferno lhes conserve a maldade em banho maria por muitos séculos.








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