quinta-feira, 30 de junho de 2016

O QUE PODE JUSTIFICAR TRATAMENTO PRIVILEGIADO?



INDIFERENTES REFLEXÕES











Muitas vezes me interrogo sobre dilemas que inquietam a minha alma agitada mas sequiosa de respostas, de conhecimento, de algum saber.  Existem sempre matérias que nos escapam, ou porque tem que ser e assim ficam alheias, aprisionadas, sigilosamente conservadas, ou porque se trata de segredos de estado, ou saber sobre a intimidade de alguém, ou simplesmente porque é matéria que não interessa que os outros conheçam.

Uma pergunta que faço a mim próprio há muitos anos e para a qual não encontro resposta. nem pressinto que alguém me dê explicações, ou simplesmente me elucide, tem a ver com o tratamento diferenciado que posso reconhecer ter tido ao longo da minha vida profissional profissional. 

Fui um trabalhador mediano - não acho bom nem certo a gabarolice que muitos relatam - isto é, cumpri. Tranquilamente sei que durante 40 anos da minha vida trabalhei em diversos departamentos, troquei e vivi experiências distintas, e se nunca fui herói também nunca ousaram tratar-me de burro ou de besta.

Cumpri com os meus deveres de funcionário público, e não sendo nem melhor nem pior que os demais nunca incorri em infracções disciplinares seja por que motivo fosse, e realizei as minhas tarefas quando necessário, sem erros, com brio.

Durante a minha vida profissional tive muitas vezes dúvidas e algumas vezes cometi erros. Para as dúvidas procurei ultrapassá-las estudando, buscando respostas, trocando impressões com gente mais esclarecida. Quanto aos erros sempre os assumi, justificando que no erro começa muitas vezes o processo de abordar novos conhecimentos e adquirir novas valências. Mas nunca prejudiquei terceiros, e tendo a humildade de, quando se justificasse pedir desculpas e submeter meus erros à responsabilidade que sempre me acompanhou e ao poder de quem me dirigia.

Houve - e pode estar aqui o meu calcanhar de Aquiles - da minha parte sempre a frontalidade para com as coisas e suas causas, sendo franco, claro, não me vergando na busca de favores, não adulando para tirar vantagens, não denunciando para colher benefícios. Fui sempre eu. Com os  meus deveres e direitos, com as minhas tarefas e responsabilidades. com a minha vida.

Não apunhalei nem colegas nem superiores para daí retirar interesse. Depois de 40 anos de trabalho olho com serenidade os meus colegas e não temo o que podem dizer de mim. Que sou diferente, é um elogio, que não me entendem, sigo antigos códigos de comportamento, que reclamo, luto pelos meus direitos, é um dever que tenho para comigo mesmo, não me deixar pisar, e exigir o que de direito meu é. Provavelmente não fui flexível, necessariamente fui um fraco diplomata, naturalmente estive sempre afastado dos órgãos de poder. Nunca por provocação ou afronta, não podia ser flexível com procedimentos que a lei condiciona, a minha diplomacia foi sempre defensiva pois cedo tive de aprender a estar atento aos outros e me afastei serenamente dos que detinham o poder para manter a minha liberdade e não ser confundido.

Trabalhei quarenta anos. Foi uma vida. Entrei novo, imberbe, de olhos vendados, sem família, à mercê de tudo o que a vida possui de bom e de mal. Fui aprendendo à minha custa, e cedo percebi que as pessoas não gostam de quem questiona, de quem quer mudar, fazer melhoramentos, de quem quer revolucionar a rotina. E nos primeiros anos levei nas orelhas por ser interessado em demasia e parecer deste modo um tenebroso inimigo do status quo. Levava das chefias que preferiam subalternos dóceis e submissos - e que dão prendas no dia de anos e no Natal - e dos colegas pois me criticavam por agitar as águas. Depois fui subindo, a pulso, a concurso, a estudos, a esforço. Em bom rigor ninguém me atribuiu mais valor por isso e em muitos casos, podendo ser chamado a novas responsabilidades, continuava quietinho onde não provocasse ondas. Ainda tinha os defensores do "quer estudar deixe de trabalhar" a procurar de lupa na mão onde me penalizar, onde me retirar um direito, onde me prejudicar. E um dia cheguei a desempenhar, a pedido das Responsáveis Máximas uma responsabilidade violentíssima, de substituir três chefes, e as suas tarefas, e o seu pessoal, e seguir em frente com uma Repartição com mais de trinta funcionários. Mas curiosamente em vez de me apoiarem nas novas e difíceis tarefas e funções, quanto mais não fosse ajudando a manter a estabilidade, logo me foram substituindo o pessoal experiente, conhecedor, responsável, pelo conhecido pessoal problemático. E as tarefas continuaram a ser feitas. Concursos Públicos, Aquisições, Fornecimentos, Armazém, Expediente, Pessoal Auxiliar, Parque Automóvel, etc... E o que havia para fazer milagrosamente era feito. A resposta - dado que não tinha qualquer tipo de compensações pelo trabalho a mais, pelas responsabilidades, pelo pessoal a gerir - foi baixarem a minha classificação de serviço.

Depois apareceu essa ULSNA e era um corropio diário dos boys a correr ao Presidente sediado no Hospital levando noticias do que ocorria na Frei Amador Arrais aonde se encontrava ainda a Presidente desses jovens. Mas o futuro estava do outro lado e as pessoas vendem-se barato. Ainda me convidaram a exercer essas salutares práticas de atraiçoar quem devia respeitar e obedecer, até ao fim. É uma lealdade que sempre tive. Adular não. Levar o tempo com conversas nem pensar. Graxa não compro. Mas sei quem é o meu Superior e sei que lhe devo lealdade, fidelidade, obediência. E chegou a minha hora de ir para a ULSNA. Colocado entre os meus colegas era diariamente confrontado por uma nova Chefia que nem os bons dias dizia, que fiscalizava a hora de saída dos colegas, e que me veio a dar a pior classificação de sempre. E ainda planeou me colocar no Armazém para ir perdendo coloração com os papéis velhos. Hábil, pois aprendi cedo estes jogos de nível mais que sofrível e o que são pessoas desumanas e mal educadas escapei-me para o Centro de Saúde de Arronches.




Devo dizer que por essa altura já sentia um cansaço imenso, uma dificuldade em acompanhar actualizações de novos procedimentos, o tempo na Repartição Administrativa deixou marcas. Mas os recursos humanos também se abatem, e alguns podem mesmo jogar-se no lixo, indignos, gastos, sem honra.

E pelo meio - Santo Deus - as tropelias que não me fizeram. Só devolver dinheiro indevidamente recebido (prefiro indevidamente pago já que sou alheio ao processamento de salários) aconteceu pelo menos uma meia dúzia de vezes. Curiosamente, apuradas as coisas, essas quantias foram-me sempre devolvidas mais tarde. Num acidente de serviço levaram três anos para me pagar meia dúzia de réis furados. O processo foi perdido umas três vezes, depois foi para o Gabinete Jurídico, depois deixei-o tranquilo por onde quiseram. Três anos. Alguns recebem ao fim de uma semana.

Agora ocorre o mesmo com as despesas de deslocações para as juntas médicas, também parece que anda o processo no serviço jurídico, ou já está perdido. Mas esse abandonei-o. Não quero saber. Mas ainda vou inquinar muita coisa, provando que tenho sido sistematicamente alvo de perseguições e que este problema grave que tenho com os médicos de saúde pública referente à minha Junta Médica de Avaliação de Incapacidades tem acolhimento e a protecção e conivência da ULSNA. Gostaria que todas estas entidades ainda se sentassem em juízo e me indemnizassem pelos prejuízos que me causaram, desde logo de saúde, danos morais e financeiros. A Justiça tem esse dever, tudo esclarecer, no lugar próprio e no tempo certo. Os infractores estão todos assentes na lista dos que me fizeram dano. Não deixo escapar nenhum. A Unidade de Saúde Pública de Portalegre e o seu grupo de médicos têm se ser alvo de procedimento disciplinar e penas e possível processo em Juízo. A ULSNA, E.P.E. será chamada para explicar o seu comportamento e as razões da sua inépcia. Tudo se encaminha para o triunfo da justiça. 

Deus nos ajude.









Sem comentários:

Enviar um comentário