O HOMEM É ELE E A SUA CIRCUNSTÂNCIA

 "EU SOU EU

 E A MINHA CIRCUNSTÂNCIA,

 E SE NÃO A SALVO A ELA,

 NÃO ME SALVO A MIM"

 (José Ortega y Gasset)

A verdade apenas se alcança no que cada ser perspectiva. Sentimos com o coração - voamos atrás da invisibilidade do que olhamos e vemos - , mas a racionalidade é indissociável da vida e está inequivocamente associada às condições de cada ser, físicas, psicológicas e sociais.

Tudo muda, Mudamos nós, cada um de nós, todos, muda a vida e mudam as circunstâncias, e o homem é obrigado a interagir com a sociedade, percebendo-se de modo claro que a vida não pode ser uma condição separada do mundo.

O homem enquanto ser activo, não tem a possibilidade de se dissociar de tudo o que o envolve, não tem capacidade para fugir há verdade única que é um ser social, incapaz de estar ou se manter isolado. Esse corpo que é seu e tudo que se pode associar faz parte de um meio, e dele recebe e emite para ele, energias, comportamentos e atitudes, pressões, agressões, influências que virão a edificar o ser que efectivamente é.

Todo o contacto histórico que o envolve vai sobre ele determinar todo o tipo de influências, e repete-se, moldar o homem, naquele imenso e complexo mundo que o compõe.

A educação, os ideais, a intensidade dos conceitos basilares da existência da vida do homem como liberdade, paz, amor e justiça irão ou não potenciar a descoberta da sua "circunstância", a possibilidade de viver harmonicamente com ela, e com ela interagir, ou, superá-la.

Um homem sem o peso ou as amarras das suas circunstâncias seria um deus, mas um homem amarrado às suas circunstâncias pode libertar-se utilizando todos os poderes concertadamente que o Deus lhe facultou para encontrar a realização, a vida justa e a felicidade.

O homem não nasceu para ser escravo. Nem das circunstâncias. Com fé, vontade, irreverência, luta, acreditar, ele pode transformar-se, transformar o meio, e nos limites ser um poderoso elemento na evolução e transformação do mundo