Portalegre cidade já foi a mais industrializada a sul do Tejo excluindo Setúbal. Já foi uma cidade de afectos, de amores, de pormenores cheios de atenção e carinho para com os seus habitantes. Testemunhos existem espalhados pela cidade.
Hoje Portalegre não reflecte sequer o que já foi. Era eu criança e já ia de autocarro com os meus avós, até ao Mercado, ou dar a volta à serra. Havia alma, vida, alegria e cor na cidade do Alto Alentejo cercada de pessoas, seres humanos.
"Desmentes o amor que dizes ter pela tua cidade se a não respeitares em tudo" - conheço estes azulejos desde menino, num local da cidade. Parece que existia diálogo entre a cidade e as pessoas.
Agora há autismo e mediocridade. Uma mediocridade que destrói, humilha, apequena.
Hoje Portalegre assiste e eu recomendo, à debandada dos que aqui vivem. Portalegre não é cidade para se viver. Aqui prospera a incompetência, a insensibilidade e uma intelectualidade tanto de fraca como de vaidosa, muito fedorenta que sempre vê futuro e se governa enquanto a cidade é destruída pouco a pouco.
Em Portalegre, a nata bafiosa que governa e manda na cidade não se afasta muito da nata brasileira que vê impávida o desmoronar de um mundo. Enquanto der eles estão, quando não der abalam como outros fizeram e levam o que aqui ganharam para continuar de boa vida noutro lugar.
O povo, que mais ordenha a vaca, lixa-se sempre. Um dia vai olhar em seu redor e perceber que a cidade esfumou-se, desapareceu, é assim uma coisinha parecida com Nisa, ou Alpalhão. E nós até nem devemos criticar, quando Alpalhão desceu de sede de concelho, hoje entende-se que a medida foi certa. Tudo muda. E Portalegre também mudou, para muito pior.
Uma cidade que mantêm os espaços públicos como estas fotografias revelam, é uma cidade doente, inquinada, fora do tempo e da vida. Não merece muito. Onde estão as ideias de vidas saudáveis, de proporcionar às crianças espaços de lazer?
Ir com uma criança a um lugar destes é o mesmo que abandonar um bébé no meio da cidade dos macacos no Jardim Zoológico. Mesmo assim acredito que algum animal, lá, mais racional que alguns que na nossa cidade têm poder, cuidasse com amor e zelo da pobre criancinha. Aqui, a mesma poderia ser mordida por uma cobra, um lagarto, ou qualquer outro bicho.
Podemos perguntar, o presidente da Câmara é um brutamontes, com a quarta classe mal tirada e não sabe ler nem escrever? Não, provavelmente se fosse cuidaria do que se vê e faria obras. Iria mostrar ao povo que a inteligência não está em cursos que se compram e andam por aí falsificados, nem é preciso ser-se superior para ter sensibilidade, amar a terra e os homens.
A Presidente da Câmara é mulher? Dizem isso, eu nunca a vi, e honestamente nem queria ver. Mas provavelmente segunda-feira vou trocar uma prosa com essa senhora. E questionar o que anda a fazer? E se tem noção de civilização, ou quer aproximar a cidade da Somália para um intercâmbio amoroso entre cidades destroçadas e feias.
Acreditei que com a elevação das mulheres na vida pública necessariamente sentir-se-ia mais sensibilidade, mais ternura, mais afectos,...
Portalegre afinal, também não choca quem tem visto a degração a que se chegou. É igual a si mesma.
Um grupo de cidadãos vão esforçar-se para em devido tempo ir limpar o que a Câmara Municipal deveria fazer. Mas para a edilidade, nitidamente feudal, prefere voltar 500 anos atrás e cobrar taxas, por tudo, e vai mais longe do que no tempo dos condes e dos castelos, até cobra entusiasticamente a portagem dos carros, quando no passado se cobravam utilidades, e nunca passou pela cabeça do iletrado conde que nem sabia ler, cobrar o estancionamento de bestas e carroças.
Havia a ideia que movimentar pessoas, mercadorias desenvolvia o burgo. Curiosamente a União Europeia é aproximar as pessoas e facilitar movimentos. Portalegre mais uma vez anda em sentido contrário.
A nossa Presidente da Câmara também pode estar mal assessorada. Afinal é trabalhoso governar uma cidade como esta. Tendo conhecimento da história vai arrepiar-se, e tomar medidas.
O povo ia agradecer. Tínhamos uma senhora ao lema da cidade e preocupada com as pequenas coisas que podem não dar muitos votos mas atestam da envergadura moral e social de um espírito aberto e são. Vamos ver.
Pobre gente, a que manda e a que é mandada. Triste cidade, pálida imagem do que já foi.
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