Realmente começo a crer que o mundo tal qual ele é, só encontra soluções na proporção do que ao homem respeita, num ruir paulatinamente, de tufão em tufão, de seca em seca, de inundações e vendavais, de ciclones, tremores de terra, e mais fenómenos uns atrás dos outros, de modo a que a irracionalidade, a falta de pudor, os crimes, as violências, os enganos e embustes, as imoralidades, a desonra, a maldade vá naturalmente desaparecendo do cimo da terra.
O Deus que construiu este paraíso está em agonia com a amálgama de imperfeições e as suas claras consequências, que aquela que seria a sua obra prima, o ser racional, impôs a si mesmo, aos outros e à natureza.
Nem é de arriscar nenhuma barca de Noé. Para tranquilidade dos milhentos universos e sistemas que existem, só mesmo o fim de tudo pode dar descanso às outras forças vivas que o cosmo seguramente possui.
Também podemos ser um imenso parque de ciência onde civilizações mais avançadas podem perceber como e em que condições seres a quem lhes foi dado tudo para serem felizes, só sobrevivem na torpe baixeza, na destruição, na violência. É ininteligível admitir a existência de animais que sentem prazer e alegria matando e destruindo os seus iguais, e se vão distraíndo se si mesmos que cavalgam em velocidade absurda para um fim colectivo que as suas gulas de poder, vaidades, estupidez e falta de valores não deixa perceber.
Hoje, começo a ter dúvidas se o divino estará em todos. A grande maioria dos homens participam com acções, omissões ou indiferença à queda animalesca do próprio serntido do valor de si mesmo, do valor e dignidade alheia, e são incapazes de cuidar do seu próprio mundo onde vivem.
Viver conscientemente. Suportar todos os dias um declínio fétido, pastoso, sujo, sem qualquer jeito, ver a vitória de tudo o que é a representação do mais indigno no ser humano, condena quem vê a não querer participar nas atrocidades que se cometem desmedidamente. Hoje, a liberdade, a democracia, o estado de direito, a justiça, são ilusões. Existem ditaduras camufladas. E gente adormecida no engano, e calados no medo. A sotifiscação é tão elaborada que a escravatuara continua, as pessoas não são iguais, poucas são as que assumidamente se sentem plenamente livres, e a solidariedade é mais um jogo de cosmética nos média, e um abafar de revoluções com serenatas e paliativos.
Hoje a dominação não é a toques de tambor, mas é cor de rosa. As aparências fizeram dos políticos não mais aquelas figuras austeras e distantes, mas artistas de teatro que vivendo na ambição e sendo do sistema sabem confraternizar com maltrapilhos, acudir a desgraçados, estar nas zonas de catástrofes, ir onde as vítimas jazem ou choram as suas penas. Ir, com a televisão. É propaganda. Se acorre um maltratado, não há publicidade, logo, um regulamento, uma lei, a constituição impede de zelar. Manda a farsa, a comunicação social, as redes sociais.
Deus abandonou tudo isto. Isto é a sua vergonha. Ou a escola que construiu para mostrar aos demais tudo aquilo que se não deve fazer.
"Fala-se que o Ministro da Saúde tentou manipular dados das listas de espera."
Toda a gente mente. O povo já não sabe o que é verdade e o que é engano. Maquiavel é um menino de colo perante tudo o que hoje se faz em política. Hoje a honra é motivo de riso, a verdade é um risco, e ter opinião é condenar um futuro próspero. Temos o país que merecemos ter. Uns escolheram o regime e os que nos governam, e os aplaudem, e recomendam. Outros estão sempre do outro lado, criticando, mas sequiosos por chegar a sua vez e fazer igual ou pior. E muitos outros já nem são de lado nenhum, nem sujam as mãos a escolher este ardil que nos condena e nos faz sofrer.
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