sexta-feira, 10 de novembro de 2017

PARA QUANDO A IDEIA DE CUIDAR DOS DOENTES COM PROFISSIONALISMO E HUMANIDADE?








É verdade que há gente que atrai coisas ruins. Eu devo estar nessa seita de pouco afortunados por desígnios que desconheço e admito mesmo que algo de anti-natural possa estar no acervo de contrariedades e tropelias que me acontecem quando necessito - sou humano e sempre paguei os meus impostos - de ser tratado nos serviços de saúde, ou me apresento para peritagens médicas.

Não tenho sorte. Também não ganhei nunca o euromilhões. Nem fui feliz no jogo nem nos amores. É sina.

Hoje, dia 10 de Novembro de 2017, depois de ter efectuado um exame complementar de diagnóstico quase há três meses, e depois de toda essa espera sempre cheio de serenidade, a saúde é como a justiça, lenta, mas faz-se, fui à consulta do especialista, no Hospital Distrital de Portalegre - José Maria Grande, onde tinha marcada a consulta para as 15, 30 horas.

Sendo informado que a consulta é por marcação e não por ordem de chegada, e estando quase a chegar a uma hora de espera, fui indagar quantos doentes estariam à minha frente, imaginando - ainda julgo que entendo de alguma coisa - que a minha vez deveria estar perto.

Cumprimentei um doente conhecido, para o mesmo especialista, com cara de sofrimento, e ouvi um outro informar que o médico ainda não tinha chegado. Perguntei ao meu conhecido para quando ele tinha a consulta marcada: para as 14,30.

Eis que lá vem, diz um doente. E observo o médico que se aproxima no corredor, mas não chega ao consultório, com um funcionário administrativo entraram para outra sala.

Eram 15, 52 horas.

Acho que os doentes mereciam um pouco mais de respeito. O que é público só é o que se vê - e não é prática quando vamos a hospitais e clínicas privadas - porque a saúde em Portugal continua um caos absurdo. O doente é a vítima. Espere. Tem dinheiro vá ao consultório. Não tem fica na fila e espera sentado. O doente continua como no tempo da outra senhora a ser um que está para ali. Não conta. Não há ordem, nem regra, é mais um. Não se tem em conta o seu estado. E nunca há problema, se reclamar no Livro Amarelo ganha o mesmo. O médico tem sempre razão e o doente é um agitador. Aliás, os médicos têm sempre razão. 

Eu podia agitar. Pedir o livro Amarelo. Para quê? Para gozarem com ele na minha cara? Quem acredita no Livro Amarelo acredita na história da Branca de Neve e os Sete Anões. Quando um dia alguém, tiver a coragem temerária - e sair vivo - de estudar as reclamações dos Livros Amarelos e o que o povo cala por medo, dá-se uma revolução no país.

Por isso, acostumado a estas peripécias, decidi serenamente vir embora. Comuniquei à funcionária dos Serviços de Atendimento que me ia embora, e os motivos, e ela obviamente calou. Muitas vezes são os administrativos a pagar a colera dos impacientes e maltratados doentes. O que não viram já os funcionários? O melhor, recomenda a prudência é comer e calar... 

Amanhã, escrevo uma carta à Administração do referido Hospital, com conhecimento à ERS, ao Presidente da Adminsitração Regional de Saúde do Alentejo, ao Secretário de Estado da Saúde Adjunto, ao Ministro, e ao Senhor Presidente da República

Vou reafirmar que a saúde está um caos. Que os doentes não são respeitados. Que os doentes têm ou deveriam ter direitos. têm a sua vida. E vou apenas questionar se a Digníssima Administração da ULSNA, E.P.E. me pode garantir uma nova consulta, e com outro médico. Nem esse nem outro. Cada um deles por razões que citarei. Se admitirem essa hipótese - fantástico, venho logo colocar aqui a sensacional notícia (justiça é protestar o mal e elogiar o bem) - que me marquem a consulta e, seria extraordinário que pudesse ser visto num espaço de tempo razoável, eu diria 1 hora, após a indicada na marcação. É que hoje paguei de parquímetro 1,30 horas para absolutamente coisa nenhuma, e arriscava uma nova multa, seria a segunda, por o tempo pago que parecia suficiente ser ultrapassado.

Ou então a ULSNA, E.P.E. solicita por razões óbvias, que os parquímetros na periferia do hospital tenham uma única taxa. Assim o doente sabe que pode ir de manhã e regressar à tarde, só perde tempo, não tem multa de estancionamento.

Logicamente que isto não é absolutamente nada. Nem dá nada, é chover no molhado. Infelizmente ainda há muito a percorrer para as pessoas se sentirem cidadãos. E que têm direitos.

Eu, desta vez, não ando mesmo nada agitado, estou a acostumar-me à rotina nacional terceiro mundista, nem sequer lamento o médico, nem a consulta, nem os exames, nem a saúde. Todos morreremos no tempo certo. Seja o que Deus quiser. Mas sair de casa, gastar na deslocação, pagar parquímetro, e regressar tal e qual como se foi, é realmente muito aborrecido. O dinheiro como o tempo não cai do céu. Mal empregado. Detesto parquímetros.


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