terça-feira, 14 de novembro de 2017

POLÍTICAS ABSURDAS VÃO LEVAR ESTE GOVERNO E O PAÍS AO DESNORTE





A "geringonça" além de desacreditar a esquerda, vai mostrar aos portugueses como um Governo dependente de forças demasiado extremistas e radicais, fica aprisionado de morte de políticas nefastas, irrealistas, caducas, que não deixarão de deixar marcas bem visíveis na sociedade portuguesa.

E ouso manifestar esse pensamento quando também, e parece contraditório, não vi nunca um governo maioritario governar com abertura social, espírito de consenso, submissão cordata a regras determinadas, e decidir de modo abrangente, global, com ideia de país de futuro, e não apenas de coisa sua, toda sua, em que tudo o que é oposição e diferença são bloqueios, tudo o que não concorda não vale; em verdade, não gostei de governos de maioria.  Tendem a ser totalitários, pouco democráticos e esquecerem o colectivo apertando o crivo a uma parte nacional quando Portugal e os portugueses são um todo.

Cavaco Silva é considerado imerecidamente como um grande estadista. Não foi. Só os que não olham o presente, e percebem que muito do que existe e há foi obra sua ou consequência de reformas então feitas, acreditam que o cavaquismo trouxe a Portugal desenvolvimento, modernidade, futuro, boas obras públicas e investimentos, se fizeram reformas pensadas e profundas e como prometido então,  Portugal passaria para o pelotão da frente numa Europa onde pertencemos de direito.

Para Cavaco Silva o Tribunal Constitucional, - e jurou defender a mesma Constituição se fosse presidente - era uma força de bloqueio. E via forças de bloqueio em todo o lado. Mesmo tendo sido o primeirto governante em Portugal do após 25 de Abril a ter tudo favorável para governar bem e com sucesso. Entrou na governação depois de um governo de grande austeridade de Hernãni Lopes e Mário Soares, foi brindado pela baixa do dólar e pelo preço do crude nos mercados mundiais, e ainda recebeu a sorte grande de receber da Europa milhões e mais milhões que ainda hoje não se sabe bem para que serviram e onde se gastaram. Construiram-se infraestruturas de qualidade mais que deficiente. São conhecidas as estradas da morte que cruzavam o país. Perdemos muita indústria e quotas de pesca, abates de barcos e áreas agrícolas. Recebemos dinheiro para não produzir. Compraram-ser mais jeep`s para passeio que tractores agrícolas, os grandes fazendeiros compraram mais andares nas cidades e casas de praia do que cuidaram das terras e dos investimentos agro-pecuários. A reforma da administração pública foi absolutamente catastrófica. Criaram-se corpos especiais, carreiras cheias de incentivos económicos, desregulou-se toda a administração pública. Criaram-se organismos como os Institutos da Juventude, por exemplo, que muitos anos depois foram encerrados. Fez-se um país novo, mas mal feito. Os governos seguintes levaram anos, e ainda hoje é o desnorte de tanta greve e tanto descontentamento, a desmontar um polvo absolutamente desproporcionado para o pequeno país que temos. A Reforma da administração pública foi autonomizar corporações, e dividir para reinar, e nada dar a uns, e prometer desmedidamente a outros. Os grandes desiquilíbrios, como já o afirmou Miguel Cadilhe, foram criados nessa insana reforma. Uns viram o seu acrésco salarial em 8 escudos e outros em milhares. As carreiras foram por medida. Quanto mais poderosa a corporação mais se deu e prometeu.

E temos nas ruas médicos, enfermeiros, professores, polícias, funcionários públicos, magistrados, e inicou-se um movimento que não terá mais fim. Curiosamente as reivindicações partiram exatamente dos que mais ganham e melhor qualidade de vida têm no nosso país. São especiais, até no nome são contra natura, o que Portugal deve ter é gente de trabalho, e serem todos forças de engenho e produção, sábios, engenheiros, médicos, agricultores, empresários, operários e os demais. E termos todos direitos. E não haver coisas para uns e outras coisas para outros e nada para os que não possuem força para pedir. Isso é um liberalismo selvagem que pode dar fortuna a alguns e miséria a muitos. Isso é contra a ideia de solidariedade. Portugal saiu de um dos períodos mais críticos da sua história da nossa democracia, o governo de Passos Coelho só teve mesmo algum sentido enquanto ele afirmava "que se lixem as eleições" e que os portugueses eram "piegas", pois ele em pouco tempo destruiu o que havia para destruir, nada fez do que ameaçou fazer nomeadamente no que respeita a fundações, e outras entidades difusas espalhadas pelo país, e permitiu-se mesmo atacar tudo, férias, feriados, direitos dos trabalhadores, salários, leis laborais, asfixiando tanto a economia que a sociedade portuguesa levou um duríssimo golpe nas suas vidas. Muitos perderam casas, empresas, empregos, bens. 

Mas vou admitir que Passos Coelho até fez os portugueses fazerem o esforço certo. Apenas não entendo é que depois de tantos sacrifícios os portugueses aumentam a sua dívida ao exterior, e em boa verdade não estou seguro de quem detêm a verdade se os que crêem cegamente na possibilidade de pagar a dívida ou os que dizem ser ela impagável.

Costa herdou um país completamente atordoado. Perdeu a oportunidade de ser um homem de grande visão e um brilhante primeiro ministro. Mas nunca o poderia alcançar enquanto sendo refém de dois partidos radicais que o mantêm na cadeira do poder. Tem que seguir os seus companheiros de coligação e é obrigado a dar o que não pode, e a fazer o que não devia. Está cercado. Quer avançar mas não tem força. Travam-no. E deste modo não é um factor de estabilidade virado ao futuro. É um homem agarrado desesperadamente ao lugar de primeiro ministro. E em face dos bons indicadores da economia portuguesa não se tem proveita esses bons tempos para transformar o país, melhorá-lo, introduzir-lhe competividade e produtividade. 

E as classes corporativas, que em Portugal nunca foram colocadas no seu justo lugar, sentiram que havia dinheiro e saltaram à rua. Aqui del rei. Querem tudo. Os enfermeiros chegaram a colocar em cima da mesa alguns aumentos que chegavam a ser de 700 euros cada mês. Os médicos querem descongelar carreiras, mas contra a realidade do aumento de esperança de vida, não querem aumentar a idade de fazer bancos, querem ter menos doentes, exigem o que podem. E têm força para fazer cair governos. Depois o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista e a CGTP aproveitam estes climas de banquete para reivindicar mais e mais. Desestabilizam a convivência social, pressionam a governação e estão a fomentar uma espécie de desordem reivindicativa que o país não pode nem tem condições para fazer.

Nós precisamos reformar. Mas reformar, na ideia que tenho, não é sinónimo de destruir e tirar. Isso condena de imediato o sucesso das mudanças. Nós temos de reformar baseado em estudos sérios e no pressuposto de ter serviços com eficácia e produtividade, mas pagando aos trabalhadores de acordo com a sua participação nesse esforço. E temos de ter a audácia de aclarar as águas inquinadas que , na minha modesta opinião obstaculizam rigor, ética e moral nas coisas. Por exemplo, um médico no SNS tem de ser bem pago. Mas tem que ser médico. E, do SNS. Não tem qualquer sentido uns trabalham para aqui, e para ali, e fica sempre a ideia que algum fica para trás. Agora, para pagar bem aos médicos, há que exigir deles a exclusividade, e tratá-los como aos demais trabalhadores, isto é, têm que ser normais e não especiais. Têm de existir uma lei global com os parãmetros para todos, e somente em situações restritas e que são exclusivas de um ou outro corpo profissional, se abrem cadernos excepcionais que soam de imediato a privilégios.

Este era o tempo, de se ter feito um acordo de regime pelo menos na geringonça, e se efectuarem as reformas e se fossem organizando calendários generalizados para ir repondo situações anteriores, ou deslocando os trabalhadores para carreiras mais globais, e mais actuais. A reposição dos salários, parece-me justa, mas tem que ser executada no tempo e de um modo concertado entre todos. Fazer no tempo certo pode ser a garantia de permanecer no tempo. Fazer precipitadamente pode ser mais uma ilusão que cai no virar do vento.

Portugal tem que ser um país justo, não pode manter essa deformidadde mental que vem de outros tempos, e que pelos vistos alguns ainda partilham, em que alguns são mais iguais que outros. Temos de ter um país sério, que trate as pessoas de modo sério, ninguém de bom senso percebe que, por exemplo, entre um médico, um enfermeiro, um administrativo e um auxiliar que trabalham num sábado ou num domingo num Centro de Saúde, apenas o médico recebe trabalho extraordinário. Então os outros trabalhadores são menores? O seu trabalho não vale? O seu esforço não merece recompensa? A falta do médico em casa sente-se e dos outros não?

E os enfermeiros? Obviamente têm razão nalgumas reivindicações. Toda a gente tem alguma razão. Mas existem situações nas suas carreiras que são completamente obscenas. Por excemplo um Centro de Saúde pequeno como imensos que existem no interior do país não necessita ter um enfermeiro chefe que pode ganhar 2500 €, e em alguns casos, pouco mais faz que trabalho admisnistrativo, estatisticas, e coisas assim. Nem ter, como já vi um enfermeiro a dar vacinas e nada mais fazer anos a fio em Centros de Saúde onde se dão 20 vacinas por mês. E isso pode custar 1700 €. 

Isto é. Os recursos são sempre escassos. Mas se houver uma distribuição e gestão rigorosa do trabalho, se na chefia das organizações estiverem quadros experientes e competentes - em substituição de lugares de nomeação política onde se metem familiares, amigos, do partido, recém chegados, - o comando sensato e sábio, vai saber exigir, e conhece, o que os demais vão ter que fazer. Nós ainda temos serviços de recursos humanos, que são um atentado ao significado exacto da palavra que é potencializar o que cada um melhor tem para o colocar onde mais pode render. Ainda se mantêm, por todo o tipo absurdo de interesses, pessoas válidas e competentes a executar serviços sem qualquer complexidade e interesse, enquanto alguns inaptos estão em lugares onde não podem executar eficazmente o que deviam produzir mas são de confiança, ou protegidos. 

Este governo podia e devia ter começado por reorganizar tudo como por desgraça e obrigação está a tentar fazer nas florestas. Repensar. Reorganizar. Estimular. Estudar. E paulatinamente, faria um brilharete com as demais forças de esquerda. Mas com a avidez de gastar o que se não tem, e de manter sistemas obsoletos, inadequados, absurdos, vamos continuar aprisionados de velhos ritos, de costumes de verdadeiras forças de tensão que se não justificam hoje. Deste modo vamos continuar a afundar os problemas nucleares do nosso país, vamos ter uma saúde que parece um campo de especiais onde estes são insindicáveis e onde não existe lei. Vamos manter uma Justiça anquilosada e um direito que é diferente para uns e outros. Vamos ter uma educação que deve necessariamente preparar homens mais cultos, mas também mais conhecedores da convivência, da ética e da cidadania. Deveria ser obrigatório uma disciplina na escolaridade obrigatória sobre, moral - onde até se podiam abordar as religiões - ética, para inculcar nos espíritos jovens a importância de conviver com o outro segundo regras que não necessitam ser escritas mas que são conscientemente aceites por todos como decisivas para uma vida boa entre pessoas e sociedades, e cidadania. 

Para finalizar, diria que o país está a desviar-se perigosamente de um rumo de missão que deveria unir os portugueses. Nós temos de construir o nosso próprio caminho. Mas a sociedade civil, os sábios, os pensadores e os políticos deveriam trabalhar em conjunto para que tenhamos claros os nossos objectivos, o que nos pode levar à prosperidade e a sermos respeitados no mundo. Só depois de percebermos claramente o que queremos ser e ter, podemos caminhar. Há demasiado tempo que andamos às voltas. É lamentável. Estamos a perder o futuro e a inutilizar os nossos esforços do presente. Parece-me que continuamos no tempo perdido.


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