segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A GINNY LÁ NA PRADARIA VERDEJANTE ACONSELHA-ME A IR AO VETERINÁRIO E IR TER COM ELA.




A Ginny, que foi a minha grande companheira precisamente quando eu mais precisava de apoio e afecto - na altura o Presidente da República era outro - e as pessoas levam o tempo a correr, nem se lembram dessas coisas, fez-me chegar através dos sonhos uma mensagem que me dirigiu lá das pradarias verdejantes e sem fim onde está:

"Pedro, nós aqui não temos nem passado, nem presente, nem futuro. Todos somos felizes e todos somos amigos. Aqui cada instante é alegria, paz e estar bem. Isto é gigantesco, acho mesmo que não deve ter fim. E andam aqui anjos, todos temos asas, todos somos anjos, todos somos iguais e cada um é livre de ser feliz do seu jeito. Há biliões e biliões de anjos, de todos os tipos e tamanhos, uns no tapete verdinho da imensa pradaria, outros na água límpida e transparente, existe mesmo, deve ser um mar também sem fim, e muitos andam todo o tempo voando para um lado e para o outro. 

Tu nem tens ideia do que vejo aqui. Há bichos tão grandes que se eu me deparasse com um deles quando vivia aí na terra, só de medo caía desmaiado. Os "alifantes" que me mostraste numa revista são pequenos ao lado desses monstros, e alguns voam, parecem aviões enormes. Mas todos vivemos bem. Aqui não há mal. Não tenho de defender nada nem ninguém, pois não é preciso. Os homens como tu costumam andar juntos e têm comportamentos maravilhosos, brincam, são alegres, são felizes.

Nós temos asas brancas. Os anjos de asas negras são os animais que quando aqui chegam, ao pisar o grande espaço em que se olha para o que se foi e o que se fez, ficam envergonhados e vão para as florestas intermináveis. Ninguém os envia para lá. O divino não castiga, é amor. E mesmo esses anjos negros nós os amamos. E, em momentos que não posso precisar, todos os animais se juntam ao longo da borda da floresta interminável. E juntos damos amor aos anjos negros. É lindo. Alguns que já têm pouca escuridão ao ficarem brancos juntam-se a nós. Outros vão mudando de cor.

Sabes Pedro, nós não temos saudades, não sentimos nada que nos possa afectar a felicidade. Mas se formos à entrada, como o nome diz, a clareira por onde todos chegam, há um espaço onde apenas os anjos de asas brancas podem entrar, e donde podemos observar todo o universo, e tudo o que existe. Eu vou muitas vezes à entrada. Eu não sinto nada, como te disse, mas entendo que estarias bem melhor aqui. Não sinto nada contra esses médicos que andam a tirar-te os sonhos, os sorrisos, as ideias e a vida numa lenta agonia. Nós não podemos sentir. Somos. Tu aqui serias outro.

Entrei nos teus sonhos para te enviar uma mensagem. Porque não fazes o que me fizeram? Pedes e levam-te ao veterinário, como me fizeram a mim. Eu estava mal. E tu estás mal. E o veterinário dá-te uma injecção igual à que me deram. Fica sabendo, acordei feliz aqui na pradaria verdejante. E sou imensamente alegre, forte, jovem e eterna. Aqui não há guerras, enganos, mentiras, violências, nem uns que sejam ou pensem ser mais ou menos importantes ou poderosos. Aqui simplesmente não há poder ou sequer força quando - o que é impensável - um bicho qualquer quisesse faz mal a outro. Isso é impossível. O divino tem tudo concebido com muito amor, e tudo é organizado de modo tão inteligente que tudo se pode fazer, desde que seja bem. O mal não existe. 

Anda, vem para cá, eu prometo que vou receber-te à entrada e levo os meus amigos. Vamos amar-te todos, como eu já te amava aí. E se quiseres podes ficar connosco uns tempos. O tempo que quiseres. Depois vais perceber que aqui os homens são todos felizes, e bons, e vais querer juntar-te a eles. Faz isso anda, vai ao veterinário, não dói nada e acordas no autêntico paraíso.

Sempre te amarei, e esperarei sempre por ti. Sempre que lembrar venho à entrada. Ver-te chegar é perceber que vais encontrar, por fim, a paz que tens direito, e aí nunca te deixaram ter. Vem, aqui tudo é amor."

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