quinta-feira, 16 de novembro de 2017

RECEBI UMA CARTA DA PRESIDÊNCIA







Escrevi uma carta intimista - pouco formal - a Sua Excelência o senhor Presidente da República. A sua imagem de Presidente dos afectos, o Supremo magistrado da Nação, o católico todo amigo de bispos e Papa que se preocupa com pobrezinho, desgraçados, vítimas aqui e acolá, como podemos ver todos os dias na televisão, seguramente ia perceber o desespero de alguém que tem recorrido a tudo o que é possível e imaginável sem qualquer sucesso, e é vítima de um acto absolutamente ilegal que lhe causam tão graves danos, que como confessei a Sua Excelência, estaria em causa continuar vivo sem a solução deste problema em tempo útil.

O Senhor Presidente da República que admirava fervosamente e em quem votei serena e alegremente, foi sempre motivo dos meus mais fervorosos elogios. Era uma inteligência absolutamente acima dos inteligentes que por aí andam feitos importantes e intelectuais, era um professor de direito único, foi o melhor aluno da Faculdade enquanto estudante, e era humano, gostava da boa convivência e tinha sentido de justiça.

Confesso, a resposta que recebi da Casa Civil da Presidência, prudentemente atrasada, quando inclusivamente esclareci Sua Excelência que iria interromper todas as minhas diligências enquanto dele não tivesse resposta, foi provavelmente a maior decepção dos últimos anos.

Não deixa de ser um homem inteligente, brilhante, ter todos os pregaminhos que o levarão - sem grande dificuldade e como eu hoje penso preparou até à minúcia - o melhor Presidente depois da democracia, e aquele que mais se aproximou do povo e das televisões. Onde havia uma desgraça lá estava, onde havia um problema grave aparecia, onde havia tragédia era o primeiro a aparecer. O nosso Presidente parecia imparável, sobre humano, e um poço sem fundo de afectos para com os que mais sofrem.

Infelizmente comigo não foi nada disso. Ao contrário, toda a minha vida detestei o seu antecessor Aníbel cavaco Silva, mas tenho de aceitar que ela andou melhor no meu caso. Pelo menos recebeu-o. deu-lhe atenção e enviou-o a quem de direito. Isto é, sempre foi aborrecer um pouquinho o Primeiro-Ministro, este aborreceu o Ministro e por aí abaixo. 

Marcelo Rebelo de Sousa tem um estilo pessoal notável - ser difernte marca um modo de ser - a alguns dos meus contactos não tive qualquer resposta. Absolutamente estranho. Mas, como um presidente tão activo que nunca está em tranquilidade em lugar algum, enfim. Mas sobre esta minha carta, em que um português lhe diz que é alvo de uma injustiça, bateu a todas as portas e nada aconteceu, houve violação de meios legais de direitos, um Livro Amarelo que não tinha resposta, uma injustiça que permanecia, um futuro ameaçado. de facto percebi que era insignificante. Tal e qual como para os médicos que me fizeram a Junta Médica criminosa, eu fui pouco mais que um mosquito para Sua Excelência.

Hoje, estou profundamente  abalado. Como digo há muito tempo em Portugal tudo é possível. A democracia é um pouco ilusória e só é propagada em tempo de eleições, o estado de direito é só para alguns, a justiça é uma ilusão e o direito tem a ver com o poder de quem a ele recorre.

Se já acreditava pouco no Sistema, deixei de acreditar totalmente. E percebo os milhões de portugueses que não votam. Efectivamente votar é participar num género de jogo viciado, é aceitar regras estranhas e difusas, o que não está bem.

Sua Excelência fez-me chegar na Carta que recebi da Casa Civil da Presidência da República, que "as cartas recebidas a 28 de Agosto e 6 de setembro, que mereceram a devida atenção e cujo envio agradece".

E termina aos meus queixumes do modo seguinte:

"O pedido formulado por V. Exa, não se enquadra nas competências constitucionais de Sua Excelência o Presidente da República, pelo que recomendamos que V. Exa. reitere o contacto com as autoridades nacionais competentes."

Bem Sua Excelência é igual a si próprio, poupado, não gasta nada em enviar a alguém a minmha angústia, isso fica caro e o povo anda em mará de contenção, e nada pode fazer pois a Constitução não lhe permite. E Sua Excelência é professor de direito, eminente. E nós, cidadãos obviamente não percebemos nada de leis.

Acabo por lhe agradecer. E desejar-lhe as maiores felicidades para o resto da sua vida. Estou grato. Acho que de facto Portugal tem o Presidente que deve ter. Depois a culpa nem é nada de Sua Excelência, se eu andasse na televisão, provavelmente a Constituição já possibilitava uma intervençaõ, como tantas que vimos todos os dias e por todos os motivos. Uma pessoa sózinha a Constituição não consegue proteger. E depois, o Senhor Presidente da República, dizia-me uma comadre má língua, teve o cuidado de aguardar as respostas para depois da aposentação do seu velho amigo, o Director-Geral de Saúde, que por acaso e comprovadamente era quem bloqueava os caminhos da justiça e defendia os seus amigos médicos de Portalegre.

Quando ouvi isso, pensei que devia seguir o conselho que a minha cadelinha Ginny me enviou das pradarias verdejantes do outro mundo, ir ao veterinário e levar uma injeção, o quie me daria para acordar feliz, sem angústias, nem medos, na eternidade junto dos cães asa branca.

Enfim, quem não tem poder não é nada. E tyem de andar de chapéu na mão, e curvar-se perante a gente grada. Nada mudou em Portugal. O mundo gira e nós cada vez estamos piores. Menos para os políticos eles têm-nos governado maravilhosamente. Só que o povo não percebe.

De todo o modo um bem haja ao nosso Presidente, e já agora , não amuem aos médicos que me fizeram aquela bendita Junta Médica.

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