quarta-feira, 9 de novembro de 2016

VIRIATUS - O ASTÉRIX DA LUSITÂNIA


De Viriatus diziam os romanos:


"NÃO SE GOVERNA 

NEM SE DEIXA GOVERNAR"












ASTÉRIX é uma personagem da banda desenhada que representa um imaginário guerreiro de uma aldeia gaulesa, que devido aos magníficos poderes de uma poção mágica que o druida fazia, dava aos gauleses uma força tão poderosa que desafiavam, e venciam as legiões romanas, razão bastante, para serem um pequeno reduto da Gália independente do Império Romano.

VIRIATUS ou Viriato é uma personagem verídica de um chefe dos guerreiros da Lusitânia que durante muitos anos impediu que as legiões romanas tomassem posse da área geográfica a sul do rio Douro, na Hispânia.

VIRIATUS é, deste modo um herói reivindicado - e justamente - tanto pelos espanhóis como pelos portugueses  dado que a Lusitânia ocupava território hoje pertença dos dois países.

VIRIATUS não representa um imaginário de diversão, mas a força do querer, a capacidade de lutar pelo que vale a pena, pelo direito, pelo que lhe pertence. Viriato mostra que a luta, a resistência tem os seis alicerces na ideia, no sonho, na decisão, e depois na luta sem nunca desistir pelo que entendiam ser seu, que amavam, e de que não abriam mão, mesmo perante um inimigos muitíssimas vezes superior.

VIRIATUS é a razão, a irreverência, a tenacidade, a valentia, o acreditar, a entrega, é o verdadeiro homem que não baixa os braços, não fraqueja nos momentos mais duros, e está disposto até à morte a lutar pela sua causa, pelo seu ideal, pela justiça, que mais não é que assegurar a cada um o que lhe pertence.

Passaram dois mil anos. ASTÉRIX e VIRIATUS, embora a diferença entre a ficção e a realidade, representam a luta contra a opressão, a tirania, o poder da força, o que não é justo. 

Pelo que representam devem ultrapassar todo o tempo, e a imaginação, e servir de farol aos que hoje navegam entre outros perigos. Hoje as lutas são diferentes, mas curiosamente os interesses parecem não ter mudado através dos séculos, as lutas continuam a ser travadas entre o bem e mal, o justo e o injusto, os interesses, e a vontade inexplicável de existirem homens como povos que sentem a alegria de subjugarem outros povos e outras pessoas. Talvez por isso, sejam necessários homens que mesmo parecendo loucos tenham dentro de si um pouco do idealizado Astérix e do lendário Viriato, e que assuma mesmo um pouco de outros pequenos grandes heróis que por uma ou outra razão, "se libertaram da lei da morte", como David y D. Quixote.

Passados estes milénios o mundo ainda está cheio de vândalos fazendo as maiores barbaridades, e nem o maior discurso filosófico de todos os tempos, que veio mudar a maneira de pensar e ver o mundo, a vida e sobretudo o amor e a morte, por Jesus Cristo, conseguiu generalizar e inculcar nas pessoas a ideia de um comportamento moral e as levou a ter um procedimento ético que permitisse um mundo melhor, mais livre, e onde a vivência entre todos se tornaria mais fácil e sem atropelos.

O homem podia viver feliz num planeta que lhe foi deixado e que paulatina e irresponsavelmente vai destruindo, em paz e harmonia com os outros homens. O homem se não se reinventar, se não proceder a profundas reformas em si mesmo, não vai recuperar o seu lugar natural no centro do mundo e que perdeu no meio de suas ganâncias, tiranias  e vaidades, e deste modo não conseguirá realizar obras que possam em simultâneo tratar o seu habitat tão doente e necessitado, e encontrar uma vida de paz e de felicidade.

Sem paz e sem felicidade, sem moral e sem ética, com o desgoverno dos que nos governam, sem perceber bem quem são os senhores do mundo e onde se escondem, sem democracias aperfeiçoadas e mais participativas, e sem gente séria e de mérito à frente das organizações, serão necessários muitos Astérix, muitos Viriato, muitos David e muitos D. Quixota, pois a vida continuará a ser um atabalhoado de ilegalidades, fraudes, corrupções, prepotências, atentados à dignidade e aos direitos das gentes, enfim, um mundo que parece ter sido feito à medida de muitos poucos, mas que a gentalha sustenta feliz. Tudo parece inevitável. Parece que já não há esperança. Só mesmo o D. Quixote a lutar contra moinhos de vento, o David a corajosamente defrontar o gigante Golias, o Viriato a defender o que é de cada um, e um Astérix para que cada homem possa acreditar que pode sonhar, e se pode transformar, e ser maior, bastando ter ao seu lado a poção mágica que mais não é que a razão e a verdade.

Sempre valerá a pena olhar atrás e perceber que temos as forças para caminhar para diante. É só questão de nunca desistir e seguir lutando.

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