quarta-feira, 2 de novembro de 2016

PODERÁ O DESONESTO TER MORALIDADES PARA DAR E PARA VENDER?



RESPOSTA: O DESONESTO DESCONHECE A MORAL,
DESAFIA A HONESTIDADE 
E CARREGA IMORALIDADES!





















Trabalhei mais de 40 anos. Aprendi cedo as agruras da vida e como nada precisamos fazer para a ver pulverizada de vicissitudes. A vida é mesmo assim. E cada um tem de viver a sua vida, isto é, transportar a cruz que lhe calhou até aos fim dos seus dias. Cada homem é ele e a sua circunstância. São todo esse conjunto de acontecimentos, ocorrências, experiências, estabilidade ou não, mais ou menos dificuldades, o relacionamento com os outros e o mundo que vêem a determinar o homem tal qual o conhecemos. Se pode admitir-se tal tese como geral, pelo que se aplica a todos os seres humanos, eu não consegui escapar e sou exactamente o conjunto de tudo o que me foi moldando pela vida fora. Vida essa que começou promissora, passou a ziguezaguear entre bons e maus momentos, boas e más épocas, e depois de uma juventude que terminou abruptamente e me catapultou para uma vida de gente adulta, onde já trabalhava e já havia conquistado a minha independência. Falando no que vem a seguir todas as pessoas conhecem, é lutar pela sobrevivência, cumprir com os deveres profissionais, éticos, morais e sociais, e no meio dessa selva humana tentar, sem querer a genialidade ou algo de distinto dos demais, conseguir manter uma vida em que os meus princípios e valores não fossem alienados, e conseguisse sempre olhar o espelho em cada manhã e não sentir vergonha.

Logicamente, cometi demasiados erros e coleccionei muitos pecados, percebi a minha ignorância quando procurava perceber a causa das coisas, e vivi sempre cheio de dúvidas sobretudo quando percebi que só os burros não mudam, e que o conhecimento nos leva obrigatoriamente a levantarmos questões. Gente cheia de convicções encontrei por todo o lado, curiosamente encontrei a dúvida naqueles poucos que detinham mais saber. A minha curiosidade afastava-me dos outros. decididamente afastava-me da leitura da Bola, e de olhar as telenovelas, e muitas vezes falava de coisas que em nada interessavam os meus interlocutores. Percebi também que os títulos académicos por si só não transmitem nada de seguro. Há Universidades que vendem cursos, há gente que vive de vender trabalhos académicos, há licenciados que nada sabem, e tudo foi com uma velocidade vertiginosa no sentido do desenvolvimento e valoração da incompetência, do desinteresse no mérito, no curriculum verdadeiro, nas acções selectivas sãs, e tudo em nosso redor nos aparece envolto na maior mediocridade que seria pensável.

Fui funcionário público demasiado tempo. Fui algumas vezes ofendido como sendo um cidadão de primeira enquanto os outros, que labutavam no sector privado me pagavam o salário e eram mal servidos. E algumas vezes tinham razão. Fui algumas vezes amesquinhado quando poderia estar comodamente e ter tido uma vida diferente da que tive, mas na hora da verdade lá aparecia alguém com a tal famigerada ideia que funcionário público é pior que incapaz, nada sabe, nada faz, não garante seja o que for. É um perdido. E o pior é que nas minhas reflexões tenho que aceitar que uma generalização dessas é no mínimo vexatória e ignóbil, mas, e existe sempre um malvado mas, pode aplicar-se em casos porventura em número superior ao aceitável. Eu ainda tentei defender-me, dizer que comecei de baixo, das obras, que cortei pinheiros, fiz massa para encher placas de casas, fui ajudante de pedreiro, carreguei tábuas numa serração, pintei e caiei casas e Igrejas, e nos fins de semana por falta de mão de obra, trabalhava sempre. E tive dias de trabalhar no duro mais de 10 horas. Aí aprendi muito. E a primeira lição foi que trabalhar implica de facto muito sofrimento e que só pode agradecer a Deus aquele que trabalha no que lhe dá prazer, o que dito de outro modo, vive alegremente e feliz, enquanto outros se arrastam numa vida diariamente penosa desde o levantar até ao deitar. Mas não posso deixar este tema sem dizer que encontrei alguns funcionários que correria a contratar se fosse um rico empresário, vi muitos serem obrigados a esforços inumanos, e logicamente apercebi-me de uma gestão vergonhosa da administração pública que permite que alguns nada façam, perturbem os que querem fazer, e ainda levam louros cada ano por maravilhosos serviços que nunca prestaram mas vai constar do seu cadastro.

Falar na Administração Pública é como falar num comboio fantasma daqueles que existiam na Feira Popular. Entra-se nela, muitas vezes já por verdadeiros golpes legais mas de moralidade mais que duvidosa, ou mesmo nas costas de alguma ilegalidade, e alguns, poucos, conseguem entrar pelo seu mérito, por concurso, provas públicas e entrevista profissional de selecção. É necessário frisar que mesmo os mais inocentes concursos, se podem manipular, daí decorrendo a contratação de quem se deseja, e daí acontecendo algumas vezes, acrescidas despesas para o estado, que somos todos nós. Depois contar o que é a vida de um funcionário, é muitas vezes dramático e tão impreciso quão assustador e difícil é explicar cada voltinha do comboio fantasma polvilhado de susto, coisas feias, horrendas e acontecimentos mirabolantes. Diria só, a título de exemplo que vi antigos funcionários chorarem no dia em que faziam setenta anos, e se lhes fazia uma pequena festa de homenagem, mas a lei não permitia nem mais um só dia de trabalho. Hoje conheço funcionários públicos que chorariam se pudessem largar o seu trabalho, de alegria, do cansaço, da desmoralização, da degradação, da falta de respeito, do medo que hoje se vive numa Administração Pública que apresenta muitas vezes um quadro de gestores que não sabem para se gerir a eles quanto mais aos outros, e com um comportamento ético tão nulo que parece apenas servirem interesses privados, de corporação, de partido, de amigos, e de gente poderosa. Tudo o resto é canil. E,  abaixo do pescoço é canela. Pode bater sem problema.

Apesar de pensarmos que a Administração Pública - e aqui abro este conceito aos seus afilhados, que são um conjunto de dimensão sempre crescente de Instituições e Institutos Públicas, Empresas Públicas (que crescem como cogumelos para se escaparem às regras mais apertadas da Administração Directa, Central e Regional do Estado) - se subordina à lei e respeita os princípios constitucionalmente consagrados no nosso Texto Fundamental, e que respeita obviamente os valores da nossa sociedade, a ética e a moral, é mais seguro acreditar que ela se move como uma serpente em território lodoso, esguia contorna, rápida esquiva-se, astuta transgride, acintosa viola e ataca, tornando-se num quase insindicável meio em que apenas se deixa apanhar quando a falta é demasiado grave e se torna pública, ou o rabo de fora é tão extenso que não existe meio de o ocultar. Deste modo a Administração em sentido restrito acolhe-se num direito que nasceu com uma única finalidade, salvar o estado, colocar o Estado num ponto de superioridade face ao cidadão. Um direito que nasce torto, na minha modesta opinião, não é direito. É uma trapalhada a fingir que serve a justiça quando coloca os pratos da balança com pesos diferentes para um julgamento que se deseja justo. E a Administração que poucos percebem, se é estatal ou privada, se tem hierarquia pública ou privada, se as entidades para julgar as faltas e aplicar as penas são os Tribunais Administrativos ou os de Trabalho ou os Civis e Criminais de Comarca, ainda é mais confusa, parece mais arredada de responsabilizações, juntas em cumplicidades incompreensíveis, juntas com as corporações, é uma salada russa de tal modo que quem cai no seu meio vê-se perdido para resolver seja o que for. A cumplicidade e a impunidade tornaram-se apanágio dessas entidades que parecem viver ao lado da lei, fugindo dela quando lhe convêm, ignorando em seu interesse, e apenas seguindo-a quando tudo corre bem e a oeste nada de novo.

Falando em princípios, a Administração Pública lato senso, bem precisa deles, e os que lhe estão destinados já garantiam o seu trajecto dentro de legalidade, e no respeito pelos cidadãos, deveria assumir-se, no entanto, como uma pedra angular a exigência sobre os titulares de órgãos públicos de um exercício que se pautasse pela MORALIDADE, pois deste modo, verificaríamos na realidade a demonstração inequívoca de um estado de pleno direito. Sabemos que a moralidade é mais exigente que a legalidade e abeira-se da legitimidade. O uso ilegítimo do poder conduz à prática de actos totalmente ilegais e relacionam-se quase sempre com a imoralidade das acções.

Na falência da moralidade pública não são apenas a desenvergonha e o cinismo que causam repulsa...

Numa perspectiva moral a causa da corrupção situa-se no indivíduo. Este porque é desonesto acaba por cometer actos caracterizados por marcante desonestidade. Um determinado ambiente, e não encontramos melhor que nestas Instituições que pululam um pouco por todo o território nacional que o cidadão normal não consegue identificar na sua simples natureza jurídica, acaba por se tornar terreno fértil para a desonestidade, porque as pessoas que ali deveriam executar as suas funções e cumprir com a sua missão, são altamente propensas à desonestidade. Logicamente que a corrupção não se tornaria num pecado vulgarizado e que nem desperta repúdio vivo na maioria das pessoas, não seria uma chaga social, um pesadelo, um prejuízo gigantesco para o país, se não proliferassem em determinados lugares pessoas sem qualquer ideia de honestidade.


Parece de facto que a ideia de evolução da sociedade pelo decurso do tempo e com o apoio do desenvolvimento científico e técnico não só não corresponde à realidade como, ao invés, os reais resultados dos avanços tecnológicos e da ciência não se retirou fecunda e natural vantagem que se viesse a verificar numa análise à vida do homem, à vida das nações, e sobretudo num objectivo primacial dos espíritos que têm governado o mundo, a globalização, que em vez de diminuir as diferenças entre as nações e os povos, e os homens, veio aumentar e acentuar essas diferenças, fazendo aumentar a instabilidade não só onde não era estável mas também nos países que viviam em padrões socialmente estabilizados.


SÓ O HOMEM PODE REVOLUCIONAR UM MUNDO PERDIDO, SÓ ELE... COM A AJUDA DE DEUS


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