Responder à questão se pode existir infidelidade , ou mais rigorosamente imaginado e reflectido, se a ideia de amor pressupõe fidelidade, é como que querer comprovar racionalmente a existência de ideia de amor como forma de vivenciar e desfrutar de um amor em que alguém se imagina, sente e é feliz com um amor que assumiu com outro ser, e juntos partilham, na ideia de uma felicidade eterna.
Trata-se admito de uma questão exclusiva do ser que vive o amor através de uma ideia. Nem se consegue comprovar o amor nem a ideia. Do mesmo modo que nada nem ninguém consegue comprovar a existência de Deus.
Descartes, saiu-se bem do dilema que lhe foi colocado, respondendo a uma pergunta aparentemente sem resposta ou de resposta obrigatoriamente contrário. O que colocaria em causa a teoria do genial criador do racionalismo.
Descartes respondeu que obviamente Deus existe, mas não lhe podiam pedir a ele um ser imperfeito que comprovasse a perfeição.
Eu também creio que existe fidelidade na ideia de amor. Como a mesma fidelidade deve fazer parte do amor.
Quando há infidelidade no amor, além de sempre se ter por certo a existência de uma crise na luz amorosa, pode daí decorrer, como às vezes sucede, que ultrapassada a crise, ou não sendo a mesma digna de grande preocupação, tudo segue igual. Mas também pode acontecer, e creio que muitas vezes assim sucede, fica sempre aberta uma chaga, que não fecha, e muitas vezes o amor não sobrevive a essa traição.
É exactamente o que acontece na ideia de amor. Dá-se a infidelidade e o ser que idealizou essa forma peculiar de amar e ser feliz, pode ultrapassar o facto se o mesmo não tem valor expressivo e cheio de culpas de consciência e desculpas imaginárias se volta a embrenhar na ideia. Ou esta, atingida mortalmente, vai-se dissipando, acabando por desaparecer.
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