terça-feira, 8 de maio de 2018

IDEIA DE AMOR




A IDEIA DE AMOR É AMAR SOZINHO?


"Amar sozinho é o auge da resiliência. É se acostumar com a solidão por achar que a companhia do amor que sente é suficiente. Preferir sentir a frustração da falta de companhia do que a tristeza da partida do amor."

in  por Marina Melz, http://eoh.com.br



Refuto claramente o exposto. A ideia de amor não se parece com o desamor de amar sozinho. Pode também ser uma resiliência, pode até configurar um acomodar tranquilo e sereno, feliz, por achar que o amor que se tem na ideia é suficiente. Mas nunca é frustração.

É que a ideia de amor tem sempre ínsita a presença de dois seres. E a ideia permite plenamente englobar que os seres se amam, sem que seja necessário obrigatoriamente que o ser que se ama esteja junto, nos acarinhe, nos dê beijos, nos abrace. No amor que temos ideia tudo isso e muito mais existe.

Não acreditar no amor em ideia ou espiritual, é o mesmo que rejeitar o amor divino, e admitir que quem ama a Deus deve sentir uma qualquer frustração pois esse Ser Superior não está, e o seu amor não estando ali ao lado, é como se tivesse partido.

Na ideia de amor, está sempre presente a dualidade, o que sente e é feliz, e se alimenta exactamente desse amor, que não pode ser só, pois ocupa um espaço no seu coração, no acordar em cada manhã, durante o dia, e à noite ao deitar.

Essa ideia de amor, tem semelhanças com a fé, e pode mesmo ser sacralizada. A pessoa pode dar-se à ideia e ser feliz mergulhado nela. E pode achá-la bastante, suficiente, não necessitando de outro amor, que eventualmente profanaria aquele. 

A fé leva-nos a crer num Ser Superior, numa divindade, que em bom rigor ninguém viu, ninguém comprova existir, ou se acredita ou não, mas não se vê, não se tem qualquer ideia, nada.. Na ideia de amor, pode até admitir-se, embora me pareça muito menos provável, que o ser criador da ideia idealize exactamente o ser que vai amar e que o vai amar também. E pode, amar um ser que conhece e em quem concentrou essa potencialidade magnífica do amor. Esse amor é ideia, sobre algo real, que existe, se pode ver, sentir, mas é um amor interior, em que os sentimentos estão nas profundezas do ser, e é ali que se alimentam e desfrutam, todas as alegrias e sensações de um amor autêntico.

Uma diferença expressiva entre o amar sozinho e a ideia de amor, é que o amor solitário, em que o ser amado está ausente, é dor, pode ser efectivamente desamor, é engano. Na ideia, o amor é sublime, ultrapassa mesmo, em casos extremos, o que é, o que existe em normalidade, é puro, intenso, é assumidamente entrega e dádiva, troca, é felicidade. 

No amor sozinho pensa-se o outro com tristeza, com um sentimento de incapacidade e de frustração. É como querer agarrar uma estrela que se persegue e ela estar absolutamente inacessível. Mas, continua-se a persegui-la.

Na ideia de amor, as duas estrelas enamoradas ou andam juntas e trocam luzes e cores radiantes de felicidade. Ou, a própria ideia leva a que as duas estrelas se fundam, uma na outra, donde resultará inevitavelmente o ressurgimento de uma nova estrela, muito maior, muito mais forte e mais brilhante e luminosa, que vai pelos infinitos por tempo indeterminado, ou até ao fim do universo.






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