quinta-feira, 10 de maio de 2018

A NOSSA IGNORÂNCIA E A NOSSA IRRACIONALIDADE CERCEIAM-NOS A FELICIDADE




Como podemos admitir grandeza
Se nos olhamos em cada manhã no espelho
E percebemos melhor do que ninguém
O tamanho insignificante do ser
E das revelações que podemos absorver.

Projectando tudo o que verificamos,
Na violência de mais uma aurora
Em que nos parecemos erradamente reerguer,
O nosso interior não consegue disfarçar
Olhando tudo aquilo que nos rodeia lá fora
Antes e depois das estrelas, antes e depois do mar
O que são inquietações, dúvidas e incertezas mil
Desconhecido e enigmas inimagináveis
E nos interrogamos emersos na perplexidade
Entendendo o que realmente parecemos ser
O absolutamente tudo ou o absolutamente nada
O tudo porque o divino habita eternamente em nós
O nada porque nos devora amargamente a racionalidade.

De geração em geração desde milénios,
Levando-nos a fugir da nossa própria essência
Da existência feliz que seria magia e seria vida
Da união dos povos e do bem estar da terra.
Somos nós, apenas nós, na nossa vã loucura
Que ousamos impunemente desafiar as leis universais
Ousamos confrontar a física e as leis divinas
Criando em nós e no planeta um manancial de absurdos
Onde o âmago celestial, o amor, perde força, cada dia,
E com ele se esvai o pensamento, a razão e a existência,
E se vai mitigando qualquer solução firme e digna
De dar a cada qual o mais basilar fundamento da justiça
Dar a cada um o seu, dar ao homem o que a ele é devido
Dar a possibilidade de cada ser encontrar por si,
A imperiosa razão da passagem pelo mundo, a felicidade.

Pedro Cruz, in delírios de inquietude

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