quinta-feira, 21 de abril de 2016

INVENCÍVEL ARMADA... esperando o dia 27

















 



A Espanha era então a maior potência do mundo conhecido. O rei de Espanha era quase dono de meia Europa. O seu grande inimigo, como potência emergente e de religião protestante era a Inglaterra. Então Filipe II decidiu dar o golpe de misericórdia nas forças navais inglesas o que lhe garantiria a supremacia sobre os mares em qualquer ponto do mundo. Para esse feito juntou uma enorme armada, como igual nunca se tinha apresentada outra na história do mundo, com barcos de guerra espanhóis, portugueses (que estavam sob o jugo Filipino desde 1580) e de outras nações que havia tomado.

Tão poderosa se via essa enorme armada que lhe foi dado o nome de "Armada Invencível" pois no entendimento dos estrategas militares da época não existia nada de semelhante em alguma parte da Europa. Deste modo tudo parecia fácil aos espanhóis, e a vitória estava antecipadamente garantida.

Saíram de Lisboa a grande parte dos barcos de guerra que compunham a Invencível armada e rumaram às Ilhas Britânicas. Quiseram os deuses? O acaso? A força da razão? Quando se aproximavam das Ilhas britânicas, preparados para dar luta às embarcações defensivas dos ingleses que os defrontassem, eis que rebenta uma violentíssima tempestade. Tão grande foi a tormenta que segundo os cronistas da época mais de metade das embarcações da Invencível Armada desapareceram, umas afundando, outras metendo água, outras meio destroçadas, outras sem norte. E logo em seguida, um mal parece nunca vir só, dá-se um ataque fulminante da armada da Inglaterra, que sem dificuldade acaba por levar de vencida o que restava da armada feita para ser senhora dos mares do mundo.

Creio que os espanhóis devem ter tido um nó imenso na garganta, depois da gabarolice de se crerem invencíveis. Da fatídica investida perderam o predomínio que possuíam no Oceano Atlântico que passou precisamente para a mão dos ingleses que se tornaram a maior potência marítima.

Por outro lado, o peso dos conflitos que Filipe II travava em vários tabuleiros de guerra, obrigavam-no a despender recursos que escasseavam. E, como era modo da época, mesmo não sendo conhecido nesse tempo qualquer economista (Adam Smith foi o pai da economia muitos anos depois), teve o soberano espanhol de sobrecarregar de impostos os seus súbditos, tanto os espanhóis como os habitantes e naturais das nações que dominava (caso de Portugal, entre outros). Esse descontentamento foi gerando movimento de oposição cada vez mais fortes e um pouco por cada lado.

Portugal aproveitou todos esses descontentamentos que a tirania espanhola colocava sobre os portugueses. E, daí resultou que em 1640, Portugal, um pequeno país, não livre, dominado, se rebelasse e declarasse independência. Os espanhóis não conseguiram acudir a todos os focos de rebelião que surgiam um pouco por lugares dispersos, de modo que não surtiu qualquer efeito as escaramuças que vieram a dar-se entre os exércitos portugueses e espanhóis. Portugal alcançou a sua Independência.

A moral a tirar desta incursão sobre um episódio verdadeiro da História da Europa, revela que não existem invencíveis. E que aquele que crê na vitória antes de finalizar a guerra muitas vezes é confrontado com surpresas. Geralmente tristes.


P.S:

Dia 27 de Abril de 2016 partirá também uma armada, modesta, simples, de embarcações desactualizadas, sem tecnologia de ponta, sem conhecimentos dos mais modernos sistemas náuticos e com marinheiros do pé descalço, quase parecendo piratas, para se defrontar uma Armada Convencida, comando experiente, marinheiros formados em artes de marear, embarcações do melhor que se faz no mundo, armas modernas. Vai ser uma grande guerra. Veremos para que lado balançam os deuses? Seguirão a força da razão ou vão apoiar a razão da força?

Parece que nada vai impedir um grande confronto. Que seja uma grande guerra e que tenha grandes batalhas. E que se torne um espectáculo, como dizia Anatole France no título da sua obra prima "Os deuses têm sede", e o povo não encontra melhor entretenimento que se divertir com a desgraça alheia. Saciemos pois os deuses e deixemos em encantamento a populaça, os estudiosos, o que acompanham, que alguns já denominam de "A origem da tragédia" (Nitezsche).

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