sábado, 30 de abril de 2016

ERRARE HUMANUM EST

SOCORRO...

ERRAR É HUMANO



Não gosto de colocar a minha foto por aí. Gosto de fotos do mundo que me envolve, da criação divina que se manifesta sempre de um modo marcante e tem momentos de beleza impressionante, e de uma ou outra obra que o ser humano edificou e merece ser conhecida de todos. Os retartos não são o meu forte. E de mim, menos ainda, são raros, pois acho sempre o que efectivamente sou, há que ter a humildade de o reconhecer, nada bonito, agravado por me parecer ainda, ficar pior (não no sentido clínico) do que na realidade sou.

Mas hoje fui forçado a dar a cara. Ser honesto comigo mesmo. E não esconder dos que comigo partilham as minhas pequenas coisas da vida que sou imperfeito, que tenho muitas debilidades, imensas dúvidas e acabo errando vezes demais. Ontem, creio, cometi um erro clamoroso, e devo pedir desculpas, aos que atingi com as minhas irresponsabilidades e juízos de valor injustificados e aos que eventualmente, acreditando, aceitaram como válido o que coloquei aqui como queixa.


Ontem, considerei que tinha sido vítima de uma má acção, de malvadez, de vinganças, de intrigas, ou de manifesta incompetência, de tudo o mais que não sendo boa coisa, teria afectado a valoração que os Excelentíssimos Médicos da Junta Médica de Avaliação de Incapacidades para efeitos fiscais determinaram.

Como expliquei, quando me apercebi da realidade caí num estado de desequilíbrio e sofrimento intenso que me toldou a capacidade de ser lúcido, e de pensar claro. Por pouco me matava, mas programei a morte, num acto rápido e solitário, interior, precisava de uma corda que compraria no dia seguinte, e a minha casa da lenha seria o lugar adequado, tem vigas de cimento onde segurar a corda, enfim sempre lembro esse lugar. Em seguida num acto tresloucado me mataria na Unidade de Saúde Pública de Portalegre, sendo, deste modo, a tragédia cometida junto daqueles que a provocaram. Como se fosse a outra face da moeda. E, por fim, Deus existe, decidi lutar. Uma luta que sempre teve como objectivo primeiro defender todos aqueles que podendo ser vítimas como eu, não teriam capacidade para se defender. Morria atingindo três objectivos; dava descanso a uma mente inquieta e infeliz, desinteressada da vida, provocaria um acontecimento num organismo público em pequena cidade o que seria capa de jornal e chamaria a atenção das entidades policiais e de justiça, e com esse último acto faria o que toda a minha vida fiz, ajudar os mais fracos, defendê-los, e defender os valores e princípios, hoje em desuso, mas que sempre nortearam a minha vida.


Depois de colocar aqui, neste meu bloque dedicado a todo este romance esse "post", lido e relido, diferentemente de antigamente cometo muitos erros, e nem sempre consigo acompanhar os pensamentos o que me leva a falhar palavras, fiz uma ou outra correcção, coisas simples, mas me escapam, e fui descansar. Com a consciência tranquila do dever feito.

Passaram horas e mais horas, o dormir agora está cada vez mais complicado, volta para um lado e volta para outro, e durante todo esse tempo em que espero a paz do descanso que algumas vezes nunca vem, fui acometido por uma quantidade imensa de coisas. Tudo ruim. A minha cabeça parecia uma matraca. Os problemas misturavam-se. E eu, sempre que podia, tentava desviar tais tormentos tentando um monólogo, que normalmente é reparador e antecede o sono, com o meu Deus.


Talvez fosse mesmo alguma influência do divino, repentinamente, veio ao meu juízo a convicção que tudo o que fizera podia estar completamente errado, e que em sequência disso, tipa cometido uma injustiça pública gravíssima. Levantei-me, e fui observar a papelada dos dois processos de avaliação da minha incapacidade. Fui ver a legislação aplicada. Já não voltei à cama. dei voltas nos documentos, relatórios, exames, fiz contas e mais contas, e quanto mais eu labutava na procura da certificação das minhas ideias, mais certezas me invadiam e mais consciente ia ficando de ter atropelado eventualmente gente que o não merecia.

É que cheguei à conclusão - se podemos encontrar algum valor nas minhas teorias - que a subida da minha valorização da Incapacidade era tão óbvia, que o ocorrido era simplesmente um erro, erro de contas, a que o direito chama erro grosseiro, logo facilmente sanável.


E, fiquei mal com a minha consciência. Eu já não andava bem, depois na véspera tudo que tinha por mim passado era avassalador e de tinha trucidado completamente, tendo perdido em poucas horas algum benefício que a minha medicação e meu acompanhamento regular por uma psicóloga, tinham produzido. E estava naquele estado lastimoso por minha culpa. Eu é que errei, em toda a dimensão. E depois desta noite mais de insónia, e matutando no caso percebi tudo o que no meu espírito fazia sentido.

Pensei deste modo: a Excelentíssima Senhora Doutora Presidente da Junta de Avaliação de Incapacidades deve ter-me dito realmente que a minha valoração era de 0,640. Provavelmente entendi bem, mas por erro, havia troca de números no documento. E ao ver um número diferente e de valor menor, entrei em pânico, caí, fiquei sem norte, sem saber o que fazer. e nunca me lembrei que aquele número podia ser apenas resultado de um erro. E pensar que podia ter feito uma loucura.


Fui precipitado, o assumo, e decidi de imediato escrever uma carta, que enviei registada e com aviso de recepção - foi recebida pois possuo esse comprovativo - em que expondo estar inconformado com a valoração constante do documento que me foi dado, da Nova Incapacidade, indicava a possibilidade de se tratar de um erro, e de tão claro e óbvio, se poderia facilmente corrigir. Logicamente estando tão perturbado como me encontrava a carta não iria nas melhores condições, mas estou seguro que Sua Excelência a Senhora Presidente de Juntas Médicas, melhor que ninguém, entende os comportamentos e atitudes de quem está enfermo, e vai debruçar-se no essencial exposto.

Enviei a carta e fiquei tranquilo esperando a resposta. Confiante que o erro ia ser corrigido e tudo entraria em normalidade e eu, com o tempo, voltaria, se Deus quisesse, a sentir melhoras.




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