quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

NÃO ADIANTA GRITAR A QUEM SE FAZ SURDO...


...VAI SEMPRE FINGIR QUE NÃO, OUVE

É verdade que com o universo aparentemente imperturbável com os acontecimentos rotineiros que ocorrem na pacata e minguante região portalegrense, parece que tudo vai bem, e inevitavelmente continuará sereno, apesar de tudo indicar que vai continuar minguando e os que deveriam preocupar-se com isso, andam distaídos com os ritmos calmos da zona, e outros se aproveitam disso, explorando os incautos sonolentos, e daí tirando lógico benefício.

Apesar de Portalegre ser uma região onde ainda prosperam algumas características difusas do feudalismo, com a existência de senhores feudais, títulos e condados que passam de pais para filhos e famílias detentoras de quase tudo, os suseranos vivem felizes com os favores da nobreza, de quem são divertidos lacaios e agentes de diversão, e naturalmente os servos da gleba, seja na cidade seja nos campos, de nada contam.

E tudo estaria bem, Zeus não se incomoda com Portalegre para coisa nenhuma, se não fosse esta ilha cinzenta e trsite estar envolvida por mundos onde já se vislumbram outros traços civilizatórios. De Espanha nem bom vento nem bom casamento, mas num plebiscito inimaginável os portugueses correriam a abraçar a coroa espanhola e os seus reis à simples promessa de equiparação salarial e aproximação gradual e sustentada na qualidade de vida. E os distritos que nos rodeiam, que já foram semelhantes ao nosso, por obra de escolhas mais esclarecidas, imagino, e de um povo mais liberto e mais atento, colocaram turbinas na maquineta e cada mês que passa se afastam de nós.

O zé povinho encolhe os braços, faz manguitos, e tanto lhe faz como lhe deu, e o poder estabelecido anda em folguedo pois tudo parece querer, não manter-se, mas voltar a trás. E o tempo volta para trás e o trabalho de sol a sol a troco de quase nada justifica o que os nobres investem em benefício, que dizem para os outros, mas que dividem entre si.

Naturalmente não tenho nada contra Portalegre, aqui viveram os meus avós, aqui nasceu e foi criada minha mãe, e eu desde que nasci, faz 60 anos, sempre aqui vim de férias, aqui estive a estudar, e por aqui permaneço, sem que perceba bem como, quando os de cá fogem a sete pés, sobretudo se têm qualidade e saber, vai fazer, como o tempo passa , uns 40 anos, 

Vive-se bem aqui. O ar tem qualidade, os engarrafamentos e a sinistralidade é reduzida, tem a serra, tem a fonte dos amores, a Estalagem na Serra, e uns acessos que não se recomenda melhorados pois mais facilmente provocariam viagens de partida sem regresso. E a cidade é linda, tem infraestruturas inteligentes como aquela espécie de rotunda quem vai da Frei Amador Arrais e encontra a estrada da serra, e quem sobe dos Assentos em segunda via e de repente em ultrapassagem a facha que parecia sua desaparece, e ultrapassando aquilo que é fizeram do Jardim do Tarro e da Corredoura uns tipos galácticos de campos verdejantes que não convidam os pachorrentos alentejanos às boas práticas como se vê nos países desenvoltos, dos desportos. Tantas saudades do que foi feito faz tanto tempo. Os conhecimentos eram menos mas o amor era infinitamente maior. As coisas faziam-se para deleite dos habitantes, e causauvam impressão nos que por cá passavam.

E a cidade cresce, cresce, que quem vitou Portalegre há 25 anos e agora regressa parece encontrar outro mundo. Mas, as estatísticas dizem que cada vez vive menos gente por aqui. Que muitos vão estudar para fora e já não regressam. Que isto é uma cidade de meia dúzia e não vale a pena lutar contra a maré.

É verdade esta cidade vai morrer se não se mobilizar um movimento de actualização da cidadania. Isto é, um movimento reformista inconformado que deseje aproximar-se, nunca do pelotão da frente - isso era o milagre do doutor Cavaco - mas do resto do país. O povo tem que acordar, bater os pés, dizer uns palavrões, dar umas cacetadas nuns e noutros, e tomar a cidade de assalto. A cidade tem que ser democratizada, não pode estar nas mãos de companheiros e amigos de partido, compadres e primos, gente de bem, que de tanto se fecharem, com receio do pequenito, aparentam em alguns casos sintomas graves de falta de visão, de autismo, desconhecimento de coisas simples como a moral, a ética e os valores de um estado de direito e democrático.

Basta um curioso investigar com tempo e cuidadosamente quem é e quem está nos comandos dos tachos públicos, e quem são os lugares tenentes, donde vieram, que concursos fizeram, como entraram, quem são, para perceber - como o senhor Aníbal também parecia detestar - uma cidade a duas velocidades.

Quem engrena na facha pirilampo tem mais ou menos o futuro assegurado, tem lugar certo, conhecimentos, vai ter emprego para o filho, a namorada do filho, a amante, e tudo corre às mil maravilhas. Quem não consegue ter luz própria vai ter que transitar na facha escura, já sabe que dificilmente tem acesso a um emprego jeitoso, leva a vida a pedir favores e a levar negas, vai para o desemprego, cai doente, vê-se grego para se aposentar, e sabe que será sempre tratado como refugo.

Eu, por exemplo, não entrei nem nunca quis entrar na facha um ou dois, sempre quis ter a minha liberdade. Quando cheguei a Portalegre já vinha de outro serviço público e por isso fui me aguentando. Vi na minha carreira de funcionário coisas que se soubesse escrever livros e contasse, mais de metade dos leitores cuidariam de ajuizar que nada do que narraria seria deste mundo ou que eu, como muito aspiram, vivo na lua, e digo coisas sem fundamento.

Por isso, tenho tido imensas lutas contra uma espécie de senhoritos feudais, e senhoritas, que mantêm a presunção mas não conhecem sequer a força de um varapau nos lombetes. Tentaram pôr-me as patas em cima, como vulgarmente se diz. Sem sucesso. Ainda nem o primeiro se ficou a rir. E agora, precisamente com 60 anos, dos quais 40 de trabalho, tive de me reformar por uma invalidez que foi criada em ambiente de trabalho, por perseguições de gente reles, incompetente, pérfida e má, e agora, que me apanharam sem forças caíram-me em cima - eu também adoro as coisas em grande - três médicos (para mim só depois de ver o diploma) de saúde pública que se lembraram por uma alma demoníaca que pulula por aí na cidade chateando toda a gente, vingar-se. 

Atacaram-me. Primeiro pensei que era três, depois pensei que eram quatro e agora já penso que são pelo menos uns seis ou sete. Mas todos caíram exactamente no mesmo erro, desentendidos de se meterem com gente capaz de lhes fazer frente e que os não teme, não estudaram nem como, nem quem era o inimigo. E toca de lhe cairem em cima como se fosse malhar num pobre de Cristo na beira de uma estrada.

Eu, vou dar conta deles. Crimes têm que se pagar, a justiça tarda mas não dorme. E tão lçadrão é quem entra na casa como quem fica à porta. E parece-me que os mais coitaditos ainda foram os que me assaltaram, enganados, para contentamento de quem instigou, e felicidade de quem está cumplice. 

Mas não tenham dúvidas, se aparecer morto em algum lugar, não foi esta gente. Isto é um bando de cobardes a quem eu se estivéssemos 100 anos atrás já tinha escovado a roupa com um cacete. Quando as coisas que não iam a bem iam a mal. Não, se aparecer morto é coisa de política internacional, o meu blogue em espanhol e dedicado à América latina está censurado na Venezuela. E os serviços secretos andam a brincar comigo ao gato e ao rato. E quanto mais me censuram mais coloco "postes" a chamar ditador e criminoso a esse louco desvairado do Nocolás Maduro. Orgulho-me por defender valores de liberdade e ter em conta uma educação que me foi dada onde existiam principios a seguir. Sempre lutarei pela liberdade. pela paz. pelos direitos humanos, pela verdade, e pela justiça. Esquecê-los é perder o ponteiro da bússula da vida que mais não merece ser vivida.

Há lutas que se tornam sagradas e mortes que são a eternidade.



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