Passos Coelho
Miguel Relvas
Matos Rosa
Quanto tempo vão andar por aí?
Muita sabedoria tem o povo. A democracia tem destas coisas. Parece que os portugueses parecem por fim perceber que tem poder e nas eleições pode alterar o status quo e calar vaidades e prepotências. O PSD é indiscutivelmente o partido político mais português. E ainda transporta em si resquícios de espíritos influenciados por 48 anos de obscurantismo político em que alguns tinham privilégios injustificados, lembrando feudalismos anquilosados nas mãos de meia dúzia de inconformados com as igualdades, famílias nobres, gente poderosa e tirana, incompetentes protegidos, e empresários saudosos de salários e condições de trabalho miseráveis e lavradores que ainda sonham com o trabalho de sol a sol e uma chão de nada no que se refere a direitos dos que trabalham.
É pena É um partido que tem muita gente, que tem bons quadros, que tem ideias, mas depois mantêm-se preponderante exatamente nos meios rurais, menos cultos e desenvolvidos. Aí o caciquismo tradicional ainda é uma realidade. A arrogância e prepotência de muitas ainda não encontra vozes com força para um protesto.
Passos Coelho - retirando algum mérito no equilíbrio das contas públicas - foi um atentado aos portugueses. Conquistou o poder com mentiras como nunca se vira no nosso espectro político. E, sentado na cadeira do poder transformou-se num mandarete da senhora Merkell, e para lhe agradar ia rebentando com grande parte do povo português, que ainda hoje paga amargamente o que perdeu.
Passos Coelho levou tudo o que a classe média baixa e média detinham, desde logo o amor próprio, depois foi atacar em toda a linha, apoderando-se de salários, diminuiu direitos sociais e do trabalho, dias de férias, feriados, e aumentando tudo o que podia penalisar os indefesos cidadãos, aumentou impostos, horários de trabalho, e condenou muitas famílias a perdas de rendimento tão expressivas e abruptas que deu origem à falência de muitas pequenas empresas e levou à insolvência com perda de casas e outros bem muitas famílias.
Mais tarde percebeu-se que a insensibilidade de Passos foi tão grande que exigiu mais aos portugueses do que as próprias instituições internacionais exigiam. E foi provocante; chamou piegas aos portugueses, disse que se lixassem as eleições, ousou atacar o acto que marcou o começo do declínio de Cavaco Silva, a terça-feira de Carnaval. Isto é, foi desumano, provocxador, acintoso.
Depois se percebeu que afinal tomou o gosto do poder e não mostrou indiferença pelos resultados do plebiscito nas legislativas seguintes.
Eu já venho escrevendo faz muitos meses que cada dia que Passos Coelho continua na chefia do PSD com o seu staf medíocre - Relvas, Matos Rosa, etc... - é a alegria nas hostes adversárias. Ninguém precisa se esforçar para ganahr nada, Passos se encarrega de perder. Basta estar na liderança do PSD. Desta vez, perdendo de modo humilhante as autárquicas, não se demite, o poder é uma ilusão e desapegar da realidade não é para todos, mas adia, pretende ganhar tempo. Creio que o Governo esfrega as mãos, com uma oposição assim a maioria absoluta parece garantida.
Por outro lado, o CDS se conseguir libertar-se do colete de forças em que se encontra desde que nasceu - partido de uma elite intelectual e dos grandes agricultores - quando descobrir como tocar todos os cidadãos e libertar-se do seu espartilho, pode aproveitar o declínio assustador do PSD.
O CDS pode estar ainda preso a realidades que não são do nosso tempo, mas ultrapassa em larga medida o PSD no trato social e na convivência. É um partido com mais sabedoria, com mais tolerância, com gente que deseja um mundo mais justo, e sobretudo, não revela os incomodativos e perigosos tiques de arrogância, prepotência, esquecvimento da moral, da ética, dos valores que o PSD sempre não consegue disfarçar quando tem poder.
Uma direita com princípios da democracia cristã - nunca liberal - com valores morais que Cristo ensinou, solidariedade, igualdade, respeito pelos direitos de todos, o homem como centro do mundo e não peça de uma engrenagem que serve competrividades, estabilidades, desenvolvimento e outras falácias, colocarão este partido na senda do crescimento que merece efectivamente ter no espectro partidário português.
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