Nem todos os médicos são canalhas. Nem todos vivem numa lixeira moral onde se banham em ódios, rancores, jogos de poder, perseguições, tiranias, prepotências, ilegalidades e para conseguir a sua cobarde satisfação de se sentirem grandes arrasam seja de que jeito for os mais fracos. Nem todos os médicos são desumanos. Nem todos os médicos violam a lei e desviam o poder que o estado lhes deu para o bem comum abastardando-o em actos mesquinhos, reles, contra a moral, a ética e a sua própria deontologia, para seu próprio gozo e contentamento. Nem todos os médicos são irrecionais. Nem todos maltratam os doentes, brincam com eles, os apequenam e contra as suas dignidades atentam.
A diferença entre os médicos e as demais profissões reside numa força impressionante que os projecta acima das leis e o torna impunes. Nem todos particam actos reprováveis, nem todos têm as mesmas ideias, mas quando algum é alvo de um ataque exterior, imediatamente a força corporativista se mostra unida e nada - ou raramente sucede - consegue em termos práticos. As verdades são ocultas, passam a segredos que o tempo apaga. Os actos graves são tornados num toque de mágica por naturalidades, acontecimentos, o que tinha de ser. E em cadeia, uns após outros utilizam duas armas, o silêncio - não sabe, não comenta - ou a cumplicidade e a conivência ocorrem, afinal ajudo hoje e serei ajudado amanhã.
Por isso, na Unidade de Saúde Pública de Portalegre, a Excelentíssima Senhora Presidente das Juntas Médicas de Incapacidade e Autoridade Distrital de Saúde, e os seus pares, o Delegado de Saúde de Monforte e o Delegado de Saúde de Fronteira, por via de intrigas da Delegada de Saúde de Portalegre que anos atrás quando foi minha chefia no Centro de Saúde de Portalegre me perseguiu sem qualquer motivo que fosse pelo menos visível, me vieram a fazer uma Junta Médica absolutamente irracional, criminosa e absurda. Procuraram provocar-me o dano que efectivamente conseguiram.
Desse acto ainda aindei a ser enganado por Sua Excelência. O facto de estarem, acostumados a "aldrabar as juntas médicas e os doentes" já lhes tinha dado muita experiência num campo onde fui obrigado a descer e onde, obviamente não tinha condições de ganhar. Andaram a enganar-me meses, mandaram-me arranjar novos documentos, foram ardilosos, astutos e canalhas. Mais tarde alegaram que nada tinha sido assim. O recurso à mentira tão utilizado pela classe política para chegar ao poder, é naturalmente copiado pelo séquito de pequenos poderes sem qualquer moralidade, ou honradez.
E, depois de reclamar no Livro Amarelo, mais de 20 meses depois tenho tentativas coxas para me calar com decisões de órgãos incompetentes, e até do Director-Geral de Saúde, que não assina, mas a Subdirectora-Geral, por motivos óbvios, que competente, levou todo o tempo do mundo sem proferir decisão, nem informando o Ministério Público quando aquele lhe pedia mensalmente dados, e finalmente responde quando o Senhor Francisco George se vai aposentar e vai de corrida para a reforma dourada da Cruz Vermelha. Uma resposta sem fundamentação, praticamente igual à que me respondeu a responsável pela Junta Médica e depois de consultada aquela. Hilariante.
Entretanto, escrevi a tudo o que é autoridade neste país. De nada vale. A cadeia hierarquica de decisão está nas mãos de médicos. Amigos. Onde está o direito? Onde está a Justiça? Onde estão as garantias dos cidadãos?
Por isso se percebe que entre os médicos se possa assistir ao mais absurdo que a nossa mente possa imaginar. Impunemente. Até o que abandona as consultas amparado por embriaguez, ao louco, ao que vai para o Centro de Saúde de camuflado como se fosse para a guerra das Malvinas, ao que dá consultas em calções como fosse exercer medicina na Etiópia, há de tudo o que a nossa imaginação possa criar. As reclamações de nada valem. O livro amarelo para médicos não tem nenhum efeito.
Os doentes, os pobres, os mais débeis estão completamente desprotegidos. Não há lei que os defenda.
Eu, tive o cuidado de explicar à Excelentíssima Presidente das Juntas Médicas que os danos que me causaram me estão as asfixiar. Luto há mais de dois anos. Perdi família e amigos. Estou falido. No fim do ano, estimo, abandono uma vida de 61 anos em que que cumpri os meus deveres de cidadão, recusando por dó de mim mesmo, e uma grande incompreensão pelo que se passa no mundo e na vida das gentes, a continuar, arrastando-me numa vida indigna, miserável, onde não irão faltar - para acabar perfeitamente o que começaram - por me adjectivar de irresponsável, louco, e outras coisas feias.
Este blogue será o testemunho de uma luta, que vou levar até ao último dia de vida. Vou ser incisivo, não tenho nada a perder. Se mais uma vítima vier a ajudar todos esses inocentes que são enganados, todos esses mais fracos que são pisados, todos esses doentes que miseravelmente são banidos dos seus direitos mais elementares, o que parece uma cobardia passa a ser um acto de amor, um último acto de rebeldia, um grito por justiça e uma irreverência eterna.
Aos bons médicos humildemente - conheço alguns - peço desculpa se algumas vezes, na emoção das batalhas os pareço esquecer, e parece mesmo que os coloco no saco dos que nada valem, dos que nem deviam exercer a profissão mas com a conivência de muitos ali continuam provocando danos nos doentes. Peço desculpa. Há gente boa entre os médicos.
Mas há canalhas a mais. Impunes. A brincar com a saúde dos doentes e a justiça.
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